1 de dezembro de 2019

Giro ou Tour? Para Bernal não é preciso escolher

(Fotografia: © Team Ineos)
Com tantos líderes na equipa, faz-se um pouco de jogo de adivinhas para tentar perceber como vai a Ineos dividir os seus ciclistas pelas três grandes voltas. Talvez mais do que nunca a formação britânica tem potencial para ganhar as três no mesmo ano, já que conta também com um lote alargado de excelentes corredores que podem ser divididos pelas corridas para ajudar os líderes. É o que dá ter jovens que já não são apenas promessas. No centro deste jogo de adivinhas está Egan Bernal, que sabe bem o que quer fazer em 2020: o Giro e o Tour. Não é preciso escolher apenas uma das corridas.

A decisão já mais do que conhecida é que Chris Froome vai dar o tudo por tudo para ganhar a quinta Volta a França. Porém, a sua condição física é uma enorme incógnita após a queda durante o Critérium du Dauphiné. Egan Bernal venceu o Tour em 2019 e não vê os seus quase 23 anos na perspectiva de ter ainda muito tempo para ganhar mais e assim poder "ceder" uma edição para ajudar Froome. Bernal vê que sendo muito jovem já cumpriu o seu sonho e agora quer mais. E a sua atenção não se centra apenas na prova francesa.

No entanto, a Ineos contratou Richard Carapaz, que venceu o Giro esta época com a Movistar, sendo que Geraint Thomas - vencedor do Tour em 2018 - deverá ser "empurrado" para a grande volta italiana. A Ineos gostaria de ver Bernal ao lado de Froome sem ter nas pernas uma Volta a Itália e talvez levar depois o colombiano à Vuelta. Caso o britânico não consiga discutir a vitória, Bernal assumiria de imediato as rédeas.

Porém, o colombiano já tem vindo a dizer o quanto gostou do percurso do Giro e agora não deixou dúvidas quanto ao que vai defender no próximo estágio da equipa, quando a próxima temporada ficar mais delineada: "Gostaria de correr o Giro e depois ir ao Tour. Estou super entusiasmado com a possibilidade de fazer o Giro. Fazer as duas é muito complicado, mas se tomarmos a decisão, poderíamos fazê-lo bem."

O ciclista realçou ainda que sabe que é "quase impossível" ganhar as duas, mas diz ser "uma pessoa muito aberta para ir seja ao Giro, Tour e Vuelta", pois "afinal são três corridas muito importantes". E Bernal quer ganhar todas durante a sua carreira. Salientou como não sente qualquer pressão e que na Ineos as opiniões dos ciclistas são ouvidas. "Entre todos vamos tentar chegar a um calendário ideal para que nos sintamos cómodos e agradados com as corridas e papéis que vamos ter", afirmou na entrevista dada ao jornal espanhol As.

Egan Bernal parece estar mesmo decidido em correr um Giro que não fez durante a sua passagem de duas épocas pela formação italiana Androni: "É uma corrida muito bonita.Vivi lá dois anos e tenho bastantes amigos. Já corri o Tour, portanto, poderia tentar Itália."

Se a Ineos aceitar a ideia de Bernal, então muito se falará de como será a relação com Carapaz, com o equatoriano a já estar habituado a partilhar lideranças e partir em segundo plano. Este ano aconteceu no Giro que ganhou, com Mikel Landa a ser a escolha número um da Movistar no arranque da prova. Thomas poderá passar para terceira opção ou quanto muito esperar por uma Vuelta, sem garantias que seja o líder indiscutível. Mas tudo acaba por estar um pouco dependente de como irá recuperar Chris Froome nos primeiros meses da temporada.

Perante a intenção de Bernal, há que recordar que ganhar o Giro e o Tour na mesma temporada tem demonstrado ser algo impossível em tempos recentes. O último a alcançar o feito foi Marco Pantani em 1998. Alberto Contador tentou em 2015, ganhou o Giro, mas cedeu no Tour (quinto). Nairo Quintana (2017) foi segundo em Itália e "desapareceu" em França (12º). Chris Froome (2018) foi, ainda assim, quem fez melhor. Ganhou o Giro e ainda conseguiu - a muito custo e com a ajuda preciosa do então estreante Bernal - fazer terceiro no tour. Tem a palavra a Ineos.

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