12 de novembro de 2019

Trio de luxo para colocar bem alta a expectativa da Efapel

(Fotografias: © Podium/Paulo Maria - António Carvalho;
© João Fonseca Photographer - Luís Mendonça e Tiago Machado)
 
Se há equipa que apostou muito nos reforços foi a Efapel. A precisar de um bloco mais forte para ajudar Joni Brandão e assim enfrentar uma W52-FC Porto que faz do colectivo a sua arma para ajudar um líder que, quando chega o momento, faz a diferença, a equipa não se poupou em seduzir nomes de peso. Brandão soube fazer essa diferença de líder na Efapel na Volta a Portugal em 2019 (e não só), mas em 2020 o responsável Rúben Pereira quer garantir que a seu lado estejam alguns dos melhores ciclistas do pelotão nacional e aumentar o poderio do colectivo. Era algo essencial. E nada melhor do que ir tirar uma das figuras da equipa rival e juntar um dos mais corredores mais combativos e outro com experiência World Tour, que neste aspecto fará companhia a Sérgio Paulinho.

António Carvalho (30, W52-FC Porto), Luís Mendonça (33, Rádio Popular-Boavista) e Tiago Machado (34m Sporting-Tavira) formam um trio de luxo que se funcionar bem ao serviço de Joni Brandão, então a Efapel poderá tornar-se numa ameaça ainda maior ao domínio da W52-FC Porto. Mas há ainda mais um nome a ter em conta. Tiago Antunes (22) pode ser jovem e vai dar o salto para o profissionalismo, mas chega à Efapel depois de ano e meio na SEG  Racing Academy, uma das mais importantes estruturas de formação no ciclismo. É um dos talentos emergentes da modalidade em Portugal.

O director desportivo Rúben Pereira tem agora à sua disposição uma equipa mais forte, mas tem também o desafio de lidar com egos de corredores ambiciosos, mas que têm provas dadas que ao trabalharem para o colectivo, são elementos de enorme valor. No entanto, também procuram resultados pessoais.

Quando se fala de gregários por excelência, Tiago Machado foi um durante os nove anos que passou no estrangeiro, ainda que nunca tenha desperdiçado uma oportunidade para se mostrar quando lhe era dada liberdade. Regressou a Portugal para assumir um papel de liderança no Sporting-Tavira que tinha perdido aquele que agora será seu companheiro, Joni Brandão. Contudo, a "transformação" não decorreu como o esperado, um pouco à imagem do que aconteceu com Sérgio Paulinho, quando o ciclista voltou ao seu país em 2017, depois de uma carreira exemplar no World Tour como gregário.

Paulinho é um homem de trabalho por excelência e a Efapel beneficia mais ao explorar essa sua vertente, mesmo aos 39 anos. Machado também o é, tendo ainda aquela vertente atacante que poderá a qualquer momento resultar numa vitória. E vencer está sempre nos horizontes de Luís Mendonça. Rafael Silva tem sido a opção principal para os sprints, mas terá agora concorrência. Porém, o ciclista que este ano alcançou três vitórias, somando ainda vários segundos lugares na Rádio Popular-Boavista, tem trabalhado na evolução nas subidas e o segundo lugar na Clássicas Aldeias do Xisto foi a prova que pode pensar em vários tipos de terrenos e não apenas nas corridas mais típicas para sprinters, que em Portugal escasseiam.

No entanto, os objectivos pessoais de Mendonça não chocarão com os de Brandão - o ciclista que ganhou nas Aldeias do Xisto -, o que significa que quando chegar a Volta a Portugal, o primeiro terá as suas oportunidades, mas irá depois trabalhar para o líder. Sabe fazê-lo bem, que o diga Vicente García de Mateos, quando ambos se cruzaram na Aviludo-Louletano.

Já António Carvalho tem sido importantíssimo nas conquistas recentes na Volta da W52-FC Porto. No entanto, nunca escondeu que um dia gostaria de ter a sua oportunidade. Na equipa do Sobrado era difícil, na Efapel poderá quanto muito ocupar o segundo lugar na hierarquia. Será um ciclista que precisará de objectivos pessoais. Venceu por duas vezes o Grande Prémio Jornal de Notícias e este ano conseguiu finalmente a sua etapa na Volta a Portugal e logo na mítica Senhora da Graça. Alguma corrida irá ter Carvalho como o líder da Efapel, mas em condições normais, a Volta será para trabalhar.

Rúben Pereira terá de fazer algo idêntico ao que Nuno Ribeiro faz na W52-FC Porto. Com tanto ciclista com potencial para ganhar, todos têm de ter o seu espaço para lutar por vitórias, para que quando chegar o momento de ser gregário, a motivação esteja sempre em alta.

Não há dúvidas quem será o número um da Efapel, equipa que faz desde já um discurso a pensar em ganhar a Volta a Portugal com Joni Brandão, ainda que até lá haverá muito para lutar. Mas com a época das equipas nacionais a ser muito pensada na chamada "grandíssima", não surpreende que ainda em 2019 se fale em ganhar a edição da Volta de 2020, depois de mais um segundo lugar de Brandão. Perder no contra-relógio para João Rodrigues foi difícil de digerir, mas também motivou ainda mais um ciclista que aos 29 anos (fará 30 a 20 de Novembro), depois de três segundos lugares, acredita mais do que nunca que é possível subir o degrau que lhe falta no pódio.

Chegarão ainda o espanhol Gerard Armillas (24 anos), um rolador por excelência, e o colombiano de 22 anos Nicolás Saenz, que estava sem equipa desde o final da Manzana Postobón. É um trepador, portanto, mais um ciclista que tem tudo para entrar no bloco de apoio a Joni Brandão. O português Diogo Almeida vai dar o salto da equipa de júniores da estrutura da Efapel, para evoluir junto às principais figuras.

Muitas saídas

Com 11 ciclistas para 2020, a Efapel optou por mudar quase todo o plantel, mostrando que é também uma nova era, após a saída do director Américo Silva, a meio da temporada. Só permaneceram quatro: José Brandão, Rafael Silva, Sérgio Paulinho e o irmão Pedro. A maior surpresa talvez seja a saída de Henrique Casimiro, que tem vindo a ser um dos destaque da equipa. Há quatro anos que faz top dez na Volta, esta época ganhou o Troféu Joaquim Agostinho e foi o melhor apoio que Joni Brandão teve nas etapas de montanha da Volta a Portugal. As forças faltaram na etapa da Senhora da Graça, mas toda a restante corrida foi de elevado nível.

Bruno Silva foi também um dos homens de confiança nas três temporadas que esteve de amarelo. Em 2020 representará a LA Alumínios-LA Sport. O espanhol Marcos Jurado foi um lutador e deu algumas alegrias à Efapel nos dois últimos anos, enquanto o uruguaio Fabricio Ferrari e o búlgaro Nikolay Mihaylov não corresponderam totalmente às expectativas na época que estiveram de amarelo. Antonio Angulo dá o salto para a Fundação Euskadi, que na próxima temporada será Profissional Continental.

O investimento da Efapel é grande para tentar terminar de vez com o jejum na Volta a Portugal. David Blanco ganhou em 2012, mas desde então que a actual W52-FC Porto não dá hipótese. Brandão, Carvalho e Mendonça, por exemplo, têm contratos até 2021 numa tentativa de dar outra estabilidade aos ciclistas, num país onde o mais normal são vínculos anuais. A expectativa será muito alta.

Equipa para 2020:  Joni Brandão, Rafael Silva, Sérgio Paulinho, Pedro Paulinho, Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista), António Carvalho (W52-FC Porto), Tiago Machado (Sporting-Tavira), Gerard Armillas (Team Compak), Tiago Antunes (SEG Academy), Nicolás Saenz (Team AV Villas), Diogo Almeida (júnior da Efapel). 

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