22 de julho de 2017

Chris Froome perfeito quando teve de ser, já começa a pensar na Vuelta

(Fotografia: ASO/Alex Broadway)
Vacilou em certos momentos, mas nunca tombou e quando chegou o momento da verdade, Chris Froome não falhou. É um triunfo que teve tanto de renhido - palavra usada pelo britânico - como de merecido. Porém, no final não há discussão de quem foi o mais forte, de quem foi o mais equilibrado. Aí está o quarto Tour de Froome, o terceiro consecutivo e o quinto da Sky em seis anos. Ainda não foi desta que um rival esteve à sua altura durante as três semanas, mas se há algo que fica desta Volta a França é que o britânico já não é aquele ciclista invencível. Froome tornou-se "humano" nesta corrida e por mais forte que venha a estar no futuro, por mais forte que seja a Sky, a partir de agora todos acreditam que é possível batê-los.

Vão ter de esperar um ano. Gostaríamos de ter visto Richie Porte fazer frente ao seu amigo até ao fim, gostaríamos de ter visto um Nairo Quintana ao seu nível e um Alberto Contador num último fôlego de campeão. Dos rivais iniciais de Froome só Romain Bardet confirmou que estava de facto preparado para lutar por um triunfo no Tour. Porém, depois de um contra-relógio que quase de tornou numa humilhação, o francês tem de reflectir sobre a decisão de não aprimorar o esforço individual se quer fazer mais do que apenas ambicionar ser o primeiro francês a vencer a corrida desde 1985. Pode não ter tido as melhores sensações na 20ª etapa, mas aquela exibição foi má de mais para culpar apenas na forma física. Caiu para terceiro, segurou o pódio por um segundo e por muito pouco não foi ultrapassado por Froome. Em 22,5 quilómetros foram quase dois minutos perdidos para o britânico. Assim, nunca irá ganhar uma grande volta, só se excluírem os contra-relógios ou se forem muito curtos. Prólogos, portanto.

Mas será que fica no pódio? Ou irá a Sky tentar colocar Mikel Landa ao lado de Chris Froome. Nicolas Portal, director desportivo, lamentou que o espanhol não tenha conseguido ultrapassar Bardet, mas com um segundo a separá-los, basta bonificar no sprint intermédio deste domingo e Landa terá o seu momento em Paris. Diz a tradição que a última etapa é de consagração, mas não seria inédito haver mudanças. De referir ainda que o ciclista melhorou e muito no contra-relógio. Pode não ser o seu forte, mas entrou definitivamente no grupo dos que se "defendem bem".

Este Tour ficará marcado também por Rigoberto Uran. Afinal foi para França para ganhar, mas a Cannondale-Drapac quis manter segredo, segundo Jonathan Vaughters. Se tal for mesmo verdade, então agora falta saber se o colombiano está mesmo a viver a melhor fase da carreira e se a conseguirá manter, ou se foi uma resultado único. No contra-relógio perdeu 25 segundos para Froome, mas Uran disse que o segundo lugar no Tour é o melhor momento que teve (e está a ter) como ciclista (já tinha feito o mesmo no Giro). Agora ficamos à espera de mais.

Este domingo os Campos Elísios recebem a sempre desejada etapa final que os sprinters tanto querem ganhar. Froome irá festejar, mas alcançado o objectivo principal da temporada, o britânico já começa a pensar no segundo. Está confirmado que irá à Vuelta e vai para ganhar. Froome sempre disse que a sua preparação tinha sido feita a pensar estar mais forte na terceira semana do Tour. Nicolas Portal afirmou agora que a preparação foi também feita a pensar em estar mais forte na Volta a Espanha. O britânico quer ser o primeiro a ganhar Tour/Vuelta desde que estas grandes voltas se realizam nas datas actuais.


O Tour ainda tem 103 quilómetros pela frente, mas depois da etapa deste sábado, as atenções começaram a virar-se rapidamente para o país vizinho. Alberto Contador também afirmou que está a pensar em ir à Vuelta, Warren Barguil, rei da montanha, irá lá estar, tal como Uran e Bardet. Ou seja, quase todo o elenco de luxo da Volta a Espanha irá apostar na Vuelta, que não contará com o vencedor do Giro. Tom Dumoulin quer concentrar-se nos Mundiais.

Mas primeiro que venha a festa nos Campos Elísios. Será desta que André Greipel ou Nacer Bouhanni limpam a fraca imagem deixada no Tour, ou será a vez de Dylan Groenewegen mostrar-se? Certamente que Michael Matthews quer mostrar a sua camisola verde...

Até parece mal, mas quando há um vencedor do Tour, quem ganha a etapa fica para segundo plano. Contudo, Maciej Bodnar merece todo o respeito e destaque pelo excelente contra-relógio que fez. Bateu o compatriota Michal Kwiatkowski por um segundo - Chris Froome foi terceiro a seis -, mostrando porque já foi três vezes campeão polaco de contra-relógio. Em Marselha, conquistou a vitória mais importante da carreira. A Bora-Hansgrohe também agradece. Já tinha vencido no Tour com Peter Sagan, mas a exclusão do eslovaco estragou os planos da equipa alemã.

Veja aqui os resultados do contra-relógio e as classificações. Simon Yates imitou o irmão e ficou com a camisola de melhor jovem. Adam venceu essa classificação no ano passado.


Résumé - Étape 20 - Tour de France 2017 por tourdefrance


»»O contra-relógio de relativa emoção««

»»Froome não entra em euforias. Diferenças são demasiado curtas para festejar antes do contra-relógio««

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