16 de novembro de 2019

Uma EF Education First cada vez mais forte

(Fotografia: © EF Education First)
Entre o bom, o muito bom e um futuro a prometer ainda melhor. A EF Education First não teve razões para terminar 2019 apenas satisfeita. Tem muitas razões para acreditar que pode crescer e ver alguns dos seus jovens ciclistas tornarem-se em figuras do pelotão mundial. E em figuras ganhadoras. Os resultados nas grandes voltas foram bons. Ganhar um monumento foi muito bom. Ter Higuita, Carthy e Martínez , por exemplo, pode tornar tudo ainda melhor.

Rigoberto Uran continua a ser o líder, mas já sabe que tem jovens companheiros mais do que preparados para tirar-lhe destaque. E já o estão a fazer. O colombiano foi novamente top dez do Tour, mas ficou longe do objectivo do pódio. Na Vuelta sofreu uma aparatosa queda e só agora em Novembro está a regressar aos treinos. Fracturou a clavícula, omoplata, costelas, cervical e perfurou um pulmão. A ver vamos como regressa em 2020.

Durante toda esta temporada, Uran viu como alguns dos seus colegas estão a evoluir muito bem. Hugh Carthy (25 anos) começou finalmente a mostrar créditos no World Tour. Excelentes exibições no Giro e na Volta à Suíça (e não só), onde ganhou uma etapa e a camisola da montanha. No Giro ficou à porta do top dez. Martínez adiou a sua afirmação definitiva devido a lesão e também a doença. Começou bem o ano e deixou todos a esperar muito com as prestações no Paris-Nice (venceu uma etapa). Acabou por ficar fora do Tour e na Vuelta esteve longe da sua melhor condição física. Para o colombiano de 23 anos, há que esperar por um 2020 sem problemas, pois é mais um ciclista daquele país preparado para conquistar o World Tour.

A EF Education First tem outro colombiano de enorme talento. Deixou Sergio Higuita adaptar-se à Europa na Fundação Euskadi no início da época e inclusivamente veio à Volta ao Alentejo ganhar uma tirada. Fez a sua estreia na equipa americana na Volta à Califórnia e só Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) foi melhor. Foi chamado para a Vuelta e que espectáculo deu! Naquela etapa 18, na chegada a Becerril de la Sierra, parecia que Higuita não estava a aprender a lição de outros dias de não se desgastar tanto, mas afinal foi o ciclista quem ensinou o que a irreverência, muita força de vontade e um ainda mais talento podem fazer. Vai ser um ciclista que estará debaixo de olho pelos adversários para o próximo ano.
Ranking: 11º (8161,99 pontos) 
Vitórias: 17 (incluindo a Volta a Flandres e uma etapa na Vuelta) 
Ciclistas com mais triunfos: Michael Woods, Daniel McLay e Jonathan Caicedo (2)
Sean Bennett e Jonathan Caicedo são mais dois nomes que geram alguma curiosidade, assim como o do mexicano Luis Villalobos, sendo ciclistas que em 2019 estiveram menos pressionados. Villalobos só chegou em Agosto.

O que reforça a confiança desta equipa é - além de saber que tem jovens de muito potencial e que mais uns vão chegar para 2020 - que conta com homens experientes para manter a formação equilibrada. Lawson Craddock, Sebastian Langeveld, Sep Vanmarcke formam parte de uma espinha dorsal desta estrutura. E claro, Michael Woods. O canadiano está a mostrar o seu melhor depois dos 30 anos, ainda que 2019 não tenha sido bem o esperado. Apostou forte na sua estreia no Tour, mas esteve longe das prestações na Vuelta de 2018, quando ganhou uma etapa. Mas este é um ciclista que sabe que pode ganhar nos grandes palcos e foi à Milano-Torino dar mais uma grande vitória a uma EF Education First que passou a acreditar mais do que nunca que está no caminho certo devido a Alberto Bettiol.

Já se sabia que o italiano era forte nas clássicas, mas não era exactamente tido muito em conta para ganhar um monumento. Mas aos 26 anos, Bettiol escolheu a Volta a Flandres para ter o seu grande momento e conquistar outro estatuto. Tanto se estava a olhar para Mathieu van der Poel e Wout van Aert - as duas novas estrelas das clássicas - e claro para os suspeitos do costume como Peter Sagen e Greg van Avermaet, e lá apareceu um Bettiol a confirmar credenciais e a deixar uma EF Education First em extâse.

Há dois anos temia pelo futuro, agora a equipa está a construir um grupo forte, apostando cada vez mais em jovens, contratando para 2020 Neilson Powless (Jumbo-Visma) - reforço para o bloco das corridas por etapas -, Kristoffer Halvorsen (Ineos) - sprinter que vai ocupar a vaga de um Sacha Modolo, que não vai deixar saudades e de Taylor Phinney, que se vai retirar do ciclismo - e o português Ruben Guerreiro (Katusha-Alpecin), que depois de uma estreia na Vuelta tão positiva só pensa em continuar a tornar-se num voltista.

Chegarão ainda Magnus Cort (Astana) e Jens Keukeleire (Lotto Soudal) que comprovam como a equipa quer alargar os horizontes além das provas por etapas, reforçando o bloco das clássicas. Esta é uma equipa que começa a entusiasmar cada vez mais e até se dá ao luxo de continuar a acreditar que ainda é possível fazer algo de Tejay van Garderen, nem que seja como gregário. O 2019 do americano, não convenceu, mais uma vez.


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