27 de junho de 2019

"Nas primeiras corridas começa-se a pensar duas vezes, mas o lema é nunca desistir"

Dar o salto directamente de uma equipa de juniores para uma profissional, nem foi uma decisão difícil de tomar. Já adaptar-se ao ritmo do pelotão de elite, foi outra história. As primeiras corridas não foram fáceis para Ruben Simão, um dos três juniores que o Sporting-Tavira foi buscar à sua formação. Agora, já está mais adaptado, mas não esconde o choque inicial. O jovem de 18 anos está muito satisfeito com a experiência que está a viver, pois o director desportivo Vidal Fitas não tem exigido demasiado do corredor, deixando que prossiga a sua fase de evolução sem pressão.

"Considero que está a ser uma óptima experiência. Numa equipa profissional aprendemos muito com os ciclistas mais experientes, mas sim, é um salto bastante grande. Notei isso logo nas primeiras corridas! O nível competitivo é muito elevado e nós [juniores] não estamos habituados nem a metade disto", admitiu ao Volta ao Ciclismo. Quando chegou o momento de deixar o Sporting/Tavira/Formação Eng. Brito da Mana e escolher entre uma equipa de clube ou ir directamente para uma profissional, ponderou o seu futuro, mas sem perder muito tempo em fazer a escolha. "O que acabou por me seduzir foi já estar na equipa, ainda que nos escalões de formação. Esta é uma equipa profissional... E ter o nome Sporting... É uma das melhores equipas em Portugal, por isso, aceitei prontamente o convite. Estava ciente que ia ser difícil, mas estou cá para lutar!"

O corredor, de 18 anos, realçou que não pensa estar a saltar uma fase importante na formação como ciclista por não ter ido para uma equipa sub-23 e explicou porquê: "Aqui estou a cumprir essa fase. Em Portugal não há muitas equipas para sub-23 e esse foi um dos aspectos que ponderei, porque sabia que ia correr com os profissionais. Ficar numa equipa profissional ou sub-23 ia ser praticamente a mesma coisa." E claro, estando no Sporting-Tavira está a mostrar-se directamente aos responsáveis de uma das principais estruturas do ciclismo nacional. Além disso, está a ter a oportunidade de pedalar lado-a-lado com atletas que se habituou a ver na televisão, como Tiago Machado, por exemplo, e frisou como todos os mais experientes do Sporting-Tavira estão sempre prontos a dar conselhos para ajudar os mais novos.


"A maior dificuldade era que rapidamente ficava para trás. Não estava preparado para o ritmo"

Não hesita em agradecer por estarem a dar-lhe liberdade para evoluir, ainda que não signifique que não tenha responsabilidades. Pedem-lhe principalmente que termine as corridas, mas numa altura da temporada em que já está mais adaptado ao ritmo do pelotão, já vai tentando ajudar os colegas. "Senti bastante dificuldades, principalmente nas primeiras quatro corridas. Foi necessário ser forte psicologicamente. A maior dificuldade era que rapidamente ficava para trás. Não estava preparado para o ritmo", desabafou. "Nas primeiras corridas começa-se a pensar duas vezes, mas o lema é nunca desistir", acrescentou.

Ruben Simão, um trepador em perspectiva, explicou como fisicamente já nota a diferença, até porque, além das corridas, também os treinos são mais exigentes. Contudo, há outro aspecto importante que agora já domina bem melhor: "Nas primeiras corridas nem conseguia comer e beber e agora já consigo fazer isso melhor. Faço melhor essa gestão." Prova de Abertura Região de Aveiro, Clássica da Arrábida, Clássica Aldeias do Xisto, Troféu O Jogo, Memorial Bruno Neves, Grande Prémio Anicolor e Grande Prémio Abimota. O jovem ciclista não tem qualquer razão de queixa quanto ao tempo de corrida que tem tido. Seguem-se os Nacionais (realizam-se entre esta sexta-feira e domingo, em Melgaço), talvez o Troféu Joaquim Agostinho, para depois pensar num dos grandes objectivos da temporada, a Volta a Portugal do Futuro. "Quero lutar e se ficar no top 15 será muito bom visto ser o primeiro ano de sub-23", afirmou.

Natural de Olhão, Ruben Simão está dedicado ao ciclismo, mas vai regressar aos estudos no próximo ano lectivo. Quer entrar na universidade, sabendo que terá de gerir de outra forma do seu tempo. "Terei de saber conciliar, mas acho que vou conseguir", disse, salientando que tem de estar preparado para quando o ciclismo acabar.

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