Peter Sagan e o fiel companheiro Daniel Oss (à direita)
(Fotografia: © Bora-Hansgrohe/BettiniPhoto)
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Se é propositada ou se está relacionada com o novo objectivo para 2019 não se sabe, mas Sagan demonstra uma magreza pouco vista nele. E na segunda etapa do Tirreno-Adriatico, o ciclista da Bora-Hansgrohe nem se preocupou em chegar à frente da corrida quando começou a perder tempo. Esta é uma corrida que gosta, somando sete vitórias de etapas e quase que a ganhou em 2016, numa edição marcada pela anulação da subida mais complicada devido ao mau tempo. A disputa acabou por ser entre Sagan e Greg van Avermaet, com o belga a levar a melhor.
Nesta edição, a Bora-Hansgrohe até gostaria bastante de ter a sua estrela em melhor forma, depois de no contra-relógio uma queda ter afastado Rafal Majka das pretensões à geral - chocou contra um peão que estava a atravessar a estrada -, mas este Sagan não está a mostrar estar em condições de lutar por etapas. "Estou a recuperar e, espero, vou melhorar. Ainda falta muito tempo para as clássicas", disse.
Peter Sagan foi o grande ausente do arranque da temporada de clássicas do pavé. Prefere começar na Milano-Sanremo, primeiro monumento, antes de se dedicar ao empedrado. Aos 29 anos, não escondeu que não se tinha apercebido que com o passar das temporadas e com o crescente sucesso, nada se tornaria mais fácil. Pelo contrário: "Há sempre mais coisas para fazer, mais corridas, as pessoas querem mais entrevistas... É fácil atingir um certo nível, mas é muito mais difícil manter-nos lá. Não tinha percebido isso há cinco ou seis anos, quando comecei a ganhar. Agora percebo."
Para o eslovaco "o ciclismo é cada vez mais profissional", pelo que os corredores têm de fazer mais. "Tens de cuidar de ti e estar sempre a trabalhar: alongar, recuperar, não podes parar desde que acordas, até te deitares", afirmou.
A tentar recuperar de dias difíceis devido à doença, Sagan dificilmente poderia ser mais pragmático nesta fase da temporada. Recuperar a forma é o objectivo, pois quer finalmente conquistar a vitória que lhe tem escapado no monumento italiano (soma já dois segundos lugares). E Sagan acredita que vai a tempo de se apresentar bem nestes primeiros objectivos de 2019. "Estou aqui durante uma semana, depois da Milano-Sanremo [23 de Março] até ao Paris-Roubaix são outras três semanas e depois mais duas semanas até à Liège-Bastogne-Liège. Portanto, há tempo."
Antes do Paris-Roubaix há ainda a Volta a Flandres, sendo estes os dois monumentos que conta no seu currículo. Sagan começou a época a picar o ponto no Tour Down Under com uma vitória de etapa, depois viajou da Austrália até à Argentina para ajudar Sam Bennett nos sprints, ainda que também ele tenha ficado perto de vencer. Os anos passam, é certo, mas Sagan ainda parece destinado a mais grandes vitórias, mesmo que esteja a ter um discurso que não deve deixar a Bora-Hansgrohe muito tranquila.
Já admitiu que poderá até deixar o ciclismo de estrada para regressar ao BTT após o final do contrato em 2021 e lá vai tendo dizendo como sente os anos passarem. "Não podes competir toda a tua vida. O desporto é assim. Cada um de nós vai o mais longe que conseguir e depois chegamos ao fim. Homens como o André Greipel [36 anos] ainda estão a competir, mas os jovens estão a surgir a toda a hora. Isso está a acontecer a ele e vai acontecer a mim. Acontece a todos", disse. Discurso simples e verdadeiro, é certo, com Sagan a aproveitar para destacar nomes como Fernando Gaviria, Caleb Ewan e Álvaro Hodeg. Mas avisou que todos precisam de tempo para aprender, recordando como no primeiro sprint que liderou na então Liquigas, terminou no chão.
A super-estrela do ciclismo actual não vive os melhores dias, mas a época ainda vai numa fase muito inicial e este discurso não deverá demorar muito a ser substituído por um mais confiante, à medida que se aproximarem as clássicas que tanto gosta e que tanto o motivam.
»»Um choque violento e outro evitado quando duas pessoas tentaram atravessar a estrada durante o contra-relógio««
»»O grito de revolta de Sam Bennett««
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