13 de março de 2019

Um choque violento e outro evitado quando duas pessoas tentaram atravessar a estrada durante o contra-relógio

Gatto e Majka fizeram o contra-relógio sozinhos após a queda
(Fotografia: © Bora-Hansgrohe/BettiniPhoto)
Foi um daqueles momentos em que se questiona se se está a ver bem. Alguém atravessar a estrada durante uma corrida não é, infelizmente, nada de novo. No entanto, não deixa de ser chocante ver imagens como as de esta quarta-feira no Tirreno-Adriatico. Um peão provocou a queda a dois ciclistas da Bora-Hansgrohe ao atravessar à frente da equipa que estava em pleno contra-relógio colectivo, pedalando a cerca de 55 quilómetros por hora. O aparato do incidente assustou, mas todos os envolvidos terão ficado bem, dentro do possível. Contudo, não se fez esperar a reacção principalmente de estupefacção de vários ciclistas que assistiram na televisão ao violento choque.

Já não bastava as más condições climatéricas, a Bora-Hansgrohe foi surpreendida logo no início do seu contra-relógio por um peão que atravessou a estrada quando os sete ciclistas se aproximavam muito rapidamente. Oscar Gatto e Rafal Majka desviaram-se para a direita, mas o homem não parou para deixar passar os corredores e tentou chegar ao passeio. Deu-se o choque que deixou os três no chão, perante um polícia que parece tentar alertar o peão para o perigo, mas sem sucesso. Estavam decorridos apenas 3,5 quilómetros dos 21,5 da primeira etapa, em Lido di Camaiore. Com os braços colocados nos extensores, o tempo de travagem reduz substancialmente num contra-relógio e não ajuda a estrada estar molhada. Foi toda uma receita para o incidente acabar mal.

"Tivemos um dia azarado, marcado por uma má queda. O Oscar Gatto ficou com muitas contusões, enquanto o Rafal Majka caiu com muita força. Ele tem hematomas e abrasões na sua cabeça e vamos fazer mais testes para avaliar se o impacto provocou uma concussão ou não", explicou o médico da equipa alemã, Jan-Niklas Droste. Apesar de não ser certa a presença na segunda etapa de Majka, o director desportivo, Enrico Poitschke, afirmou, no entanto, que o polaco deveria continuar em prova, apesar da luta pela geral tudo ter acabado naquele quilómetro 3,5.

Com Gatto e Majka a ficar para trás, os cinco restantes ciclistas da Bora-Hansgrohe que se conseguiram desviar do homem, viram a sua missão complicar-se e o 20º lugar, a 1:57 minutos da equipa vencedora Mitchelton-Scott, demonstram como o incidente estragou o contra-relógio e parte das aspirações da equipa. Os dois ciclistas afectados perderam 5:35 minutos. A Bora-Hansgrohe vai agora apostar na vitória de etapas, esperando que Peter Sagan recupere dos problemas provocados por um vírus estomacal que chegaram a colocar em causa a participação no Tirreno-Adriatico. "Perdemos a nossa velocidade e ficámos apenas cinco ciclistas para a grande parte da etapa. Por isso, era difícil ser competitivo", desabafou o polaco Maciej Bodnar.

As reacções de outros corredores não demorou. "É para isso que se tem pessoas nas bermas das estradas. Eu vi o vídeo e havia um homem lá e não fez nada. Isto não deveria acontecer. Suponho que erros humanos acontecem, mas custou caro", afirmou Tom Dumoulin, da Sunweb, que criticou o que considera ser a inacção do polícia, que estava do lado contrário da estrada ao do peão, quando este começou a atravessar a estrada.

Geraint Thomas começou por dizer que foi assustador ver o que aconteceu. "Havia um polícia. Não deveria ter acontecido. Espero que os rapazes estão bem e o homem que foi atingido também", acrescentou o galês da Sky.

Sucederam-se também os pedidos para que as pessoas se mantenham em segurança e, em consequência, mantenham a segurança dos ciclistas, que estão a fazer o seu trabalho. Esperar apenas uns poucos segundos teria feito toda a diferença.
Mais um susto a terminar a etapa

Com o que tinha acontecido à Bora-Hansgrohe na mente dos ciclistas que partiram mais tarde para o contra-relógio, talvez ninguém pensasse que pudesse acontecer novamente pouco depois. Mas aconteceu. Desta feita tudo acabou bem. Já perto do final da etapa, a Mitchelton-Scott deparou-se, ao sair de uma curva, com uma mulher que tinha começado a atravessar a estrada com o seu cão. Felizmente a senhora teve o reflexo de parar e colocar também o cão em segurança. Ficou "apenas" o susto para os corredores da equipa australiana.

"Por sorte estávamos junto às grades a sair da curva e, por isso, conseguimos reagir rapidamente. Poderia ter sido muito desagradável", salientou Michael Hepburn, o primeiro líder do Tirreno-Adriatico. A Mitchelton-Scott acabou por não ser afectada pelo susto e foi mesmo a equipa mais rápida do dia, deixando a Jumbo-Visma de Primoz Roglic a sete segundos e a Sunweb de Dumoulin a 22.

Não foi a primeira vez de Sagan

O eslovaco sabe bem o que é ter um encontro imediato com alguém que atravessa a estrada durante uma corrida. Em 2017, precisamente no Tirreno-Adriatico, mas no contra-relógio individual, uma senhora, também com o cão, não se coibiu de atravessar... na passadeira. Sagan lá se desviou... para a ciclovia. Um momento insólito que terminou bem.




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