17 de novembro de 2018

Luta pela inocência passará por angariar fundos para recorrer da suspensão

Desiludido com a decisão da UCI? Sim. Mas André Cardoso não está disposto a desistir de lutar por comprovar a sua inocência no caso de doping que o leva a enfrentar uma suspensão de quatro anos. Resta ao ciclista recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto e com a questão financeira em jogo, Cardoso quer angariar fundos para ter o dinheiro necessário de forma a continuar a batalha e tentar reverter uma sanção, que considera ter sido decidida para fazerem dele um exemplo.

"Tenho lutado contra isto há 16 meses, mas, desde o início, ficou claro que a UCI queria fazer de mim um exemplo para criar um precedente para sancionar atletas com a amostra A, ignorando o devido processo." Cardoso reagiu através de um comunicado à suspensão atribuída por ter testado positivo por EPO. O corredor tem sempre defendido a sua inocência. Apesar da contra-análise não ter confirmado o resultado da primeira e ter sido considerado "atípico", a UCI acabou por aplicar a pesada suspensão a André Cardoso.

"Estou a tentar não ficar furioso, mas esta confirmação é extremamente decepcionante", lê-se no comunicado. O ciclista questiona porque razão foi contratada "uma firma de advogados de topo e quase todos os especialistas médicos" - que até poderiam ajudar o próprio atleta - se o caso era, como a UCI defendia, muito claro. "Se fosse um caso simples, isto teria sido concluído rapidamente", disse.

Perante a decisão da UCI, resta a André Cardoso o Tribunal Arbitral do Desporto, na Suíça. Para poder recorrer da suspensão, será preciso dinheiro. "Neste momento tenho de considerar todas as minhas opções, mas pretendo angariar fundos para uma batalha legal e continuar a trabalhar para provar a minha inocência. Para mim, isto é uma discussão sobre equidade porque, a não ser que alguém tenha os recursos de um ciclista de topo, é impossível lutar."

Aos 34 anos, é assumido que a longa suspensão coloca um ponto final na carreira de André Cardoso. O ciclista de Gondomar foi informado do resultado da análise realizada fora de competição, quando se preparava para fazer a sua estrear na Volta a França, ao lado de Alberto Contador, na Trek-Segafredo. Já lá vão quase 17 meses. Um regresso à competição só poderá acontecer a 27 de Julho de 2021, se o atleta não conseguir que o seu recurso tenha sucesso.

Apesar da contra-análise não ter confirmado o primeiro teste, a UCI terá considerado que a EPO se tinha dissipado durante o tempo que separou as duas análises. André Cardoso pediu a um especialista anti-doping, Dowe de Boer, para investigar o que terá provocado o resultado inicialmente. "As autoridades de anti-doping estão a lutar uma dura batalha contra os verdadeiros infractores. Infelizmente, em todas as batalhas há vítimas inocentes. Essas vítimas também têm direitos e devem ter a oportunidade para provar a sua inocência e limpar os seus nomes", afirmou  De Boer, citado no comunicado do ciclista português.

E acrescenta: "Neste caso específico, há algumas razões para investigar a causa desta aparente infracção de doping. Uma investigação como esta requer tempo e esforço de todas as partes envolvidas." Para De Boer, há que fazer tudo para que se previna que existam vítimas inocentes nesta batalha contra o doping.

Leia o comunicado na íntegra.



Sem comentários:

Enviar um comentário