(Fotografia: © Team Jumbo-Visma) |
Wout van Aert está a dar as primeiras pedaladas a pensar na preparação para a temporada de ciclocrosse na esperança que antes do final do ano possa estar de regresso à competição. Vai perder as primeiras provas, mas ainda ambiciona uma presença no Mundial. Esta sexta-feira partilhou no Strava o seu primeiro treino nesta vertente, depois de ter passado as últimas semanas a recuperar da grave queda no contra-relógio da Volta a França. Para o belga está a ser um desafio, não apenas a nível físico, mas também mental. O ciclista belga admitiu que precisou de ajuda para ultrapassar o que percebeu ser um trauma.
Aquele 19 de Julho será um dia que marcará a carreira de Van Aert. O próprio já admitiu que poderia ter sido ali o fim do ciclismo para ele. Estava a ser uma estreia de sonho no Tour. Tinha ajudado a equipa a vencer o contra-relógio colectivo, ganhou a 10ª etapa, andou quatro dias de camisola verde e na 13ª tirada estava a discutir a vitória no contra-relógio individual quando, a dois quilómetros da meta em Pau, tocou nas barreiras numa curva e sofreu uma aparatosa queda. Fez um golpe profundo na perna, de tal forma que logo no momento, um dos assistentes da corrida tapou-o com as faixas de publicidade que estavam no local.
Mais tarde, o ciclista explicou que a primeira operação ainda em França não tinha sido feita de forma correcta e teve de ser novamente submetido a uma intervenção cirúrgica. Durante algum tempo, até simplesmente andar era algo limitado, não podendo exagerar. A carreira vai mesmo continuar, mas foi preciso recorrer ao um "treinador mental", como descreve Van Aert, para conseguir sentir-se outra vez à vontade na bicicleta.
"Durante muito tempo pensei que não era necessário, mas talvez o devesse tê-lo feito mais cedo", admitiu ao jornal belga De Zondag. "Percebi que quando assistia às corridas ficava ansioso quando passavam rapidamente por curvas. Pensei que não teria problemas depois da queda, mas aparentemente é um trauma", acrescentou o ciclista de 25 anos.
Van Aert começou a trabalhar com Rudy Heylen e recorrer a alguém com experiência na psicologia do desporto tem sido essencial na sua recuperação: "Não quero ter medo [a andar de bicicleta]."
Toda esta experiência tem sido mais um teste à resistência mental de Van Aert. Há um ano enfrentava a possibilidade de nem sequer competir em 2019 depois de ter rompido contrato com a Vérandas Willems-Crelan. O belga acabaria por antecipar em um ano a estreia pela Jumbo-Visma, mas demorou a aparecer no seu melhor. Não foi nas clássicas como se esperava, mas sim mais para o meio do ano, principalmente no Critérium du Dauphiné e no Tour. Um ano depois de toda a incerteza que o marcou - fez uma temporada muito abaixo do normal no ciclocrosse, antes de começar na estrada, em Março -, Van Aert enfrenta novas dificuldades, pois além da recuperação física e mental, ainda está a lidar em tribunal com o caso do contrato com a Vérandas Willems-Crelan.
O então director daquela equipa, Nick Nuyens, considera que Van Aert não teve razão em quebrar o vínculo que o ligava à estrutura por mais uma época. Pede mais de um milhão de euros de indemnização, algo que o ciclista espera que não seja condenado a pagar. "Nunca ganhei esse dinheiro. Se eu não tinha razão, espero não ter de pagar esse valor", afirmou na mesma entrevista.
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