De forma calma e minuciosa João Rodrigues tem sido preparado para um lugar de destaque. Com apenas 18 anos chegou a uma equipa profissional, pela mão do Tavira, e aos 21 estreou-se na Volta a Portugal. Na W52-FC Porto não passou despercebido o potencial deste jovem algarvio e foi contratado em 2016. Começou discreto e de ano para ano ia tendo uma ou outra oportunidade. Evoluiu na montanha e em 2018 ficou claro como o contra-relógio se tinha tornado em algo essencial no seu treino. Rodrigues tomou de assalto uma Volta a Portugal ganha por Raúl Alarcón, mas que foi inevitável falar do excelente trabalho que este ciclista tinha. De revelação a confirmação. Rodrigues já não está mais preso apenas a trabalho de gregário. É mais uma aposta que, aos 24 anos, já tem uma Volta ao Alentejo no currículo. Será ele o sucessor de Alarcón?
Com o espanhol a ter o estatuto de líder para a Volta a Portugal, esta equipa tem como génese não apostar apenas num ciclista durante toda a temporada. Praticamente todos têm a sua oportunidade. Em 2019, João Rodrigues entrou nesse lote e não é por acaso. A W52-FC Porto tem vindo a prepará-lo para assumir cada vez mais responsabilidade sem, no entanto, colocar demasiada pressão. Mesmo nesta Volta ao Alentejo, Alarcón estava ali, preparado para disputar a vitória e fechou em terceiro. Mas o contra-relógio ditou Rodrigues como líder e, nas suas próprias palavras, a equipa fez uma bolha à sua volta na derradeira etapa, para o fazer chegar a Évora de amarelo em segurança.
Em Castelo de Vide ganhou então o contra-relógio, a sua primeira vitória como profissional. Em Évora, este domingo, conquistou a sua primeira corrida por etapas. E para continuar nas estreias, é a primeira vez que o FC Porto ganha a Alentejana e foram as primeiras vitórias da W52-FC Porto como Profissional Continental.
A entrada de João Rodrigues para a W52-FC Porto em 2016 pode tê-lo privado de participar em mais corridas. O próprio salientou isso numa entrevista, no ano passado, ao Volta ao Ciclismo. Porém, teve como benéfico a maturidade que rapidamente começou a ganhar. Em duas épocas na estrutura do Sobrado percebeu-se que o algarvio tinha tomado uma decisão correcta e que a sua evolução estava a transformá-lo num corredor muito interessante. Rodrigues destacou precisamente a importância da maturidade que ia ganhando dentro de uma equipa como a W52-FC Porto. 2018 foi o ano da afirmação, 2019 o início de um caminho que o pode levar muito mais longe.
É um ciclista calmo, modesto, sempre a falar no colectivo e não no individual. Mesmo após vencer a Volta ao Alentejo, foi para os colegas que dirigiu as primeiras palavras. A "bolha", como lhe chamou, em que o envolveram nos últimos 152 quilómetros da Alentejana, deixou Rodrigues de lágrimas nos olhos. Bem tentou esconder a emoção, mas era impossível.
Bom rolador, evoluiu na montanha e a Volta a Portugal acaba sempre por ser o maior exemplo disso mesmo, ele que regressou no ano passado a esta corrida depois da estreia em 2015. O contra-relógio era o seu calcanhar de Aquiles até 2018. Quase ganhou a etapa final da Volta em Fafe e quis o destino que fosse nesta vertente, que tanto vai melhorando, que celebrasse pela primeira vez como profissional. Trabalha todos os pormenores rumo a tornar-se um ciclista mais completo e não demorará muito a começar a assumir uma voz de comando. É para isso que está a ser preparado.
A W52-FC Porto vive o presente com Raúl Alarcón, que sucedeu a Gustavo Veloso, com Rui Vinhas a ter tido o seu momento, algo inesperado, é certo, mas que não desperdiçou. João Rodrigues está a demonstrar um perfil de líder em construção.
A questão poderá mais ser se permanecerá na equipa o tempo suficiente para assumir esse destaque, pois Rodrigues não passará despercebido a formações de outro nível. Se ficar, tem tudo para ser o sucessor de Alarcón numa W52-FC Porto que agora também pensa mais a nível internacional - vai estar na Volta a Turquia, entre 16 e 21 de Abril -, mas quando chegar a Agosto, o domínio da Volta é o objectivo principal. Para já, o estatuto do espanhol está intocável, mas aos 33 anos, é natural que seja necessário ter preparado o próximo líder e assim manter esta estrutura num ritmo de sucesso que deixa todas as restantes equipas portuguesas a tentar aproximar-se do seu nível.
João Rodrigues fechou a 37ª edição da Volta ao Alentejo com menos três segundos que Luís Mendonça. Agora na Rádio Popular-Boavista, foi uma subida ao pódio agridoce do vencedor da Alentejana em 2018. Contudo, para quem cerca de uma semana antes da corrida foi operado à mão, ainda a tentar recuperar da lesão contraída na queda na primeira etapa da Volta ao Algarve, Mendonça conseguiu ser novamente muito competitivo, ficando também perto de vencer etapas.
Alarcón foi terceiro a quatro segundos, com a W52-FC Porto a vencer por equipas. A Team Wiggins gosta de visitar Portugal e além de ganhar uma etapa por Gabriel Cullaigh, James Fouché ficou com a classificação da montanha. O norueguês da Uno-X, Tobias Foss ganhou a classificação da juventude e Enrique Sanz (Euskadi-Murias) conquistou em Évora a sua terceira vitória em seis etapas.
A próxima paragem no calendário nacional é o Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela, de 12 a 14 de Abril.
Volta ao Alentejo, etapas e camisolas
1ª etapa: Montemor-o-Novo - Moura (208,1 quilómetros)
Vencedor: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Líder da geral: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Montanha: Antonio Jesus Soto (Fundación Euskadi)
Pontos: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Juventude: Sergio Higuita (Fundación Euskadi)
Equipas: Euskadi-Murias
2ª etapa: Mértola - Odemira (182,8 quilómetros)
Vencedor: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Líder da geral: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Montanha: Antonio Jesus Soto (Fundación Euskadi)
Pontos: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Juventude: Sergio Higuita (Fundación Euskadi)
Equipas: Euskadi-Murias
3ª etapa: Santiago do Cacém - Mora (176,5 quilómetros)
Vencedor: Gabriel Cullaigh (Team Wiggins-Le Col)
Líder da geral: Gabriel Cullaigh (Team Wiggins-Le Col)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Gabriel Cullaigh (Team Wiggins-Le Col)
Juventude: Rhys Britton (Selecção sub-23 britânica)
Equipas: Euskadi-Murias
4ª etapa: Ponte de Sor - Portalegre (74,3 quilómetros)*
Vencedor: Sergio Higuita (Fundación Euskadi)
Líder da geral: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Juventude: Tobias Foss (Uno-X)
Equipas: W52-FC Porto
5ª etapa (contra-relógio): Castelo de Vide - Castelo de Vide (8,4 quilómetros)*
Vencedor: João Rodrigues (W52-FC Porto)
Líder da geral: João Rodrigues (W52-FC Porto)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Juventude: Tobias Foss (Uno-X)
Equipas: W52-FC Porto
6ª etapa: Portalegre-Évora (152 quilómetros)
Vencedor: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Líder da geral: João Rodrigues (W52-FC Porto)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Juventude: Tobias Foss (Uno-X)
Equipas: W52-FC Porto
Pode ver aqui a classificação completa, via ProCyclingStats.
(* As duas etapas realizaram-se no mesmo dia, sábado, 23 de Março)
»»Ausência da Volta ao Alentejo deixa equipas sub-23 a temer o futuro««
»»"Nem acredito! É a minha primeira vitória e é importantíssima"««
Com o espanhol a ter o estatuto de líder para a Volta a Portugal, esta equipa tem como génese não apostar apenas num ciclista durante toda a temporada. Praticamente todos têm a sua oportunidade. Em 2019, João Rodrigues entrou nesse lote e não é por acaso. A W52-FC Porto tem vindo a prepará-lo para assumir cada vez mais responsabilidade sem, no entanto, colocar demasiada pressão. Mesmo nesta Volta ao Alentejo, Alarcón estava ali, preparado para disputar a vitória e fechou em terceiro. Mas o contra-relógio ditou Rodrigues como líder e, nas suas próprias palavras, a equipa fez uma bolha à sua volta na derradeira etapa, para o fazer chegar a Évora de amarelo em segurança.
Em Castelo de Vide ganhou então o contra-relógio, a sua primeira vitória como profissional. Em Évora, este domingo, conquistou a sua primeira corrida por etapas. E para continuar nas estreias, é a primeira vez que o FC Porto ganha a Alentejana e foram as primeiras vitórias da W52-FC Porto como Profissional Continental.
A entrada de João Rodrigues para a W52-FC Porto em 2016 pode tê-lo privado de participar em mais corridas. O próprio salientou isso numa entrevista, no ano passado, ao Volta ao Ciclismo. Porém, teve como benéfico a maturidade que rapidamente começou a ganhar. Em duas épocas na estrutura do Sobrado percebeu-se que o algarvio tinha tomado uma decisão correcta e que a sua evolução estava a transformá-lo num corredor muito interessante. Rodrigues destacou precisamente a importância da maturidade que ia ganhando dentro de uma equipa como a W52-FC Porto. 2018 foi o ano da afirmação, 2019 o início de um caminho que o pode levar muito mais longe.
É um ciclista calmo, modesto, sempre a falar no colectivo e não no individual. Mesmo após vencer a Volta ao Alentejo, foi para os colegas que dirigiu as primeiras palavras. A "bolha", como lhe chamou, em que o envolveram nos últimos 152 quilómetros da Alentejana, deixou Rodrigues de lágrimas nos olhos. Bem tentou esconder a emoção, mas era impossível.
Bom rolador, evoluiu na montanha e a Volta a Portugal acaba sempre por ser o maior exemplo disso mesmo, ele que regressou no ano passado a esta corrida depois da estreia em 2015. O contra-relógio era o seu calcanhar de Aquiles até 2018. Quase ganhou a etapa final da Volta em Fafe e quis o destino que fosse nesta vertente, que tanto vai melhorando, que celebrasse pela primeira vez como profissional. Trabalha todos os pormenores rumo a tornar-se um ciclista mais completo e não demorará muito a começar a assumir uma voz de comando. É para isso que está a ser preparado.
A W52-FC Porto vive o presente com Raúl Alarcón, que sucedeu a Gustavo Veloso, com Rui Vinhas a ter tido o seu momento, algo inesperado, é certo, mas que não desperdiçou. João Rodrigues está a demonstrar um perfil de líder em construção.
A questão poderá mais ser se permanecerá na equipa o tempo suficiente para assumir esse destaque, pois Rodrigues não passará despercebido a formações de outro nível. Se ficar, tem tudo para ser o sucessor de Alarcón numa W52-FC Porto que agora também pensa mais a nível internacional - vai estar na Volta a Turquia, entre 16 e 21 de Abril -, mas quando chegar a Agosto, o domínio da Volta é o objectivo principal. Para já, o estatuto do espanhol está intocável, mas aos 33 anos, é natural que seja necessário ter preparado o próximo líder e assim manter esta estrutura num ritmo de sucesso que deixa todas as restantes equipas portuguesas a tentar aproximar-se do seu nível.
João Rodrigues fechou a 37ª edição da Volta ao Alentejo com menos três segundos que Luís Mendonça. Agora na Rádio Popular-Boavista, foi uma subida ao pódio agridoce do vencedor da Alentejana em 2018. Contudo, para quem cerca de uma semana antes da corrida foi operado à mão, ainda a tentar recuperar da lesão contraída na queda na primeira etapa da Volta ao Algarve, Mendonça conseguiu ser novamente muito competitivo, ficando também perto de vencer etapas.
Alarcón foi terceiro a quatro segundos, com a W52-FC Porto a vencer por equipas. A Team Wiggins gosta de visitar Portugal e além de ganhar uma etapa por Gabriel Cullaigh, James Fouché ficou com a classificação da montanha. O norueguês da Uno-X, Tobias Foss ganhou a classificação da juventude e Enrique Sanz (Euskadi-Murias) conquistou em Évora a sua terceira vitória em seis etapas.
A próxima paragem no calendário nacional é o Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela, de 12 a 14 de Abril.
Volta ao Alentejo, etapas e camisolas
1ª etapa: Montemor-o-Novo - Moura (208,1 quilómetros)
Vencedor: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Líder da geral: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Montanha: Antonio Jesus Soto (Fundación Euskadi)
Pontos: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Juventude: Sergio Higuita (Fundación Euskadi)
Equipas: Euskadi-Murias
2ª etapa: Mértola - Odemira (182,8 quilómetros)
Vencedor: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Líder da geral: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Montanha: Antonio Jesus Soto (Fundación Euskadi)
Pontos: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Juventude: Sergio Higuita (Fundación Euskadi)
Equipas: Euskadi-Murias
3ª etapa: Santiago do Cacém - Mora (176,5 quilómetros)
Vencedor: Gabriel Cullaigh (Team Wiggins-Le Col)
Líder da geral: Gabriel Cullaigh (Team Wiggins-Le Col)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Gabriel Cullaigh (Team Wiggins-Le Col)
Juventude: Rhys Britton (Selecção sub-23 britânica)
Equipas: Euskadi-Murias
4ª etapa: Ponte de Sor - Portalegre (74,3 quilómetros)*
Vencedor: Sergio Higuita (Fundación Euskadi)
Líder da geral: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Juventude: Tobias Foss (Uno-X)
Equipas: W52-FC Porto
5ª etapa (contra-relógio): Castelo de Vide - Castelo de Vide (8,4 quilómetros)*
Vencedor: João Rodrigues (W52-FC Porto)
Líder da geral: João Rodrigues (W52-FC Porto)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Juventude: Tobias Foss (Uno-X)
Equipas: W52-FC Porto
6ª etapa: Portalegre-Évora (152 quilómetros)
Vencedor: Enrique Sanz (Euskadi-Murias)
Líder da geral: João Rodrigues (W52-FC Porto)
Montanha: James Fouché (Team Wiggins-Le Col)
Pontos: Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista)
Juventude: Tobias Foss (Uno-X)
Equipas: W52-FC Porto
Pode ver aqui a classificação completa, via ProCyclingStats.
(* As duas etapas realizaram-se no mesmo dia, sábado, 23 de Março)
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