23 de janeiro de 2018

Aru e Nibali inimigos? "Aprendi muito com o Vincenzo"

(Fotografia: Facebook UAE Team Emirates)
Fabio Aru prepara-se para uma nova fase da carreira depois de seis anos na Astana, durante os quais se tornou num dos mais respeitados ciclistas do pelotão, mas a quem falta dar seguimento à vitória na Vuelta em 2015, mas se tornar em mais do que um candidato a top dez ou pódio. Na UAE Team Emirates, o italiano quer definitivamente ser um candidato à vitória. Quer ser um grande vencedor como o amigo (e até conselheiro) Vincenzo Nibali. Numa recente entrevista, o ciclista de 27 anos falou sobre a sua relação com o compatriota e de como está a apontar aos Mundiais, à Vuelta e talvez ao Giro... ou ao Tour.

Com seis anos a separá-los, Aru ainda está longe do currículo que Nibali apresenta aos 33 anos. Ganhou as três grandes voltas, o Giro por duas vezes, tem duas vitórias em monumentos, ambas da Lombardia, sete etapas na Volta a Itália, cinco no Tour, ao todo 50 triunfos. Aru vai em nove, com uma Vuelta já ganha, mais duas tiradas, além das três no Giro. Os seus melhores anos foram 2014 e 2015, ainda que no ano passado tenho feito quinto no Tour, tendo até vestido a camisola amarela e ganho uma etapa. Porém, falta algo a Aru para dar o passo para um nível de triunfos que já era expectável ter alcançado com maior regularidade O italiano espera encontrar o que lhe falta na UAE Team Emirates, mas também, quem sabe, beneficiando dos conselhos de Nibali.

"Eu sei que muitos pensam que somos inimigos, mas, de facto, somos amigos, vamos pedalar juntos. Às vezes vamos aos jantares de família e passamos muito tempo juntos", contou Aru ao Corriere dello Sport. O italiano admitiu mesmo: "Aprendi muito com o Vincenzo. Para mim é uma motivação. Somos de dimensões diferentes, ele ganhou muito e para mim o Nibali é um objectivo, um ponto de chegada." Para já será a Volta a Espanha que poderá contar com os dois principais símbolos do ciclismo transalpino actual, pois Aru referiu que ainda não está decidido se irá à Volta a Itália, como inicialmente se previa. Nibali preferiu o Tour, já na UAE Team Emirates estará por decidir se a equipa levará todas as suas novas armas a França. Daniel Martin e Alexander Kristoff estão garantidos, mas Aru está a ser equacionado para assim aumentar a possibilidade de pelo menos um pódio em Paris. Numa visão mais portuguesa, continua-se sem saber que papel terá Rui Costa perante estes reforços de luxo.

Amigos, amigos, corridas à parte... Ou talvez não. Se durante todo o ano serão rivais, já nos Mundiais é possível que Aru e Nibali que tenham de trabalhar juntos em prol do título mundial. Quem será o líder? Será preciso esperar e ver como decorre a temporada, mas Aru não duvida que tanto Nibali, como ele próprio trabalharão na ajuda de quem for o número um. "Não quero parecer trivial e vou ser honesto, gostaria de fazer um bom Mundial, mas não disse que o queria para mim", afirmou, salientando ainda que, além dele e Nibali, Gianni Moscon e Diego Ulissi são outros ciclistas que podem muito bem estar em condições de lutar pela camisola do arco-íris. Não haverá dúvidas que a selecção italiana terá o potencial para ser uma das mais forte nos Mundiais de Innsbruck.

E não há entrevista que nas últimas semanas não inclua o tema Chris Froome. Tal como a maioria dos corredores, Aru apela a uma rápida conclusão do processo "para o bem do ciclismo". No entanto, abordou a vertente competitiva, longe do caso do salbutamol: "Honestamente não acho que ele seja imbatível. Nunca penso isso de ninguém. Mas ele é muito forte tanto na montanha, como no contra-relógio. É um incentivo tentar batê-lo."

Contudo, neste momento, nem Fabio Aru, nem nenhum ciclista sabe quando e onde irá poder enfrentar Chris Froome. Resta pensarem neles próprios e é isso que o italiano está a fazer, tendo estado a trabalhar no contra-relógio, vertente que admitiu precisar de melhorar. A estreia de Aru pela UAE Team Emirates está marcada para 21 de Fevereiro, no arranque da Volta a Abu Dhabi. Para a nova equipa será estar a correr em casa e com a responsabilidade de ter o vencedor em prova, Rui Costa, que estará ao lado do italiano. Aru segue para o Tirreno-Adriatico, Milano-Sanremo, Volta à Catalunha, Volta ao Alpes e Liège-Bastogne-Liège.

Quanto ao amigo Nibali, começou a temporada com problemas de estômago que o afastaram da Volta a San Juan. A viagem à Argentina foi em vão, pelo que o italiano da Bahrain-Merida alterou os seus planos. O início de temporada foi adiado para 13 de Fevereiro, na Volta a Omã. Irá cruzar-se com Aru na Milano-Sanremo e Liège-Bastogne-Liège, mas pelo meio fará a Volta a Flandres. É difícil esconder que Nibali quer ganhar mais um monumento, além da Lombardia. A pensar na Volta a França, irá estar no Critérium du Dauphiné.


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