(Fotografia: © Team Jumbo-Visma) |
Não se pode dizer que seja uma novidade. Já para esta época que terminou, anunciou bastante cedo os elementos que iriam ao Giro, mas desta feita foi mais longe. Portanto, sem mais demoras:
Volta a Itália: Dylan Groenewegen, George Bennett, Antwan Tolhoek, Koen Bouwman, Lennard Hofstede, Paul Martens, Amund Grondahl Jansen e Mike Teunissen;
Volta a França: Primoz Roglic, Steven Kruijswijk, Tom Dumoulin, Wout van Aert, Robert Gesink, Sepp Kuss, Laurens de Plus e Tony Martin;
Volta a Espanha: Steven Kruijswijk, Dylan Groenewegen, Mike Teunissen, Robert Gesink, Jos van Emden, Koen Bouwman, Sepp Kuss e Tony Martin.
Com a contratação de Tom Dumoulin e tendo em conta que o Giro terá três contra-relógios, a hipótese mais falada era a Jumbo-Visma levar este ciclista a Itália (e o próprio não se importaria já que o percurso do Tour não é muito ideal para ele), Roglic a França e Kruijswijk a Espanha (este dois iriam inverter os objectivos comparativamente com 2019). Mas não.
"Fizemos uma análise a todas as grandes voltas dos últimos cinco anos. Qual era a influência dos contra-relógios na classificação final? Qual era a composição da equipa que conseguiu conquistar e defender a camisola [da liderança]? Descobrimos um elemento em comum. Temos de ir ao Tour com a equipa mais forte possível. Assim teremos uma hipótese de ganhar. Vamos fazer tudo para conquistar a amarela. Estamos muito felizes, orgulhosos e motivados para o fazer", explicou Merijn Zeeman, o director desportivo, durante a apresentação da equipa.
Dumoulin, Roglic e Kruijswijk falam no colectivo e de como querem fazer parte da equipa que ganhará a Volta a França. Nenhum se assume como líder. Discurso para mostrar união, mas claro que este tipo de decisão levanta sempre algumas dúvidas. O passado recente não tem um bom exemplo: o tridente da Movistar (Alejandro Valverde, Mikel Landa e Nairo Quintana) foi uma experiência falhada de liderança tripartida. Os egos meteram-se no caminho e todos queriam ganhar, não estando muito interessados em trabalhar para os companheiros.
Ciclistas diferentes, de personalidades diferentes, mas passar das palavras aos actos, será o objectivo principal da Jumbo-Visma para garantir que terá de facto uma frente unida para lutar com a Ineos. "Toda a força, com os três líderes! É muito bom descobrir que os três estamos na mesma página", disse Dumoulin. E no papel a equipa é fortíssima, não só por este trio, mas pelos gregários de luxo que tem e um Wout van Aert que ajudará quando for preciso, mas será também um ciclista para conquistar alguma etapa ao sprint, um objectivo secundário em 2020 na Volta a França.
É por isso que nesta super equipa não há espaço para um dos melhores sprinters do momento. Dylan Groenewegen teve de abrir mão de um Tour que a Jumbo-Visma já só tem interesse em vencer na geral. Porém, é um ciclista que os responsáveis não querem ver insatisfeito, pelo que lhe vão dar a oportunidade de se tornar em mais um a ganhar etapas nas três grandes voltas. Vai ter apoio no Giro e Vuelta, eventualmente também a pensar na camisola dos pontos. Vai ainda apostar forte na Milano-Sanremo. O holandês deixou a mensagem que está feliz com o calendário para 2020. Tem 26 anos e muito tempo para regressar ao Tour no futuro.
E no que diz respeito a monumentos, Wout van Aert - ainda a recuperar da grave lesão após queda na Volta a França - vai com tudo para a Volta a Flandres e Paris-Roubaix, além de ser o líder para as restantes clássicas do pavé. Eventualmente Groenewegen terá a sua oportunidade em alguma mais propícia para sprinters, como a AG Driedaagse Brugge-De Panne. Para a Liège-Bastogne-Liège, Roglic assumiu o desejo de tentar vencer o monumento das Ardenas e nesta semana de três clássicas belgas, Dumoulin prefere a Amstel Gold Race.
Mas regressando às grandes voltas. A nível de geral a concentração estará no Tour, mas não significa que Groenewegen tenha exclusividade no Giro e Vuelta. A Jumbo-Visma levará ciclistas para lutar por uma vitória final, sendo provas em que o colectivo tem importância, mas não tem sido tão essencial como acontece na corrida francesa. Em Itália, George Bennett terá novamente a sua oportunidade. Tem sido difícil a sua afirmação como líder, mas mostrou ser um gregário importante. Com a chegada de Dumoulin, ir ao Giro sem ter de trabalhar para um dos três líderes é definitivamente um momento que o neozelandês tem de aproveitar.
Ainda assim o Giro será muito centrado em Groenewegen, mas a Vuelta é sempre tão montanhosa, que se justifica levar um Kruijswijk ainda à procura de uma vitória em grandes voltas, ainda que o terceiro lugar no Tour de 2019 tenha tido um sabor muito especial. Só ter Gesink e Kuss a seu lado é a prova de como a Jumbo-Visma não quer abdicar por completo de estar na luta por vencer novamente em Espanha, depois da conquista de Roglic em Setembro último.
Na teoria, a Jumbo-Visma tem uma equipa fortíssima, seja para o Tour, seja para as clássicas ou para os sprints. Será candidata a vencer muitas corridas. Mas na Volta a França, um dos assuntos mais falados será certamente como irá este trio com tanta ambição individual funcionar quando for necessário escolher alguém, a não ser que a estrada ajude nessa selecção. E depois será preciso ver se, ao contrário do que aconteceu na Movistar, quem "ficar para trás" na luta pela geral, assume o papel de ajudar quem estiver em condições de ganhar a camisola amarela.
O mais animador é ver uma equipa que tem tudo para definitivamente fazer a Ineos suar bastante no Tour. O ciclismo e a Volta a França ficam a ganhar.
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