24 de novembro de 2018

Uma época para recordar

(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
Terminar uma temporada e ver que um dos ciclistas de quem muito se exigiu, cumpriu plenamente e ainda houve mais corredores a ter um ano de sucesso, então só pode ser um 2018 muito feliz para a Rádio Popular-Boavista.

Em Fevereiro, o director José Santos disse sobre Domingos Gonçalves: "Acho que ele tem de assumir mais responsabilidade e acho que tem de ter mais cabeça e sangue frio para assumir a liderança da equipa em algumas corridas." No fim de Agosto, o gémeo tinha somado seis vitórias, incluindo os dois títulos nacionais (contra-relógio e de fundo) e uma etapa na Volta a Portugal. Se Gonçalves centrou muita atenção em si, houve mais. David Rodrigues juntou a conquista da Taça de Portugal e aquela memorável exibição na etapa da Senhora da Graça merecia mais. E a equipa não ficou por aqui, numa temporada plena de razões para celebrar.

Este foi um ano de muita qualidade para a Rádio Popular-Boavista, com 11 vitórias, só sendo ultrapassada pela W52-FC Porto. Com armas bem diferentes da equipa do Sobrado, a formação de José Santos conseguiu igualar a ambição a muitos e bons resultados. E Domingos Gonçalves é o nome incontornável de 2018.

Respondeu por completo ao repto do seu director desportivo, começando a ganhar na Clássica da Primavera, em Março, e só terminou com a conquista de um circuito, o de Alcobaça, em Agosto. Aos 29 anos, Gonçalves realizou a sua melhor temporada - ficou ainda com a medalha de prata no contra-relógio dos Jogos do Mediterrâneo - e a recompensa veio não só no formato de triunfos, mas também numa nova oportunidade na Caja Rural, equipa a que regressará em 2019, depois de por lá ter passado em 2016, então ao lado do irmão, José Gonçalves (Katusha-Alpecin).

Mas ter mais ciclistas a conseguir triunfos, é algo que José Santos queria ver. David Rodrigues confirmou o que pode fazer de melhor. Será difícil esquecer como a meta da Senhora da Graça ficou a 250 metros de uma vitória, quando Raúl Alarcón (W52-FC Porto) o ultrapassou. Foi fuga solitária de 70 quilómetros que merecia um final diferente. A mítica subida fica para ser conquistada noutra altura, mas Rodrigues sai de 2018 com a Taça de Portugal, uma etapa no Grande Prémio Abimota e um conjunto de exibições que elevaram o seu estatuto dentro da equipa, o que lhe poderá valer mais destaque no próximo ano.


Ranking: 4º (2037 pontos)
Vitórias: 11 (incluindo os dois títulos nacionais e uma etapa da Volta a Portugal)
Ciclista com mais triunfos: Domingos Gonçalves (6)

Luís Gomes venceu no Grande Prémio Anicolor e, entre os estrangeiros, foi Óscar Pelegrí quem se mostrou com a vitória no Grande Prémio Abimota/Altice e uma etapa no Grande Prémio de Portugal Nacional 2. Para a história ficam sempre os sucessos, mas a Rádio Popular-Boavista teve em muitas corridas sempre alguém em fugas ou na discussão das vitórias, com Domingos Gonçalves a ser uma presença assídua no top dez. Aliás, há que destacar também que terminou em nono na Volta, algo que nem estava nos seus planos. João Benta - o senhor regularidade quando se entra na fase final de preparação para a Volta - foi sexto, em mais uma prova que foi um ano feliz para a Rádio Popular-Boavista e que na corrida que mais se quer brilhar, a camisola desta equipa foi muito vista.

Se a aposta nos russos Egor Silin e Yuri Trofimov foi perdida, promover o regresso de Daniel Silva deu novo alento, ainda que talvez mais a pensar em 2019. O ciclista esteve suspenso, voltou à competição em Maio e não conseguiu atingir o nível de forma que o levou ao pódio na Volta em 2016. Porém, é um elemento importante e que poderá ser novamente uma aposta forte na próxima temporada. Em boa forma, poderá constituir uma dupla interessante com João Benta, sendo que se prepara para chegar a nova aposta da equipa.

É a pensar em repetir o sucesso desta época que José Santos contratou Luís Mendonça. Domingos Gonçalves será um homem difícil de substituir, mas no que diz respeito à vontade de vencer, ambos equiparam-se. Apesar da aposta tardia no ciclismo, os dois anos na Aviludo-Louletano-Uli permitiram a Mendonça evoluir de sprinter a um ciclista que sobe cada vez melhor e, aos 32 anos, alcançou a sua primeira grande vitória. Não fez por menos: a geral da Volta ao Alentejo. Na equipa algarvia, Vicente García de Mateos é o líder principal, pelo que a ida para a Rádio Popular-Boavista poderá ser uma forma de Mendonça encontrar mais liberdade. Para o ter contratado, José Santos vai apostar forte e exigir muito de Mendonça.

Entre os jovens, que fazem sempre parte desta estrutura, João Salgado mantém-se, com a contratação que chama mais a atenção ser a de Hugo Nunes. É um dos talentos a sair do Miranda-Mortágua. Tem sido escolha na selecção nacional, sendo um bom trepador que, aos 22 anos, dá um passo importante na carreira.

Um dos melhores juniores portugueses junta-se à equipa, Afonso Silva (Sporting-Tavira-Formação Engenheiro Brito da Mana), enquanto de Espanha, da equipa amadora da Caja Rural, chega Antonio Gómez. João Benta, Daniel Silva, Luís Gomes e David Rodrigues permanecem, além de Salgado. Entre as saídas, a não renovação de Pelegrí não deixou de ser um pouco surpreendente, dado os resultados, mas há outro adeus mais marcante. Depois de duas temporadas, Filipe Cardoso deixa a Rádio Popular-Boavista e vai com Pelegrí para a Vito-Feirense-BlackJack.

Veja aqui todos os resultados da Rádio Popular-Boavista em 2018 e das restantes equipas nacionais.

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