(Fotografia: Team Sky) |
O ciclista dá todo o mérito da vitória a Thomas, mas não esconde que tudo o que foi aparecendo nas notícias lhe roubou muita da atenção que queria colocar nos treinos, não se podendo esquecer como a ASO, que organiza o Tour, anunciou que não iria permitir a inscrição de Froome, até que dias antes a UCI encerrou o caso, decidindo a favor do britânico. "Para ser sincero, foi definitivamente uma distracção para mim e na minha preparação para a Volta a França. Quando tens algo assim a decorrer nos bastidores, há um desgaste de energia e prejudica a atenção quando se é suposto estar a pensar na preparação e em recuperar", confessou Froome ao VeloNews.
O vencedor de seis grandes voltas reconhece que foi "muito, muito difícil" lidar com a situação, principalmente quando colocou em causa a sua "credibilidade como um desportista limpo". Realçou como tal é muito importante para ele. Quando foi ilibado, Froome ficou livre de ir ao Tour para procurar a sua quinta vitória, o que lhe teria valido a entrada no grupo de recordista de triunfos na corrida. "Fiquei muito grato por ir ao Tour e da decisão ter sido feita antes da corrida começar. Pelo menos, por esse lado, eu pude colocar um ponto final e correr com maior tranquilidade."
Foram meses de incerteza e suspeições, com o ciclista e a equipa a não pouparem esforços na defesa. Froome acusou o dobro do permitido da substância utilizada por asmáticos, mas sempre disse que não tinha tomado mais do que as regras estipulam. "Sinto que vivo de acordo com os meus princípios e ter tudo posto em causa devido a algo como o salbutamol, foi frustrante. Muitas pessoas não perceberam o que estava a acontecer", explicou, garantindo que, apesar da frustração que sentiu, não irá parar.
Mesmo com toda a suspeição e algumas críticas de outros ciclistas, que defenderam que Froome não deveria estar a competir enquanto decorria o processo, o britânico foi a Itália ganhar o Giro, completando assim o ciclo de vitórias nas três grandes voltas. No Tour, caiu na primeira etapa, mas, mais relevante, Froome nunca conseguiu demonstrar nas montanhas o nível de outras corridas, enquanto Geraint Thomas esteve exímio. Ainda assim, Froome conseguiu subir ao último lugar do pódio.
Thomas revelou recentemente que, ao contrário do que esperava, a Sky protegeu apenas Froome e chegou mesmo a avisá-lo que se tivesse algum problema no contra-relógio colectivo, ninguém esperaria por ele. Contou também que Froome alertou-o por duas vezes que iria atacar nas etapas.
Chris Froome esteve na apresentação do Giro, não afastando a possibilidade de defender o título em 2019, algo que poderá não ter sido mais do que um discurso politicamente correcto, pois, aos 33 anos, e estando ganhas as três grandes voltas, o britânico irá regressar ao plano inicial de carreira: vencer cinco Tours e juntar-se a Eddy Merckx, Bernard Hinault, Jacques Anquetil e Miguel Indurain. E claro, se conseguir, irá tentar o sexto e assim ser o recordista.
Independentemente do calendário, para Froome, o mais importante é que irá preparar 2019 sem ter de pensar na defesa do caso do salbutamol. Para já, está em Medellín, Colômbia, para participar no "El Giro de Rigo", corrida de Rigoberto Uran, ciclista da EF Education-First-Drapac p/b Cannondale, mas que foi companheiro de Froome na Sky entre 2011 e 2013.
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