25 de junho de 2019

Finalmente a merecida medalha

(Fotografia: © Movistar Team)
"Resultado que me faz ir sonhando." Foi assim que Nelson Oliveira reagiu a uma medalha há muito merecida e que agora se espera que seja apenas a primeira. A prata pode ter colocado o português como o segundo melhor da Europa nos campeonatos que se estão a realizar em Minsk, mas este ciclista é um dos melhores do mundo em contra-relógio e só foi batido por um que já vestiu a camisola do arco-íris na especialidade.

Aos 30 anos, Nelson Oliveira quebrou uma espécie de enguiço. Somou top dez em Mundiais, Europeus e Jogos Olímpicos, mas faltava-lhe a medalha que há dois anos, nos Mundiais de Bergen, ficou a sete segundos de distância, com Chris Froome a ficar com o bronze. Desde que passou ao escalão de elite, que Oliveira comprovou que era um contra-relogista de topo, mas faltava um pódio, como os que somou nas camadas jovens: vice-campeão mundial de contra-relógio em 2009, terceiro no europeu de contra-relógio no mesmo ano, tendo ainda sido vice-campeão europeu de fundo.

Mas aí está a primeira medalha de elite, mais do que merecida, isto a nível internacional, pois já soma quatro títulos nacionais. Era um objectivo da temporada. Alcançar finalmente um grande resultado na sua especialidade. Uma vitória é o que procura e uma medalha de prata a este nível é uma conquista. Mas Nelson Oliveira quer mais. A nível de selecção será em Yorkshire que vai tentar o pódio nuns Mundiais, sendo sempre um candidato a lugar mais alto. Outro dos objectivos é vencer um contra-relógio numa grande volta, com a camisola da Movistar, a sua equipa.

Num percurso de 28,6 quilómetros, essencialmente plano, que nem é o preferido do ciclista de Anadia, Oliveira foi melhorando com o decorrer do contra-relógio. 33:31 minutos foi o tempo de Nelson Oliveira, mais 28 segundos que Vasil Kyrienka. Aos 37 anos, o bielorrusso não desperdiçou a oportunidade única de ser campeão europeu em casa, juntando assim este título ao conquistado nos Mundiais de Richmond, em 2015.

A sua carreira ficou marcada pelo trabalho de gregário, sendo uma autêntica locomotiva a impor ritmo. Numa altura em que vai perdendo estatuto na Ineos, Kyrienka demonstrou que quem sabe, não esquece, ele que sempre foi forte nesta especialidade.

Claro que se poderá sempre dizer que em Minsk não estiveram a maioria dos principais nomes. O calendário dos Europeus, numa altura tão importante da temporada, com a Volta a França à porta, acaba por não atrair muitas figuras. E há que não esquecer que esta é apenas a quarta edição em que os profissionais puderam participar nos Europeus, pelo que ainda está a construir o seu prestígio.

Importa quem esteve e Nelson Oliveira esteve e muito bem, ao melhor nível, ao seu nível, depois de ter sido 10º na prova de fundo, o melhor português. Está em boa forma, pelo que há que esperar que consiga convencer os responsáveis da Movistar a chamá-lo para o Tour, já que regressar à corrida francesa era também um dos seus principais objectivos para 2019.

O checo Jan Barta ficou com a medalha de bronze, com Ryan Mullen a ficar certamente desiludido. Um segundo separou os ciclistas, com o irlandês a ser um dos jovens talentos a emergir na especialidade, praticamente sem rival no seu país e que há um ano tinha precisamente conquistado o bronze nos Europeus.

De referir que Portugal soma nove medalhas nos Europeus de Minsk: quatro de bronze, quatro de prata e uma de ouro, esta conquistada no atletismo por Carlos Nascimento, o mais rápido nos 100 metros.

Quanto a Nelson Oliveira, a prata fá-lo continuar a sonhar. E não é o único!


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