(Fotografia: © Trek-Segafredo) |
Numa semana marcada muito marcada pela queda de Chris Froome e pela sanção a Juan José Cobo que lhe deverá custar a vitória na Vuelta de 2011, quase passou despercebida uma decisão radical de Jarlinson Pantano. Suspenso por suspeita de utilização de EPO, o colombiano não quer lutar contra a UCI e colocou um ponto final na sua carreira. Na conferência de imprensa, o agora antigo ciclista não segurou as lágrimas enquanto agradecia o apoio que tem recebido, mas também reiterou a sua inocência.
No dia antes da conferência, numa entrevista publicada no site LAFM, Pantano afirmou: "Não sei como entrou no meu corpo. Há coisas que não se enquadram. Não dei positivo em nenhum dos controlos que fiz e tenho mais de 60 no passaporte biológico." A UCI anunciou a suspensão provisória do colombiano a 15 de Abril e Pantano pouco falou desde então. "Estou um pouco mais tranquilo, mas é uma situação incómoda e a vida mudou muito. Nunca pensei terminar a minha carreira assim. Foi um processo difícil. Sou inocente", salientou. Explicou ainda que não falou antes porque estava a preparar a luta que tinha pela frente.
No entanto, a poção acabou por ser um ponto final na carreira aos 30 anos. "Decidi não continuar a luta contra a UCI, porque a minha defesa custa muito e já perdi o meu lugar na equipa", referiu. Apesar de ter quase de dois anos de contrato com a Trek-Segafredo, estava também suspenso da equipa e uma eventual condenação resultaria no imediato despedimento. Pantano realçou que está de "consciência tranquila" e recordou que não é segredo que sofreu alguns problemas de saúde e que já este ano lhe tinham diagnosticado "outros vírus".
Contratado em 2017 para a equipa americana, Pantano era visto como tanto um potencial gregário de luxo para Bauke Mollema, como um ciclista que eventualmente pudesse ter a sua oportunidade. Porém, não atingiu o nível demonstrado no Team Colombia e depois nas duas épocas na IAM Cycling. Pela equipa suíça venceu uma etapa na Volta a França em 2016. No currículo junta numa etapa na Volta à Suíça nesse mesmo ano e em 2018 passado conquistou uma na Volta à Catalunha, na melhor demonstração que teve ao serviço da Trek-Segafredo.
Esta temporada era apontado para estar ao lado de Richie Porte, mas começou o ano discreto e a sua última corrida terminou com um abandono logo na primeira etapa, na Volta à Catalunha. Despede-se com um título nacional de contra-relógio em 2017 e com uma colecção interessante de segundos lugares, sendo um daqueles ciclistas conhecidos por esse estigma.
Pantano foi um daqueles talentos colombianos que nunca se chegou a ver todo o seu potencial e sai pela porta mais pequena do ciclismo, numa altura em que a Colômbia tem estado em alta pelo melhor e pelo pior. Tem uma nova geração tão prometedora, sem esquecer aquela já de créditos confirmados, como é o caso de Nairo Quintana e Rigoberto Uran. No entanto, em pouco tempo, o doping voltou a manchar a reputação do país e o adeus de Pantano segue-se à despedida da Manzana Postobón.
A equipa Profissional Continental que quis ser o trampolim dos ciclistas colombianos para o World Tour e limpar a imagem da modalidade daquele país, sucumbiu a dois casos de doping dos seus corredores, sem esquecer que Juan Sebastián Molano, contratado esta época pela UAE Team Emirates, foi suspenso pela equipa após resultados anómalos detectados em testes realizados internamente.
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