5 de novembro de 2019

Mais uma oportunidade para André Greipel e Mark Cavendish

(Fotografias: © Arkéa Samsic e © Team Dimension Data)
André Greipel vai regressar ao World Tour, numa derradeira tentativa de sair do ciclismo pela porta grande. A experiência na Arkéa Samsic não foi positiva e o alemão procurava um novo desafio para evitar a retirada aos 37 anos. A Israel Cycling Academy vai dar a oportunidade que o "Gorila" procurava. No aproximar do final de uma era no sprint, também Mark Cavendish vai mudar de ares, esperando que ao reunir-se com um dos homens responsáveis pelo seu sucesso, possa reencontrar-se com algumas boas exibições frente a uma nova geração que já tomou conta da especialidade. A Bahrain-Merida quer tentar recuperar o sprinter, que ainda não perdeu a esperança de tornar-se o recordista de vitórias no Tour.

"Não sou alguém que esteja a olhar para o passado. Quero apenas olhar para o futuro e começar a partir daí. Estou ciente das minhas capacidades e vou dar o meu melhor", afirmou Greipel, no dia em que a Israel Cycling Academy confirmou mais uma figura para o projecto que se prepara para dar o salto para o World Tour, em 2020. Greipel vai juntar-se a Dan Martin, irlandês que trocará a UAE Team Emirates pela equipa israelita, que comprou a licença da Katusha-Alpecin.

Nas últimas três temporadas, o tempo começou a apanhar Greipel e as vitórias diminuíram, sendo claro a dificuldade em medir forças com os sprinters então emergentes (entretanto já mais do que confirmados) como Fernando Gavira e Dylan Groenewegen, por exemplo. A difícil relação com o então director da Lotto Soudal, Paul de Geyter - que acabou por sair da equipa - resultou no adeus de Greipel a uma estrutura, depois de oito anos de muitas e importantes vitórias.

O alemão venceu apenas uma etapa na Tropicale Amissa Bongo, em Janeiro, pela Arkéa Samsic. Na Volta a França, mal se viu nos sprints. Greipel nem terminou a temporada, rescindindo o contrato em Outubro. A Israel Cycling Academy justifica a contratação do veterano por acreditar que pode ainda ganhar, mas "mais importante, pela vasta experiência que traz à equipa, tanto nas clássicas, como nas discussões ao sprint". Ou seja, Greipel vai ter de assumir um papel de voz de comando, numa equipa que vê a chegada ao World Tour como apenas mais uma passo na sua subida de nível. A Israel Cycling Academy quer tornar-se nos próximos anos numa equipa forte e ganhadora.

11 etapas no Tour, sete no Giro, quatro na Vuelta... e são apenas algumas de um currículo de luxo de um sprinter fantástico e que é difícil não pensar que merece um final de carreira mais animador do que a temporada que Greipel viveu na Arkéa Samsic, equipa que pertencia ao escalão Profissional Continental. E há que não esquecer que na primeira fase da sua carreira foi um lançador importante para Mark Cavendish, outro sprinter à procura de melhores dias.

O diagnóstico do vírus Epstein-Barr fez a carreira do britânico cair a pique. A Dimension Data ainda renovou contrato com o ciclista para 2019, mas depois até o deixou de fora do Tour, algo que não acontecia há 13 anos. Aos 34, Cavendish é um sprinter que merece o respeito de todos, mas já não é visto como ameaça de outrora. O britânico recusa desistir e viu com bons olhos a possibilidade de trabalhar de novo com o director Rod Ellingworth, o homem que o ajudou a sagrar-se campeão do mundo em 2011 e não só. Ellingworth deixou a Sky/Ineos para liderar uma Bahrain-Merida que vai entrar na era pós-Vincenzo Nibali e tentar dar um passo rumo ao plano de se tornar numa das equipas referências do pelotão mundial.

Recentemente Cavendish regressou à pista e mostrou estar bem melhor fisicamente, mas mantém-se a incógnita de como se poderá apresentar na estrada em 2020. O britânico não faz segredo que lhe resta um objectivo a cumprir na carreira: igualar ou mesmo ultrapassar as vitórias de etapas no Tour de Eddy Merckx (34). Cavendish vai em 30. Uma marca ali tão perto, mas que depois das últimas três temporadas parece estar tão longe de alcançar.

Greipel e Cavendish, dois gigantes do sprint, dois ciclistas que marcaram uma era e serão sempre recordados como dos melhores na vertente. O tempo não perdoa, mas nenhum está ainda disposto a deixar a bicicleta. Assinaram apenas por uma temporada pelas respectivas equipas. É o tudo ou nada para ambos.

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