17 de dezembro de 2019

Vuelta em Portugal e com uma última semana a não perder

(Imagem: La Vuelta)
A espera vai durar 23 anos, mas tem final marcado para 9 e 10 de Setembro de 2020. A Volta a Espanha estará de regresso a Portugal com duas etapas... para sprinters! Num país com tanto sobe e desce, ainda mais na zona centro e norte, os percursos eleitos podem não ser completamente planos, mas o pensamento da organização é que sejam os homens rápidos a disputar estas duas tiradas. Não se confirmou a passagem pela Serra da Estrela, que teria sido uma subida bem interessante, uma mítica de Portugal, que afinal não se juntará a duas das mais icónicas em Espanha e França: Angliru e Tourmalet.

A visita ao Tourmalet está a ser um dos pontos mais focados do percurso apresentado em Madrid esta terça-feira. Contudo, como não é todos os dias que Portugal recebe uma grande volta, é irresistível começar por essa notícia. Tanto a imprensa portuguesa (começando pela A Bola), como a espanhola, já haviam adiantado nos últimos dias esta hipótese, agora oficializada. Temos de recuar a 1997, naquela que foi uma estreia na Vuelta a começar fora do seu país. Por cá estava a ser preparado um dos que seria dos maiores eventos alguma vez vistos em Portugal: a Expo'98. Portanto, foi perfeito que um dos maiores eventos de ciclismo fosse visto in loco nas estradas portuguesas.

A Vuelta esteve no nosso país três dias: Lisboa-Estoril (Autódromo), Évora-Vilamoura e Loulé-Huelva. Recordando os vencedores: Lars Michaelsen (TVM-Farm Frites) na primeira etapa primeira e Marcel Wüst (Festina-Lotus) nas duas seguintes, com o dinamarquês a ser o líder em todos os dias. O vencedor na geral foi o suíço Alex Zülle (ONCE), pelo segundo ano consecutivo, com Fernando Escartín (Kelme-Costa Blanca) a ser segundo, a mais de cinco minutos. O espanhol é agora o director da Volta a Espanha.

Numa era bem diferente para as equipas portuguesas, a Maia esteve presente, com nomes como José Azevedo, Cândido Barbosa e Joaquim Andrade. Orlando Rodrigues vestia as cores da Ibanesto. Dos oito ciclistas portugueses que começaram a Vuelta, nenhum acabou. Em 2020 é certo que não haverá equipas lusas, mas espera-se que algum dos portugueses presentes no World Tour e em equipas Profissionais Continentais espanholas possa ser chamados a competir em Espanha.

Mas vamos às etapas lusas do próximo ano. A 9 de Setembro, a 18ª tirada começa do outro lado da fronteira, em Mos. Depois andará bem pelo norte. São Pedro da Torre, Vila Nova de Cerveira, Âncora, Viana do Castelo, Esposende, Barcelos, Vila Nova de Famalicão, Santo Tirso, Maia e Matosinhos para fechar.



No dia seguinte, Viseu, um dos palco predilectos da Volta a Portugal, recebe a partida. Fagilde, Freixiosa, Chãs de Tavares, Celorico da Beira, Ratoeira, Vila Cortês do Mondego antecedem a única dificuldade da etapa, na Guarda, que será uma terceira categoria. Vilar Formoso marcará a despedida do pelotão que rumará a Espanha até à Ciudad Rodrigo.



Será um ano marcante para os adeptos de ciclismo em Portugal. Em Fevereiro já se sabe que alguns dos melhores do mundo rumam ao Algarve. Em 2020 haverá uma segunda possibilidade de ver algumas das grandes figuras da modalidade por uma segunda vez em território nacional, com uma grande volta a visitar o país mais a norte. A marcar na agenda!

A Vuelta mais internacional

É assim que lhe estão a chamar e não é para menos. Serão três os países que receberão a Vuelta, além do anfitrião. A Portugal e França junta-se a Holanda. Será apenas a quarta vez que a Vuelta arrancará fora do país. Utrecht será o palco do habitual contra-relógio por equipas que abrirá a corrida a 14 de Agosto. 23,3 quilómetros planos. Segue-se 's-Hertogenbosch-Utrecht (181,6) e Breda-Breda (193,2). Sempre terreno plano. A 75ª edição começará a uma sexta-feira para permitir um dia de descanso logo na segunda, facilitando a viagem para Espanha. Terça-feira começa-se logo a subir.

Ao todo serão oito chegadas em alto, com mais etapas com muita montanha, pelo meio. Ou seja, a Vuelta em todo o seu esplendor de dificuldades. Destaque-se então quatro etapas, numa última semana com muitas razões para não se perder nem um quilómetro.

9ª (23 de Agosto): Biescas-Col du Tourmalet (135,6 quilómetros)


Uma primeira categoria e duas especiais. Mais parece uma etapa do Tour dado os locais por que se passará. A primeira dificuldade estará no alto de Portalet (1794 metros de altitude), descendo-se a pensar que pela frente estará o Col d'Aubisque (1709), ainda haverá o Col de Soulor, mas não surge como subida categorizada. O dia fecha com o sempre mítico Col du Tourmalet, uma estreia na Vuelta. A meta estará a 2115 metros de altitude. A subida esteve no percurso do Tour de 2018, com Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) a vencer.

15ª (30 de Agosto): La Pola Llaviana/Pola de Laviana-Alto de l'Angliru (109,2 quilómetros)



Será a etapa mais curta da Vuelta. O Angliru é de facto de categoria especial. Nos últimos três dos 13 quilómetros, as pendentes chegam a passar os 20%. É uma daquelas subidas que faz muito bom trepador sofrer e a ter de recorrer à "táctica" do ziguezague se não estiver a ter um bom dia. Foi o local da última grande vitória de Alberto Contador, na sua despedida da carreira em 2017. E que momento memorável foi aquele!

16ª (1 de Setembro): Muros-Mirador de Ézaro (33,5 quilómetros de contra-relógio individual)



Depois do dia de descanso, haverá o único contra-relógio individual da corrida. Bom para a maioria dos especialistas desta vertente da actualidade. É plano, mas aquela subida final de 1,5 quilómetros irá testar a resistência de muitos. Até se colocará a possibilidade de troca de bicicleta. O vento também poderá ter uma palavra a dizer neste dia, se estiver de frente.

20ª (9 de Setembro): Sequeros-Alto de la Covatilla (175,8 quilómetros)



Uma categoria especial para fechar a montanha na Vuelta e mais uma subida que por si só pode provocar muitos estragos. Mas, não bastando os cerca de três mil quilómetros em três semanas nas pernas, antes da subida final haverá uma primeira, três terceiras e uma segunda categoria para abrir o apetite para a decisão final, antes da etapa de consagração que terá novamente Madrid como palco da festa do vencedor, a 6 de Setembro.

Ficam assim conhecidos os percursos das três grandes voltas para 2020 (ver Giro e Tour nos links em baixo). As equipas estão neste momento a realizar o estágio de Inverno e a decidir calendários. A Vuelta não costuma ser aquela grande volta que um ciclista aponta como principal objectivo, o que faz com que normalmente também seja das corridas mais abertas, mais disputada e com os homens das fugas a fazerem de Espanha o seu território. Agora é tempo de preparar a nova temporada, celebrar Natal e Ano Novo antes que a acção do ciclismo World Tour regresse à estrada em Janeiro.



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