12 de julho de 2017

Contador no limite psicológico depois de quatro quedas e mais de cinco minutos de desvantagem

(Fotografia: Facebook Trek-Segafredo)
Atirar a toalha ao chão está fora de questão para Alberto Contador. No entanto, o espanhol não esconde algum desanimo, principalmente quando voltou a cair duas vezes numa etapa, depois de no domingo também ter sido vítima de quedas em duas ocasiões. Ganhar a Volta a França é uma miragem, mesmo o pódio já será necessário a conjugação de vários factores para lá chegar. O top dez e a vitória de uma etapa poderão muito bem ser os próximos objectivos, ainda que Contador não o admita. O que o ciclista da Trek-Segafredo confessou é que não está a ser fácil lidar com tantos percalços: "Não acredito em má sorte, mas este Tour está a levar-me ao limite, principalmente psicologicamente."

Num dia claramente para sprinters, a segunda queda do dia de Contador, a cerca de 20 quilómetros do fim, ainda o assustou. O colega Michael Gogl acabou por inadvertidamente provocar o incidente. O espanhol ficou um pouco mal tratado, mas teve de acelerar bastante, pois naquela altura o pelotão já estava lançado à procura Maciej Bodnar (Bora-Hansgrohe), que estava numa fuga e a colocar dificuldades à perseguição. Jarlinson Pantano foi o único ciclista da Trek-Segafredo que ficou para trás. Aliás, ficou a impressão que voltou mesmo para trás para ir buscar o líder. Mais ninguém recuou. O colombiano fez um bom trabalho e com a ajuda habitual de alguns carros, Contador lá reentrou no pelotão.

Já com 5:15 minutos a separá-lo de Chris Froome, perder mais tempo poderia colocar em causa um possível top dez (ocupa a 12ª posição). No entanto, para quem preparou toda a temporada a pensar na Volta a França, parece pouco pensar apenas ficar nos dez melhores. Contador acredita que ainda pode fazer coisas bonitas e as próximas duas etapas (principalmente a de sexta-feira) poderiam ser uma hipótese. Porém, perante mais duas quedas, o ciclista pensa mais na última semana da corrida: "Isto [quedas] não ajuda e há que esperar pelos Alpes. Mas tenho o moral sempre em alta."

Com 34 anos, começa a ser complicado afastar o sentimento que se poderá estar a ver Contador por última vez na Volta a França, ou pelo menos na última vez que será um líder. O espanhol demonstra já não ter capacidade para seguir com os melhores. Aquele ciclista imprevisível, explosivo, que deixava todos para trás quando lhe apetecia, faz parte da memória... E que grandes memórias são. Com a Trek-Segafredo a querer renovar por mais um ano, o Giro ou a Vuelta deverão passar ser as principais apostas.

Mas para já, Contador está no Tour. Mais uma vez não lhe está a correr nada bem. Contudo, se há algo em que se acredita plenamente no que diz, é que não vai desistir de conseguir algo digno da sua qualidade.

Chris Froome é que não está muito convencido quanto à exclusão de Contador como candidato. "Ele é alguém que não tenho de competir contra neste momento, mas já vimos o estilo de correr do Alberto. Não é tímido no momento de atacar de longe. Numa etapa como a de sexta-feira, não me surpreenderia vê-lo atacar na primeira subida. Estamos [ciclistas da Sky] preparados para isso", salientou o líder da Volta a França.

Este Tour está a ser marcado pela cronometragem que constantemente passa os 200 quilómetros. Apesar das seis contagens de montanha (gráfico em baixo), o pelotão tem um longo dia pela frente, ao contrário do que acontecerá na sexta-feira, em que serão apenas 101 quilómetros, com três contagens de primeira categoria.


Marcel Kittel imbatível

Quando está nesta forma, os adversários não conseguem encontrar forma de bater Marcel Kittel. Quem mais assustou foi o alemão foi Maciej Bodnar. O polaco da Bora-Hansgrohe colocou na estrada toda a sua capacidade de contra-relogista e que trabalhão deu à Quick-Step Floors para fechar o que a certa altura eram 40 segundos que mais pareciam uma eternidade. A ajuda foi pouca de outras equipas, com a Lotto Soudal a ser das mais participativas na frente. A Katusha-Alpecin pouco explorou Tony Martin (Tiago Machado foi novamente dos que mais se viu), a Lotto-Jumbo ainda fez um forcing curto, tal como a Sunweb.

Num Tour em que os comboios não tem sido opção, a Quick-Step Floors acabou por não ter problemas em "queimar" os seus ciclistas. Fabio Sabatini fez o lançamento de um Kittel que se coloca atrás dos rivais, analisa-os, antes de arrancar e deixar todos a olhar para as suas costas. E já são cinco as vitórias e uma camisola verde que é cada vez mais sua. Já são 335 pontos contra os 202 de Michael Matthews (Sunweb). O australiano bem tenta ir somando pontos nos sprints intermédios, mas com Kittel a fazer o mesmo e a ganhar etapas a este ritmo, a missão está cada vez mais complicada para fazer frente ao alemão.


Résumé - Étape 11 - Tour de France 2017 por tourdefrance


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