(Fotografia: © Eric Houdas/Collection personnelle/Wikimedia Commons) |
Parecia ser impossível, mas Andrea Tafi até chegou a dizer que teria encontrado uma equipa que o recebesse para celebrar a 20º aniversário da sua vitória no Paris-Roubaix competindo novamente no mítico monumento. Nunca se soube que equipa seria essa, apesar de alguns nomes terem sido lançados publicamente, mas desmentidos. Ainda assim, Tafi teria a possibilidade de pedalar um pouco na edição do dia 14 de Abril, mas, afinal, vai mesmo assistir de fora. Uma lesão típica de ciclista acabou com o seu sonho. Enquanto profissional nunca tinha sofrido este problema.
"Talvez não estivesse destinado a correr no Paris-Roubaix por uma última vez. Incrivelmente esta é a minha primeira fractura", admitiu Andrea Tafi ao Cyclingnews. Aos 52 anos, o italiano continua a competir e numa corrida local, na Toscana, Tafi caiu e partiu a clavícula. Ainda com quase um mês até ao monumento francês, o ciclista até tem tempo para recuperar já que não teve de ser operado. Porém, não é por acaso que o Paris-Roubaix é apelidado de Inferno do Norte, pelo que os médicos aconselharam-no a não arriscar. O pavé poderá fazer mais estragos: "Se fosse uma corrida normal de estrada, poderia treinar nos rolos e ainda estar competitivo."
Tafi tenta levantar a cabeça perante a desilusão, admitindo que se sacrificou muito a treinar nos últimos cinco meses. "Estava preparado, mas agora, só posso lamber as feridas e olhar para o futuro. Não me arrependo de nada", disse. Acrescentou que, antes da queda, iria mesmo pedalar um pouco na 117ª edição do Paris-Roubaix. Como sem equipa não poderia competir, Tafi explicou que tanto a UCI, como a ASO, organizadora da corrida, tinham concordado que andasse uns minutos na frente do pelotão antes do arranque da prova.
Afastada que está a possibilidade de, aos 52 anos, competir no monumento que venceu em 1999, Tafi não escondeu que ficou sentido com as muitas críticas que ouviu quando anunciou que ia tentar entrar numa equipa para estar no Paris-Roubaix. Um dos mais duros nas palavras foi o antigo companheiro na Mapei-Quickstep Paolo Bettini: "Ao Andrea digo-lhe: espero que não corras. Precisas de fazer outra coisa na vida aos 52 anos." Até Patrick Lefevere - que conhece bem Tafi que representava a estrutura agora conhecida por Deceuninck-QuickStep -, admitiu não perceber a intenção do antigo ciclista.
A maioria das críticas centrava-se no facto de Tafi puder tirar o lugar a um ciclista mais jovem, caso alguma equipa lhe abrisse uma vaga. "Fiquei um pouco sentido porque nunca quis roubar a ribalta aos ciclistas actuais ou tirar o lugar a um ciclista mais novo. Só queria correr mais um dia e celebrar tudo o que há de bom no ciclismo e mostrar que podemos pedalar e competir mesmo depois dos 40 [anos]", salientou.
Tafi garante que, apesar da lesão, vai estar na partida do Paris-Roubaix para assistir ao início de uma corrida que sempre promete espectáculo. Quando recuperar da clavícula partida, voltará a andar de bicicleta, pois: "Amo o ciclismo."
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