(Fotografia: Giro d'Italia) |
Recuamos uns dias, até 25 de Maio, a 14ª etapa. Primoz Roglic fez tudo para que Carapaz vestisse a rosa, para não ser ele e a equipa, Jumbo-Visma, a ter a responsabilidade de controlar a corrida. Landa andava a tentar recuperar o terreno perdido da primeira semana. Era o espanhol que era visto como líder da Movistar. Naquele dia, tudo mudou, ainda que só mais tarde se tivesse percebido a importância daquela etapa. A Movistar uniu-se em torno do seu líder de rosa. E até Landa rendeu-se às evidências que tinha de ser um braço-direito, ainda que pudesse beneficiar de tal para tentar chegar a um pódio.
(Fotografia: Giro d'Italia) |
Ainda alguém se lembra que Alejandro Valverde foi considerado uma das grandes ausências, antes do Giro começar? Até parece mal falar assim deste ciclista, o campeão do mundo. Mas a verdade é que a Movistar funcionou em pleno sem Valverde. Carapaz foi perfeito. Foi regular, o factor mais importante nesta Volta a Itália. Defendeu-se nos contra-relógios, geriu o esforço na montanha, atacou nos momentos certos, protegeu-se quando assim tinha de ser. Ainda apanhou um susto logo no início, mas depois foi sempre a melhorar. E há que não esquecer que venceu duas etapas.
O menino de El Carmelo (Turcan, na província de Carchi) a quem roubaram a sua primeira bicicleta, que tinha os pais a trabalhar arduamente no campo enquanto Carapaz sonhava alto. O ciclismo abriu-lhe as portas do mundo e Carapaz foi a Itália colocar o Equador definitivamente no mapa da modalidade aos 26 anos. Diz que quer ser um exemplo para as crianças, quer que todas tenham um sonho e que lutem por ele. Agora, mais do que nunca, tornou-se numa referência, num ídolo do país e muito além fronteiras.
(Texto continua por baixo da fotografia)
(Texto continua por baixo da fotografia)
(Fotografia: Giro d'Italia) |
"Há 21 dias ninguém contava comigo como favorito. Ninguém acreditava que eu o conseguiria fazer", disse no final do Giro. Verdade! Mas agora passa-se a acreditar que tudo é possível para este talentoso ciclista. Agora o que mais se quer ver é como vai a Movistar gerir este corredor. Não é mais um ciclista de segunda fila. É um vencedor de uma grande volta.
Para Carapaz inicia-se uma nova fase na carreira. Há que comprovar que tem capacidade para continuar no topo. Há exemplos de quem fez sonhar tanto, mas acaba a desiludir. Pela Movistar há um colombiano nessa posição...
Mas Carapaz tem tempo para começar a pensar no próximo passo, no próximo objectivo. Agora é tempo de desfrutar e terá um Equador certamente à sua espera com uma recepção ainda mais memorável.
Contra-relógio final sem emoção esperada
(Fotografia: Giro d'Italia) |
Um prémio de consolação para Roglic, enquanto Landa já perdeu um pódio por um segundo, no Tour, pelo que não foi nada de novo. Pena aquela primeira semana e muita pena ser tão fraco no esforço individual. Ainda não foi desta para o espanhol.
Nibali foi segundo merecidamente. Talvez tenha-se concentrado de mais em Roglic. Ele que chegou a avisar que, perante a atitude passiva do esloveno, que se ele (Nibali) não pudesse ganhar o Giro, não "rebocaria" Roglic para este ganhar. Pois... nenhum ganhou.
Para Miguel Ángel López (Astana) a consolação veio em formato de camisola branca. Segunda vitória na juventude, mas soube a pouco para o colombiano. Contudo, depois de tanto azar - furo, avaria mecânica, adepto a atirá-lo ao chão -, não foi mau. Ficou ainda na sétima posição na geral, perdendo um lugar para Rafal Majka (Bora-Hansgrohe) no contra-relógio.
Giulio Ciccone (Trek-Segafredo) termina a Volta a Itália como uma das grandes figuras. Rei da montanha e vencedor de uma etapa. Este ciclista promete. Pascal Ackermann (Bora-Hansgrohe) estreou-se numa grande volta com duas vitórias de etapa e a camisola dos pontos. Excelente! A Movistar venceu a classificação colectiva e desta vez a tabela reflectiu mesmo a melhor equipa. Chad Haga venceu a derradeira tirada, com a Sunweb a sair do Giro com pelo menos um motivo para sorrir.
Para terminar, Amaro Antunes. Que Volta a Itália de emoções. Não começou nas melhores condições, com uma lesão a limitar-lhe a preparação. Mas o objectivo estava bem definido: tentar uma etapa. Porém, numa das reviravoltas do Giro, o algarvio viu-se no top dez. Acabaria a regressar ao plano inicial e foram 12 segundos que na 19ª etapa o separaram da estreia perfeita em três semanas. Foi terceiro e deixou boas indicações para quem nunca tinha corrida tanto tempo seguido. Corrida positiva para o português da CCC.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
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