A vitória de Venceslau Fernandes na Volta a Portugal do Futuro
foi um dos pontos altos da época (Fotografia: Podium/Paulo Maria) |
Porém, naquele que se queria ser um ano em que se dava um passo em frente na evolução da estrutura, acabou por ficar marcado pela sombra da saída do seu principal patrocinador e o futuro está muito incerto, com a procura por um patrocinador a continuar nesta altura do ano. Tal não afectou o rendimento dos ciclistas, ainda que os responsáveis tivessem de lidar com o facto de 2019 ser uma incógnita. Primeiro 2018.
Tal como o Miranda-Mortágua, a Liberty Seguros-Carglass apostou em ciclistas que já eram da casa para o projecto agora Continental, promovendo ainda o regresso de André Carvalho, depois de uma aventura pouco feliz na Team Cipollini. Não contratou ciclistas com mais de 25 anos (podia ter dois). O director desportivo, Manuel Correia, completou o plantel com alguns dos melhores juniores e assim enfrentou o novo desafio de ver os seus jovens competir nas principais competições nacionais.
Carvalho foi desde cedo um ciclista em destaque, com o segundo lugar entre a classificação da juventude na Volta ao Algarve. Este corredor foi muito regular durante toda a temporada, tanto pela equipa, como pela selecção, não restando dúvidas sobre a sua qualidade. Não surpreende, portanto, que esteja a caminho da Hagens Berman Axeon, seguindo as pisadas dos gémeos Oliveira e de Ruben Guerreiro, que em 2019 serão todos ciclistas do World Tour.
César Martingil foi um dos líderes, ele que é aquele ciclista incansável, que nunca baixa os braços e que teve o seu momento, que quase foi um grande momento. Mas antes foi Rafael Lourenço que fez história. É dele a primeira vitória da equipa numa das mais importantes corridas nacionais agora que é Continental: conquistou a segunda etapa do Grande Prémio Jornal de Notícias, no arranque para uma fase de temporada que correu de feição à Liberty Seguros-Carglass.
Ranking: 7º (384 pontos)
Vitórias: 4 (incluindo uma etapa no GP Jornal de Notícias e a geral da Volta a Portugal do Futuro)
Ciclista com mais triunfos: Venceslau Fernandes (2)
Pelo destaque mediático que a Volta a Portugal tem, é inevitável olhar para o que fez César Martingil como algo que não será esquecido. Esteve longos minutos sentado na cadeira de líder no prólogo e só o especialista Rafael Reis (Caja Rural) lhe tirou um triunfo, que por dois segundos não foi para Martingil e para uma Liberty Seguros-Carglass sem garantias do principal patrocinador para 2019. Uns terão como total surpresa o que fez Martingil, mas este é um ciclista com escola de pista e que pode defender-se bem em certos contra-relógios, como o de Setúbal. Ou seja, curto e a pedir "explosão". No dia seguinte foi terceiro no sprint, em Albufeira e quando estava de branco, líder da juventude, uma queda estragou-lhe a corrida. Acabaria por abandonar.
No entanto, o feito para uma equipa como a Liberty Seguros-Carglass estava garantido, mesmo que não tivesse sido uma vitória, contribuindo também para o aumento de reputação de Martingil. Assinou pelo Sporting-Tavira para 2019, tendo vencido o Circuito do Bombarral para fechar a temporada com um triunfo que faz sempre bem ao moral.
A época tinha já um balanço positivo, com os jovens ciclistas a corresponderem bem às dificuldades de estar num nível superior, ainda que para a Volta tenha sido necessário contratar dois corredores espanhóis, Samuel Blanco e Carlos Marquez. As lesões limitaram as escolhas e os sub-23 de primeiro ano não foram sujeitos a uma corrida com uma exigência altíssima.
Mas faltava um dos principais objectivos da temporada. Há que não esquecer que, apesar do acesso às principais corridas, nunca foi colocado para segundo plano a ambição de continuar a vencer as provas do escalão sub-23. Chegou então a Volta a Portugal do Futuro. Venceslau Fernandes, aquele nome que nunca passa despercebido - e que se estreou na Grandíssima que o seu pai ganhou em 1984 -, começou a construir o seu currículo. Venceu uma etapa e a geral, sucedendo a um companheiro que este ano rumou à W52-FC Porto, José Neves. Fim de época perfeito para o ciclista que vive com o peso do nome do pai, não esquecendo que tem como irmã Vanessa Fernandes, sempre perto no apoio a Venceslau.
Mesmo com todo um passado de formação de enorme relevância no ciclismo nacional, mesmo depois de uma época de estreia na nova categoria positiva, as más notícias chegaram mesmo. A Liberty Seguros vai deixar de patrocinar a equipa. A confirmação já chegou num timing difícil, mas um mal nunca vem só. Também a Carglass apanhou desprevenidos os responsáveis da estrutura, saindo também de cena.
A União Desportiva Oliveirense vai unir-se à Bike Clube de Portugal, detentora da equipa, mas a procura por um patrocinador principal continua. Estas saídas tardias das duas marcas, que davam nome à estrutura, não facilitou em nada a preparação da época de 2019. Mas a equipa estará na estrada - mesmo perante as dificuldades que enfrenta - e novamente como Continental sub-25. Perderá além de Martingil e André Carvalho, Gaspar Gonçalves (Miranda-Mortágua) e André Crispim (LA Alumínios), por exemplo, outros dois corredores com peso na equipa.
Estão confirmadas as permanências de Venceslau Fernandes - que irá assumir um papel de ainda maior destaque -, Rafael Lourenço, João Carneiro, Fábio Costa, Pedro José Lopes, Pedro Miguel Lopes e espera-se que Filipe Rocha possa estar totalmente recuperado dos problemas físicas para regressar em força à competição.
Como reforços, a equipa terá José Sousa (Miranda-Mortágua) e o júnior Hélder Gonçalves (ACR Roriz) vai fazer a sua estreia como sub-23 numa das melhores estruturas nacionais para jovens ciclistas, que vive tempos difíceis e de incerteza, mas não desiste de manter vivo um projecto de sucesso no ciclismo nacional.
Veja aqui todos os resultados da Liberty Seguros-Carglass em 2018 e das restantes equipas nacionais.
Veja aqui todos os resultados da Liberty Seguros-Carglass em 2018 e das restantes equipas nacionais.
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