30 de dezembro de 2019

Mais um ano de vitórias, uma nova figura central, mas um 2020 a começar com uma preocupação

(© João Fonseca Photographer)
A nível interno foi um ano habitual para a W52-FC Porto. Ou seja, soma vitórias durante todo o ano, com diferentes ciclistas e termina a ganhar a Volta a Portugal. A novidade chamou-se João Rodrigues, que aproveitou a oportunidade para se tornar numa das figuras do ciclismo nacional. Há um ano foi o gregário de luxo de Raúl Alarcón, em 2019 foi ele o dono da camisola amarela na Volta. Porém, sendo Profissional Continental, olhava-se para a W52-FC Porto com outra responsabilidade a nível internacional. Somou alguns top dez, mas não será aposta para continuar.

Apesar da subida de escalão, o director desportivo Nuno Ribeiro deixou sempre bem claro que os objectivos internos mantinham-se inalterados. E mais uma vez esta W52-FC Porto demonstrou todo o seu poderio, reforçado por ser Profissional Continental. Plantel maior e reforçado com referências das equipas rivais, como Daniel Mestre e Edgar Pinto (Efapel e Vito-Feirense, respectivamente), recuperando Joaquim Silva e Rafael Reis (estavam na Caja Rural) e começando o trabalho com dois jovens da Miranda-Mortágua, Jorge Magalhães e Francisco Campos.

É este lado de desenvolver jovens da W52-FC Porto que se tem de falar dado o sucesso de João Rodrigues. Está desde 2016 na equipa, tem apenas 25 anos e foi sendo preparado precisamente para o momento que viveu em Agosto, numa Avenida dos Aliados com um ambiente sensacional para consagrar o vencedor da Volta a Portugal. O plano inicial era ser aposta no início da temporada, para ser testado no papel de líder. Ganhou a Volta ao Alentejo, tendo no contra-relógio alcançado a sua primeira vitória como profissional.

A Volta era para Raúl Alarcón, que ia procurar a terceira conquista. Caiu no Grande Prémio Abimota, partiu a clavícula e ficou de fora. Gustavo Veloso foi chamado para substituir e há muito que não se via o espanhol àquele nível. Mas era a Volta de Rodrigues, que não se assustou com um Joni Brandão (Efapel) forte. O colectivo da W52-FC Porto voltou a fazer a diferença e no final, quando tudo dependia só dele, Rodrigues fez valer toda a sua preparação nos últimos dois anos para se tornar num bom contra-relogista. António Carvalho, Ricardo Mestre, Daniel Mestre (vencedor da classificação dos pontos), Edgar Pinto e um Samuel Caldeira que foi uma autêntica locomotiva a puxar o pelotão em muitas etapas, controlaram a corrida. A equipa venceu ainda cinco etapas, incluindo na Serra da Estrela e na Senhora da Graça!

Mas há que dar valor a toda a temporada. 18 vitórias (etapas, clássicas e classificações gerais), ao que se junta mais 15 classificações como montanha, pontos e por equipas. Ganharam os mais experientes - Ricardo Mestre conquistou o Grande Prémio Jornal de Notícias, por exemplo -, ganharam os mais novos, com Francisco Campos a fechar o ano a vencer a Rota da Filigrana, a nova corrida do calendário nacional, depois de já ter ser o mais forte no Grande Prémio Anicolor.

Lá fora, Edgar Pinto foi a principal escolha. Já tem experiência após dois anos na Skydive Dubai e em 2018, já no Feirense, venceu a Volta à Comunidade de Madrid. Este ano venceu uma etapa nas Astúrias e foi quinto na Volta à Turquia, uma corrida World Tour. Já na recta final da temporada, Joaquim Silva foi à China ser sétimo, depois de ter sido 10º no Luxemburgo.

No entanto, esta aposta na subida de escalão não compensou o esforço financeiro dos patrocinadores. Em algumas corridas lá fora, principalmente por Espanha, a W52-FC Porto esteve um pouco aquém do valor que tinha. A equipa estará de regresso ao nível Continental em 2020. Esta situação levou ciclistas como Joaquim Silva (Miranda-Mortágua), Rafael Reis (Feirense) e António Carvalho (Efapel) a mudarem de ares, à procura de mais liberdade para alcançar os seus resultados, já que não haverá tantas corridas para dividir lideranças. César Fonte também está de saída para a Efapel.

Nada que preocupe em demasia Nuno Ribeiro, que recuperou Amaro Antunes, de regresso após dois anos na CCC. Vai partilhar estatuto de líder com João Rodrigues, depois de ter feito uma dupla imbatível com Alarcón. Um desafio interessante. De um lado um Rodrigues vencedor da Volta e que quer mais de forma a ambicionar chegar a uma equipa World Tour, do outro um Amaro à procura de repetir o fabuloso ano de 2017.

Mas a maior preocupação não será conjugar estes dois ciclistas, mas sim lidar com uma indefinição chamada Alarcón. O espanhol está suspenso provisoriamente por suspeita de "uso de métodos proibidos e/ou substâncias proibidas", segundo a UCI. Não só a W52-FC Porto não sabe se poderá contar com Alarcón em 2020, como se o pior acontecer e o ciclista for sancionado, uma das dúvidas é se as irregularidades abrangem as duas Voltas a Portugal que venceu.

Será impossível afastar o fantasma que esta situação trará à equipa até que o caso seja concluído. Entretanto, além de Amaro Antunes, foi anunciado como reforço José Mendes. O campeão nacional vai deixar o Sporting-Tavira para vestir de azul e branco, mas terá um papel mais de apoio aos líderes, diferente do que aconteceu na formação algarvia. O espanhol Raúl Rico, que em Junho assinou pela Vito-Feirense-PNB, também é dado como ciclista da formação do Sobrado em 2020.

A equipa continuará forte naquele que será o ano de despedida de Gustavo Veloso, mas a Efapel está a tentar aproximar-se do nível da rival. O projecto de ser Profissional Continental foi curto, mas não restam dúvidas que para 2020, mesmo com as saídas e a dúvida sobre Alarcón, a W52-FC Porto será novamente a equipa que todos quererão bater e não será fácil.

Veja neste link todas as vitórias da W52-FC Porto e das restantes equipas portuguesas de elite.

Equipa para 2020: João Rodrigues, Rui Vinhas, Edgar Pinto, Samuel Caldeira, Daniel Mestre, Ricardo Mestre, Francisco Campos, Jorge Magalhães, Raúl Alarcón, Gustavo Veloso, Tiago Ferreira, Amaro Antunes (CCC), José Mendes (Sporting-Tavira), Raúl Rico (Vito-Feirense-PNB).


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