(Fotografia: Twitter Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini) |
Se há triunfos que não se esquecem são os primeiros e depois há sempre aquele marcante - uma etapa numa grande corrida - e ganhar na despedida também é algo que os ciclistas não se importam nada de concretizar. Marangoni conseguiu juntar tudo numa só vitória. Num só momento inesquecível.
Tem 34 anos, passou pelas equipas da Colnago-CSF Inox (actual Bardiani-CSF), Liquigas-Cannondale - que depois da fusão com a Garmin se tornaria naquela agora chamada de EF Education First-Drapac p/b Cannondale -, antes de em 2017 assinar pela Nippo-Vini Fantini.
Ivan Basso, Vincenzo Nibali e Peter Sagan foram algumas das figuras que ajudou a conquistar vitórias, tendo ainda sido colega de ciclistas como Elia Viviani, Daniel Martin, Rigoberto Uran e do português André Cardoso.
"Cortar a meta em primeiro e ganhar num dia que já era especial é, para mim, indescritível emocionalmente", desabafou um Marangoni que não conseguiu evitar as lágrimas ao vencer o Tour de Okinawa, no Japão. Nesta corrida de um dia, era mesmo caso para dizer que este italiano nada tinha a perder, pelo que atacou nos quilómetros finais para alcançar algo que sempre sonhou, sem, no entanto, viver obcecado por alcançar. Marangoni teve o seu final de conto de fadas: "Foi o dia perfeito que sempre procurei na minha carreira e hoje [domingo] encontrei-o."
Mas talvez o que melhor possa explicar o sentimento que tomou conta de Marangoni é esta frase, numa entrevista ao jornal La Repubblica: "Valeu como um Mundial para mim." O ciclista confessou que se sente como uma criança, agora que sabe o que é ganhar uma corrida como profissional, mesmo que tenha sido a sua última competição. "O ciclismo é lindo e uma vitória nunca foi uma obsessão para mim, mas queria uma, queria tentar", referiu.
Apesar deste momento, Marangoni não vai mudar de ideias quanto ao seu futuro já bem definido. "É a altura certa [para me retirar]. Agora começa uma nova carreira. Vou lançar um canal de ciclismo na internet", explicou.
Não é que subir ao primeiro lugar do pódio tenha sido algo completamente desconhecido para Marangoni. Mas nunca tinha alcançado aquele momento de vitória individual, como profissional. Em 2016 fazia parte da equipa da Cannondale-Drapac que venceu o contra-relógio colectivo na Volta à República Checa. Recuando até 2006, encontramos um jovem Marangoni a vestir a camisola de campeão italiano de contra-relógio, no escalão de sub-23. Dois anos depois, como amador, venceu uma etapa no Giro della Regione Friuli Venezia Giulia. Mas faltava aquela vitória como profissional.
Aquele 19 de Maio de 2015 esteve perto de ser o dia que marcaria a carreira de Marangoni. Numa disputa a quatro, todos italianos, pela vitória na 10ª tirada do Giro, o ciclista acabou por ficar em quarto. Então foi Nicola Boem o mais forte, com quatro segundos a separar Marangoni de ganhar no Giro. Fez cinco, mas também tem uma Vuelta e um Tour no seu currículo e terminou todas as grandes voltas em que participou. Esteve ainda em 19 monumentos, finalizando apenas nove, mostrando como o seu forte eram as provas por etapa.
Há um mês que Marangoni e a Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini andam pela Ásia, em corridas de final de temporada, pois um dos patrocinadores é japonês. Hong Kong, China e para acabar Japão. "Foi um mês de sacrifício longe de casa, mas eu queria fechar a minha carreira da melhor maneira." E melhor era impossível.
Marangoni coloca um ponto final na carreira no mesmo ano que outro ciclista italiano, vencedor de um Giro e colega na Nippo-Vini Fantini-Europa Ovini, também optou por sair de cena aos 37 anos. Damiano Cunego não teve o final que desejava com uma derradeira Volta a Itália - a equipa não recebeu um convite -, mas alcançou grandes triunfos, principalmente nos primeiros anos como profissional.
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