9 de junho de 2019

Nibali dá início à dança dos líderes

(Fotografia: Giro d'Italia)
Transferência confirmada, ainda que não oficializada. O regulamento dita que os novos contratos só o sejam a partir de 1 de Agosto, mas muitos ciclistas procuram ter o seu futuro decidido o mais cedo possível. A já esperada e muito falada mudança de Vincenzo Nibali para a Trek-Segafredo como que abre a dança de líderes que poderá assistir-se este ano. São vários os corredores em final de contrato e alguns não se importariam nada de mudar de ares.

Massimo Zanetti, o dono da Segafredo, confirmou à Gazzetta dello Sport um rumor há muito conhecido, ainda que por parte da equipa e do ciclista é provável que se espere por Agosto para não desrespeitar o regulamento da UCI. Contudo, além de não ser surpresa nenhuma esta mudança da Bahrain-Merida para a Trek-Segafredo - e deverá levar o irmão, Antonio, com ele -, será provavelmente apenas a primeira grande transferência entre voltistas. Finalmente a equipa americana, com o segundo patrocinador italiano, terá a referência daquele país no plantel. Giulio Ciccone há-de lá chegar, mas sem dúvida que Nibali é a principal estrela do ciclismo transalpino. Fica a dúvida que papel terá Richie Porte, que tem contrato até 2020, mas vai sentir a pressão para manter o seu estatuto se continuar sem resultado digno de nota numa grande volta.

Há uns quantos nomes entre este tipo de ciclista que estão em final de contrato. Nairo Quintana à cabeça, juntamente com Mikel Landa e Richard Carapaz da Movistar. O director da equipa, Eusebio Unzué, já admitiu que não poderá ficar com todos e Carapaz tornou-se na prioridade de renovação, após ganhar o Giro. Apesar de uma alegada oferta de 1,5 milhões de euros por ano da Ineos, o equatoriano quer ficar na equipa espanhola e Unzué ter-lhe-á oferecido-lhe um contrato bem simpático, ainda que não chegue aos valores da Ineos. Deverá ser o suficiente para o convencer.

Mikel Landa é uma incógnita. Era uma antiga paixão de Unzué, que finalmente conseguiu contratá-lo em 2018. No entanto, não tem sido uma relação profícua. Além do mais, Enric Mas é pretendido, com a Deceuninck-QuickStep a enfrentar uma missão difícil em manter o espanhol. A Movistar tem o género de equipa que Mas precisa para lutar por uma grande volta, contudo, Patrick Lefevere prometeu a Mas que contrataria ciclistas para o ajudarem se renovasse. Ainda se está à espera da decisão de Mas, com Julian Alaphilippe a já ter renovado pela equipa belga, para alívio de Lefevere, ainda que o francês não seja um voltista. Ainda...

Se a Movistar avançar para Mas, será difícil Landa ficar. A Bahrain-Merida está de portas abertas para receber o ciclista espanhol. A contratação de Rohan Dennis não dá qualquer garantia para as grandes voltas, pelo que garantir Landa agora que está confirmado que Nibali vai mesmo deixar o projecto que muito contribuiu a dar vida, poderá ser essencial.

A Astana também não se importaria de recuperar Landa, ainda mais se for verdade o rumor que a Movistar está a tentar seduzir Jakob Fuglsang. Alexander Vinokourov não fez segredo que quando Landa acabou contrato com a Sky, que gostaria de ter o espanhol agora no papel de líder, depois de ter sido um gregário de luxo. A ver vamos se há nova aproximação.

E quanto a Quintana, as performances abaixo do esperado, tal como os resultados muito aquém do desejado depois de ter ganho um Giro e uma Vuelta, têm baixado o valor do colombiano de 29 anos. A maior interessada parece ser a Arkéa Samsic, equipa do escalão Profissional Continental. Por lá está Warren Barguil e André Greipel, mas nenhum está sequer perto do ciclista que foi em tempos recentes. Um bom resultado no Tour e principalmente exibições convincentes e não apenas esporádicas são muito necessárias se Quintana quiser alargar o leque de opções. Ficar na Movistar parece ser uma miragem, até porque a relação com Unzué de próxima tem muito pouco ou mesmo nada.

Mas há mais nomes no mercado, ou seja, em final de contrato. E praticamente todos bem precisam de um bom resultado para terem mais poder para negociar renovações ou com uma nova equipa.

Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin) venceu uma etapa no Giro, mas voltou a desiludir na luta pela geral; quase nos esquecemos que Louis Meintjes regressou a uma Dimension Data onde outrora foi tão feliz; Johan Esteban Chaves, esse sim, recuperou a felicidade ao ganhar uma tirada no Giro e é provável que renove com a Mitchelton-Scott; a Tejay van Garderen bem teria dado muito jeito ganhar a Volta à Califórnia, pois a EF Education First pode estar a dar-lhe a última oportunidade, ainda que vá ter de ser gregário no Tour; a George Bennett também não lhe faria mal nenhum mostrar-se um pouco mais, mas é uma das peças importantes que a Jumbo-Visma não deverá deixar sair.

Daniel Martin também está com o contrato nos últimos meses. A UAE Team Emirates confia no irlandês, mas a verdade é que Tadej Pogacar não vai ficar muito mais tempo longe das grandes voltas e já não restam dúvidas que está ali um líder, apesar de ter ainda 20 anos.

Outros nomes a ter em conta para as grandes voltas, talvez não tanto como líderes, mas sempre valiosos, são Pello Bilbao (Astana), Domenico Pozzovivo (Bahrain-Merida), David de la Cruz, Wout Poels e Iván Ramiro Sosa (Ineos) estão todos com o contrato a terminar, tal como Tiesj Benoot. O belga da Lotto Soudal ainda não é um voltista por excelência, mas na sua estreia e logo no Tour (2017), foi 20º. Tem apostado mais forte nas clássicas, mas talvez possa pensar mais nas três semanas num futuro próximo. Ainda só tem 25 anos.

Este domingo arrancou o Critérium du Dauphiné, numa espécie de início de contagem decrescente para a Volta a França (de 6 a 28 de Julho) - Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) foi o vencedor da primeira etapa. Muitos ciclistas preferem ter o seu futuro decidido antes do Tour, mas desta feita, serão vários corredores que poderão estar jogar o seu futuro na grande volta francesa, principalmente no que diz respeito a ter maior ou menor poder de negociação, dependendo do resultado.

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