Jonathan Lastra festejava de olhos bem arregalados. O espanhol não conseguia esconder o sentimento de alguma incredulidade quando cortou a meta em primeiro lugar na Clássica da Arrábida. Até vinha com intenção de discutir a corrida e alcançar finalmente uma vitória como profissional, mas ao consegui-lo, não estava a ser fácil acreditar. Numa corrida em que a W52-FC Porto apostava forte, foi Lastra (Caja Rural) quem com um ataque forte a dois quilómetros da meta começou a selar o destino de uma clássica muito intensa e que não desiludiu a nível de espectacularidade.
"Nem acredito! É a minha primeira vitória e é importantíssima", admitiu ao Volta ao Ciclismo. Com apenas 22 anos, o corredor de Bilbau foi chamado à equipa principal da Caja Rural, em 2016, depois de duas temporadas a evoluir na estrutura amadora. Até essa passagem ao profissionalismo, mostrou-se não só na estrada, mas também no ciclocrosse, vertente em que conquistou um título nacional como cadete e dois em sub-23. No entanto, é na estrada que está 100% concentrado nesta fase da carreira e tem sido um ciclista em evolução dentro da equipa. No época passada estreou-se na Vuelta, num momento que considerou então ser inesquecível. Agora, com 25 anos, veio a Portugal conquistar a sua primeira vitória como profissional.
"Terei mais responsabilidade [após este triunfo]", salientou, considerando que a importância da conquista da Clássica da Arrábida vai além de um sucesso pessoal, pois foi também a primeira vitória de 2019 para a equipa, que conta novamente com o campeão nacional português, Domingos Gonçalves (abandonou na Arrábida). "A partir de agora haverá ainda mais motivação na equipa para alcançar mais triunfos", disse Lastra.
Foi na segunda passagem pelo Alto da Serra, a 14 quilómetros do fim dos 185 que começaram em Palmela, que se deu o ataque que ditou aqueles que iriam discutir a terceira edição desta clássica internacional (categoria 1.1). Julen Amezqueta e Jonathan Lastra (Caja Rural-Seguros RGA), Raúl Alarcón e João Rodrigues (W52-FC Porto), David de la Fuente (Aviludo-Louletano), Alexander Vdovin (Lokosphinx) e James Fouché (Team Wiggins-LeCol) deixaram a concorrência para trás.
Com Amezqueta a assumir grande parte das despesas a dois mil metros da meta, Lastra, mais fresco (dentro do possível depois de uma corrida que incluiu dois troços de terra batida) arriscou e levou com ele Vdovin. O russo queria repetir o feito de Dmitry Strakhov, ciclista da Lokosphinx que venceu há um ano, estando agora na Katusha-Alpecin. Na subida até ao Castelo de Sesimbra, Lastra foi mais forte nos 500 metros que o separavam de uma vitória que não esquecerá.
Se o rosto de Lastra era o de um ciclista a tentar saber lidar com a felicidade do momento, já os de Raúl Alarcón e João Rodrigues eram o exemplo da desilusão. A W52-FC Porto apostou forte na Clássica da Arrábida, mas ainda não foi desta que os ciclistas de Nuno Ribeiro abriram a lista de vitórias no ano de estreia como Profissional Continental.
O pódio foi 100% espanhol, com David de la Fuente (Aviludo-Louletano) a ficar em terceiro a 14 segundos, atrás de Alarcón (a 10), com João Rodrigues a fechar na quarta posição e a ficar com classificação da montanha. A Caja Rural colocou ainda mais dois ciclistas no top dez, Julen Amezqueta (sétimo) e Gonzalo Serrano (oitavo), o que ajudou à conquista da classificação por equipas. O neozelandês James Fouché, que há um ano foi segundo na Arrábida, terminou no quinto lugar, sendo o melhor sub-23.
Lastra e Fouché lideram a Taça de Portugal em elites e sub-23, respectivamente
© João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo
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Amaro Antunes, Dmitry Strakhov e agora Jonathan Lastra fazem parte do historial de uma Clássica da Arrábida que contou com o pelotão mais internacional da sua curta existência, mas quer continuar a crescer a consolidar-se como uma competição de referência.
Quanto à Taça de Portugal, o vencedor será conhecido na terceira e última corrida, a Clássica Aldeias do Xisto, que em 2019 realiza-se mais tarde do que tem sido habitual, no feriado de 1 de Maio. Os ciclistas seguem agora para a Volta ao Alentejo, que decorre entre quarta-feira e domingo, com um pelotão idêntico ao que esteve presente na Clássica da Arrábida, mas sem as equipas de clube portuguesas.
Classificação completa, via ProCyclingStats.
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