23 de novembro de 2018

Volta a Portugal desiludiu mas a Efapel teve razões para sorrir

A frustração de uma Volta a Portugal abaixo das expectativas não significa que a Efapel tenha realizado uma má temporada. Com as equipas portuguesas a apostarem grande parte da época nessa prova, é natural que a formação de Américo Silva tenha ficado a desejar por mais e melhor. Porém, olhando para tudo que foi alcançado em 2018, a Efapel pode sorrir. Foi a terceira equipa com mais vitórias (a par da Aviludo-Louletano-Uli), com Daniel Mestre a ser a figura de destaque.

Foi o segundo ano em que Sérgio Paulinho assumiu a responsabilidade de liderar a equipa, ainda que tenha sido salientando desde o início da temporada que, desta feita, iria partilhar a esse estatuto com Henrique Casimiro. O que foi mais do que justo pelo que o ciclista havia feito nas duas épocas anteriores. Ambos venceram: terceira etapa do Grande Prémio Abimota e também a terceira tirada no Troféu Joaquim Agostinho, respectivamente. Para Paulinho foi o primeiro triunfo neste seu regresso a Portugal, depois de ser um gregário de luxo no World Tour.

Porém, o grande objectivo ficou longe. Sérgio Paulinho nem no top dez conseguiu terminar este ano na Volta a Portugal e Henrique Casimiro acabou também ele por não se aproximar da luta pelo pódio (foi décimo). A Efapel falhou ainda na vitória de uma etapa. O próprio director desportivo assumiu que a Volta ficou aquém, mas também destacou como a restante temporada foi positiva.

Neste aspecto o nome que sobressai é o de Daniel Mestre, também ele um líder, mas para outro tipo de terrenos. Clássica Aldeias do Xisto - sempre muito relevante visto as Aldeias do Xisto serem um dos patrocinadores da equipa -, duas etapas no Grande Prémio Jornal de Notícias e ainda foi fechar a época com um triunfo no Circuito de Nafarros. Em três temporadas com a Efapel, Mestre foi dos ciclistas que mais alegrias deu, ainda que nas últimas duas não tenha conseguido ganhar na Volta. E não foi por falta de tentativas. 

Daniel Mestre considerava a Efapel a decisão certa para a sua carreira quando assinou em 2016 e com razão. O seu trabalho e qualidade como ciclista valeram-lhe agora um contrato com a W52-FC Porto, que se prepara para subir de escalão. Uma oportunidade que se percebe que seja difícil dizer que não.


Ranking: 5º (1506 pontos)
Vitórias: 9 (incluindo a Clássica Aldeias do Xisto e três etapas do GP Jornal de Notícias)
Ciclista com mais triunfos: Daniel Mestre (4)


Mais discreto, até pela sua personalidade, a Efapel teve um ciclista que começou devagar, mas quando a época terminou, tinha mostrado ser uma contratação de valor. O espanhol Marcos Jurado sofreu uma gripe que o prejudicou no início da temporada , mas, entre Abril e Maio, começou a atingir um pico de forma e sucederam-se as presenças nas fugas e os bons resultados apareceram, como a vitória na Volta a Albergaria. Já o outro espanhol contratado em 2018, o veterano David Arroyo, teve um regresso ao pelotão português sem muito para recordar.

Há que falar de Bruno Silva. É um daqueles corredores que não sabe fazer as coisas mal. É um gregário que às vezes até pode passar despercebido, mas cumpre muito bem com o que lhe é pedido. Américo Silva não abre mão deste corredor, nem de Rafael Silva, que mereceu mesmo algo pouco visto em Portugal: uma renovação de contrato por dois anos. O sprinter ganhou uma etapa no Grande Prémio Jornal de Notícias e ainda a medalha de bronze nos Jogos de Mediterrâneo, com as cores da selecção nacional.

A época foi boa para a equipa, a Volta a Portugal não. E a Efapel quer ganhar e muito a Volta. Lutar por vitórias e até ficar perto de as alcançar na Grandíssima, acabar com um ciclista no top dez sabe a pouco e a equipa está a realizar um forte investimento para 2019 e vai pensando além disso. Já se fala num projecto para subir a Profissional Continental em 2021. Mas primeiro, a Efapel quer ganhar a Volta.

O regresso de Joni Brandão é uma contratação de extrema importância. Depois de dois anos no Sporting-Tavira, o ciclista regressa à casa onde se consolidou como um dos melhores ciclistas portugueses e espera-se que seja novamente o líder na Efapel que Sérgio Paulinho não conseguiu ser. A experiência de Paulinho como gregário poderá vir a ser importante, como braço-direito de Brandão, não esquecendo Henrique Casimiro, que poderá não perder alguma da liberdade que desfrutou este ano. Este será um trio potencialmente forte se se apresentar bem.

Além de Joni Brandão, a Efapel apostou na contratação de ciclistas estrangeiros. Foi buscar o espanhol de 26 anos, Antonio Angulo (Rías Baixas), que em 2017 representou a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack e venceu a Volta à Bairrada. Américo Silva gosta de contar com ciclistas com experiência e com currículo internacional e garantiu dois. O uruguaio Fabricio Ferrari (33 anos) esteve dez épocas na Caja Rural, enquanto o búlgaro Nikolay Mihaylov (30) representou seis anos a polaca CCC Sprandi Polkowice e em 2017 esteve na francesa Delko Marseille Provence KTM. Ambos sabem o que é fazer corridas importantes, de categoria World Tour, são trepadores, pelo que poderão fazer parte do bloco que o director desportivo quer construir em redor de Joni Brandão.

Sérgio Paulinho, Henrique Casimiro, Bruno Silva, Rafael Silva, Marcos Jurado e Pedro Paulinho são as permanências, numa Efapel que quer acabar com o longo jejum de vitórias, pois desde que David Blanco ganhou a Volta em 2012, a equipa não mais repteiu o feito. Só com um bloco forte será possível pensar em debater-se com a poderosa W52-FC Porto e é isso que Américo Silva está a tentar construir, agora que "recuperou" Joni Brandão.

Veja aqui todos os resultados da Efapel em 2018 e das restantes equipas nacionais.

»»Um Edgar Pinto livre de azares e um João Matias cada vez mais líder««

Sem comentários:

Enviar um comentário