12 de junho de 2019

Froome está fora da Volta a França

(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
Foi um choque generalizado. Chris Froome está fora da Volta a França. Mais do que falhar a oportunidade de tentar conquistar um histórico quinto Tour, o britânico ficou gravemente ferido numa queda durante o reconhecimento do contra-relógio no Critérium du Dauphiné. Dave Brailsford, o director da Ineos, confirmou a ausência do seu líder da corrida que arrancará a 6 de Julho, em Bruxelas. Desabafou ainda que vai demorar algum tempo até Froome estar de regresso à competição, sendo prematuro falar da Volta a Espanha. 

Froome fracturou o fémur, o cotovelo direito e as costelas, mas não só, segundo o médico da Ineos. O ciclista circulava a uma velocidade de cerca de 60 quilómetros/hora em Roanne quando caiu, com Brailsford a explicar que o britânico "tirou a mão do guiador para limpar o nariz" quando uma rajada de vento "levou" a roda da frente. Froome terá embatido contra um muro. Uma ambulância de apoio a corrida estava próxima do local e o ciclista foi rapidamente assistido, sendo transportado de helicóptero para o hospital.

"O Chris foi levado para o Hospital de Roanne, onde os exames preliminares confirmaram vários ferimentos, os mais destacados a fractura no fémur e cotovelo direito. Ele também sofreu fracturas nas costelas", explicou Richard Usher. O médico da Ineos acrescentou que Froome estava a ser transportado de helicóptero para o Hospital Universitário de St. Etienne.

O acidente ocorreu 24 horas depois de Brailsford dizer que a Ineos iria apoiar totalmente a busca de Froome pela quinta vitória no Tour, que colocaria o britânico ao nível dos recordistas Eddy Merckx, Bernard Hinault, Jacques Anquetil e Miguel Indurain. Depois de um 2019 discreto, Froome estava a dar as primeiras indicações de boa forma no Critérium du Dauphiné.

Pela segunda grande volta consecutiva, a Ineos perde o seu líder pouco antes do início da prova. Egan Bernal caiu e fracturou a clavícula num treino, o que o deixou de fora do Giro. O colombiano tem 22 anos e por mais desiludido que tenha ficado, não lhe faltarão hipóteses de lutar por vitórias. Para Froome o cenário é bem diferente. Tem 34 anos e longe de se poder de dizer que está velho para o ciclismo, o britânico sabe que não tem muito mais tempo pela frente, ainda mais com a nova geração a começar a aparecer, mesmo dentro da Ineos. Também por isso optou este ano por apostar tudo no Tour, abdicando de regressar a Itália. Não quis dividir a época como em 2018. Queria estar "fresco" para inscrever o seu nome na história da Volta a França. Terá de esperar mais um ano.

Para Froome o grande objectivo passará por recuperar fisicamente. Para a Ineos o objectivo passará por refazer a estratégia para o Tour. Geraint Thomas terá de ser a aposta principal. Merece, sendo ele o último vencedor e um ciclista de tanta qualidade, com capacidade de liderança. Se há um ano não teve o apoio total da equipa desde o início, agora será diferente, ainda que não seja de excluir um plano B chamado Egan Bernal.

Brailsford tinha apontado que o colombiano iria ajudar Froome a pensar numa futura liderança. Bernal é um ciclista que respeita profundamente as hierarquias e também por isso vai conquistando o respeito dentro da estrutura, mas se a oportunidade surgir, será lançado na frente. Se assim for não se poderá falar em partilhas de lideranças, mas sim numa táctica que poderá "atrapalhar" os rivais.

A Ineos perdeu o seu capitão, mas irá ao Tour com a mesma capacidade dominadora a que tanto habituou como Sky. Thomas tem a escola toda da estrutura britânica. Mas claro, já se começa a projectar uma Volta a França diferente, com os rivais a talvez serem mais afoitos sem um Chris Froome a intimidar.

Ainda é cedo para discutir tácticas. Para já a reacção foi mesmo de choque por parte do restante pelotão e a expectativa é saber quanto tempo irá demorar Chris Froome a regressar e se o irá conseguir fazer na máxima força. Que seja o mais rapidamente possível e a 100%.

Esta será a primeira vez que Froome falhará a sua corrida de eleição desde 2012, quando foi segundo, atrás do companheiro Bradley Wiggins. Venceu em 2013, 2015, 2016 e 2017. Abandonou devido a queda em 2014 e foi terceiro no ano passado atrás de outro colega de equipa, Geraint Thomas, e Tom Dumoulin (Sunweb). A sua estreia foi em 2008, com um 83º lugar. Soma ainda sete vitórias de etapas na Volta a França.


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