6 de novembro de 2019

CCC quis ano zero ambicioso mas precisa de mais e melhor

(Fotografia: Facebook CCC Team)
O objectivo era ambicioso tendo em conta como a CCC chegou ao World Tour. O ano começava com um director a querer 20 vitórias. O início de temporada de Patrick Bevin no Tour Down Under deixou a equipa animada. Venceu uma etapa e liderava a corrida até que sofreu uma queda. Antes tinha conquistado o título nacional de contra-relógio. Em Fevereiro, Greg Avermaet respondia ao repto de ser não só o líder para as clássicas, mas da equipa, com uma vitória na terceira tirada da Volta à Comunidade Valenciana. Na CCC sorria-se. A nova vida da BMC prometia... mas acabou por não cumprir.

Ao comprar a licença World Tour da BMC, a polaca CCC já não foi a tempo de segurar alguns dos elementos mais importantes, entre líderes e gregários. Laurens ten Dam, Simon Geschke, Víctor de la Parte e Serge Pauwels foram contratados para dar experiência a uma equipa que "promoveu" vários ciclistas da estrutura Profissional Continental, entre eles Amaro Antunes. Entre outros reforços estava um Jakub Mareczko que sentiu dificuldade para confirmar o potencial mostrado na Wilier Triestina-Selle Italia, enquanto Will Barta (Hagens Berman Axeon) teve um ano de adaptação, com a expectativa a manter-se elevada para 2020.

Porém, nem Ten Dam, nem Geschke, nem ninguém conseguiu ajudar o director Jim Ochowicz a cumprir o plano das 20 vitórias. Logo na fase de clássicas, de trabalhar para ajudar Avermaet, nos momentos importantes a equipa não conseguia ajudar o seu líder, que também esteve aquém do esperado. Nas provas por etapas aconteceu o expectável. Sem um líder forte, a CCC tentou jogar na conquista de etapas e eventualmente alcançar top dez ou um pódio, mas discutir vitórias foi difícil. A CCC foi uma equipa combativa, mas faltaram resultados mais positivos.

A CCC teve um plantel com muitas carências e 2019 foi visto como uma espécie de ano zero. Avermaet ainda rendeu três vitórias - incluindo na clássica do Quebeque, a única vitória World Tour para a formação polaca -, mas soube a pouco. Agora é preciso dar o passo seguinte, ainda que haja muito a melhorar para que a CCC possa ter a força que a BMC tinha.
Ranking: 20º (4819,79 pontos)
Vitórias: 6 (incluindo o Grande Prémio do Quebeque)
Ciclista com mais triunfos: Greg van Avermaet (3)
Desde cedo em 2019 ficou clara a necessidade de reforçar a equipa e no topo das preferências estava um líder para as três semanas. Nos dias que se seguiram ao anúncio da saída da Sky como patrocinador e até à chegada da Ineos, a CCC já olhava para a possibilidade de poder contar com alguns dos ciclistas da estrutura britânica. Michal Kwiatkowski era o mais desejado, mas o sonho de ter um líder polaco numa equipa polaca ainda vai ter de esperar.

Para 2020, a CCC atacou o mercado. Convenceu um Ilnur Zakarin que na Katusha-Alpecin não conseguiu ser o voltista que discute constantemente o pódio como se desejaria. Não é uma aposta que dê fortes garantias de sucesso, mas pelo menos será uma opção para as corridas de três semanas. Chegará também Matteo Trentin. Não tem sido regular, mas parece guardar o melhor para o final de temporadas. Poderá ser um ciclista que trará mais algumas vitórias, ainda que será interessante ver como se relacionará com Avermaet. O italiano acredita que poderá formar um dupla temível com o belga, mas Avermaet não tem sido ciclista de formar duplas. Que o diga Philippe Gilbert, no tempo em que esteve na BMC...

Jan Hirt prometeu na CCC, mas o salto para a Astana não correu da melhor forma. Regressa à equipa, agora no World Tour, e ainda há esperança que o checo se mostre nas provas por etapas. Fausto Masnada (Androni-Giocattoli-Sidermec) foi uma das figuras do Giro e a sua atitude lutadora tornou-o num ciclista apetecível. Tem 26 anos, conseguiu finalmente o contrato ao mais alto nível e vai ser daqueles ciclistas que se vai seguir com atenção. Pavel Kochetkov (Katusha-Alpecin) será um homem de trabalho por excelência, com os polacos Michal Paluta e Kamil Malecki a serem promovidos da equipa de formação da CCC. Da Tirol KTM chegará um sprinter de 22 anos, o alemão Georg Zimmermann.

Amaro Antunes cumpriu um sonho mas azar voltou a persegui-lo

O português não teve um 2018 muito feliz, com algumas quedas a estragarem-lhe parte da temporada. No entanto, a CCC levou o algarvio para o World Tour. Amaro Antunes mostrou o que se conhece dele na Volta ao Algarve, sendo oitavo. Pouco se viu depois do português no Paris-Nice e Volta ao País Basco, numa altura em que já olhava para a presença no Giro. Finalmente Amaro conseguiu estar numa grande volta, como tanto desejava.

Não foi um começo feliz, mas devido a uma fuga acabou por ficar quase uma semana no top dez. Quebrou, mas foi apenas o regresso ao plano original: lutar por etapas. E que pena foi aquela 19ª. 12 segundos separaram Amaro de uma grande vitória, que foi para Esteban Chaves (Mitchelton-Scott). Foi uma grande exibição do ciclista (não só nessa etapa), que foi terceiro nesse dia e abria assim boas perspectivas para a restante temporada.

Contudo, os azares bateram novamente à porta. Ainda pensou na Vuelta, mas não foi chamado. Tentou terminar a época forte, mas caiu na Volta à Croácia e 2019 acabou ali a temporada, antes que pudesse ir à Lombardia. Também terá terminado a aventura pelo World Tour, um nível que dificilmente perdoa épocas menos conseguidas. O pelotão português poderá ter de volta um ciclista que tanto anima corridas e dos mais acarinhados, pois Amaro estará perto de regressar à W52-FC Porto.

»»Uma época em que tudo falhou««

»»Katusha-Alpecin despede-se com mais uma época para esquecer««

Sem comentários:

Enviar um comentário