28 de novembro de 2018

Tafi no Paris-Roubaix? "Precisas de fazer outra coisa na vida aos 52 anos"

(Fotografia: Twitter Andrea Tafi)
Quando Andrea Tafi anunciou a intenção de correr o Paris-Roubaix e assim celebrar o 20º aniversário da sua vitória no monumento francês, a ideia foi bastante falada, mas talvez poucos acreditassem que, aos 52 anos, alguma equipa o contrataria. Porém, cerca de 15 dias depois, o italiano confirmou que já tinha encontrado uma. Qual? Continua no segredo dos deuses. O que não é segredo é que nem todos estão a gostar deste possível regresso e o compatriota de Tafi, o bicampeão do mundo Paolo Bettini, não poderia ter sido mais directo nas críticas.

"Ao Andrea digo-lhe: espero que não corras. Precisas de fazer outra coisa na vida aos 52 anos", afirmou, numa entrevista à Gazzetta dello Sport. E continuou. "Ele está a conquistar a atenção mediática com isto, mas seria melhor pensar em deixar o lugar vago para um jovem ciclista. Ao fazer [a corrida] ele está a roubar o lugar a alguém."

Bettini é um pouco mais novo, tem 44 anos, e garante que não tem qualquer intenção de regressar ao activo. "Sou um embaixador para diferentes empresas e divirto-me a pedalar com os seus clientes. Pedalo quando quero. Nem pensar que o vou fazer três vezes por semana", afirmou o ex-ciclista, que também já foi seleccionador do seu país.

Os italianos foram companheiros de equipa na Mapei-Quickstep durante quatro temporadas (1999-2002). Foram dois especialistas em clássicas e no que diz respeito a monumentos, Tafi ganhou a Lombardia (1996), o Paris-Roubaix (1999) e Volta a Flandres (2002). Bettini venceu duas vezes a Liège-Bastogne-Liège (2000 e 2002), a Milano-Sanremo (2003) e a Lombardia também em duas ocasiões (2005 e 2006). Bettini não era tão dotado para o pavé. Aliás, Tafi é mesmo o único italiano a vencer os dois monumentos neste tipo de piso.

Andrea Tafi retirou-se em 2005, mas não deixou de pedalar e este ano até participou numa corrida húngara, com classificação 1.2 da UCI, tendo terminado na 37ª posição. Foram 157,6 quilómetros a 48 quilómetros por hora de média.

Quanto à equipa que terá demonstrado interesse em contratá-lo, uma do World Tour dá-lhe acesso directo à corrida, mas também poderá ser uma das Profissionais Continentais com um convite para competir, que ainda não foram anunciados. A sul-africana Dimension Data (World Tour) já foi falada, mas não passa, por agora, de um rumor. Tafi tinha antes de mais garantir que cumpre os requisitos do regulamento anti-doping para competir numa corrida deste nível, algo que estará resolvido.

Lefevere diz que não compreende

O histórico director da Quick-Step Floors foi abordado por Tafi sobre a possibilidade de competir pela equipa por quem ganhou em 1998, então a Mapei-Quickstep. Patrick Lefevere deu um redondo não. "Ele perguntou-me, a rir, mas meio a sério, se a nossa equipa estaria interessada, mas sabes como é composta a nossa equipa. É já uma luta para escolher os sete ciclistas para o Paris-Roubaix e não quero investir num projecto só pela publicidade. Espero que ele encontre outra maneira", referiu ao Cycling News, poucos dias depois, no início de Novembro, de Tafi anunciar que tinha encontrado quem o recebesse.

Lefevere explicou que esteve com Tafi num evento de um patrocinador e que todos estavam a perguntar ao antigo ciclista "se ele tinha febre, ou algo parecido, ou se tinha endoidecido". "Não percebo", desabafou o responsável belga. Para Lefevere, há mais em jogo do que o simples regresso ao Paris-Roubaix, pois, ao estar a preparar um documentário, para o director da Quick-Step Floors, está-se a falar de um negócio, de uma aposta comercial.

Antes de se saber que já haveria uma equipa interessada em contratar Tafi para o Paris-Roubaix - não está excluída a hipótese de fazer algumas corridas antes para se preparar -, o italiano tinha dito que se não conseguisse estar na prova profissional, faria a competição amadora. O objectivo passa mesmo por fazer um documentário sobre este seu regresso a Roubaix, 20 anos após ter vencido o mítico monumento, seja em que moldes for.

Agora é esperar para saber qual é a equipa que Tafi diz o querer, mas uma casa de apostas italiana até já avançou com as probabilidades para este possível regresso do atleta ao Paris-Roubaix. Uma vitória 1/350, um pódio 1/150 e um top dez 1/50.


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