(Fotografia: © Brian Hodes-Veloimages/Floyd's Pro Cycling) |
Um ano depois de ter abanado o ciclismo com o seu regresso, Floyd Landis vai afastar-se novamente da modalidade. O antigo ciclista patrocinou uma equipa canadiana durante 2019, mas não vai continuar e, sem alternativa para substituir o apoio de Landis, a formação é mais uma a fechar portas.
A Floyd's Pro Cycling enfrentou algumas dificuldades devido ao patrocínio do ex-corredor, que continua a ser visto como um dos rostos de uma era negra da modalidade. Porém, a equipa realizou uma boa temporada, com muitas vitórias.
No final da época passada, Landis surgiu para ajudar a salvar a então Silber, equipa do escalão Continental. O objectivo passou por utilizar o dinheiro que recebeu por ter denunciado Lance Armstrong e todo o esquema de doping que durante anos perdurou na então US Postal. Landis foi essencial para que o antigo companheiro de equipa fosse acusado. O ex-ciclista americano ficou com cerca de 750 mil dólares (cerca de 680 mil euros).
"O Floyd Landis apoiou a nossa equipa numa altura em que o ciclismo norte-americano precisava e quando poderia facilmente ter utilizado o dinheiro para investir no crescimento da Floyd's of Leadville", escreveu o director geral e um dos donos da equipa, Scott McFarlane. O responsável referia-se à loja que Landis tem no Colorado, dedicada à venda de canábis e de produtos com esta substância. Legal naquele estado, não deixou de causar algum desconforto, nomeadamente no Canadá, onde a estrutura estava registada.
O primeiro dissabor foi precisamente este: a equipa não podia ter o nome da loja. Passou a ser Floyd's Pro Cycling, com o símbolo nas camisolas a ser muito parecido com o do seu negócio. Este regresso de Landis à modalidade era justificado com o querer ajudar os mais novos a terem uma oportunidade de construírem uma carreira.
A questão da canábis poderia causar algum desconforto, mas foi o regresso de Landis que fez com que a equipa fosse bastante escrutinada. O americano, agora com 44 anos, continua a ser um dos rostos de uma era muito negativa do ciclismo. Antes de ser uam testemunha importante contra Armstrong, já Landis tinha um passado público ligado ao doping. Ganhou a Volta a França em 2006, mas foi desclassificado pela utilização de substâncias proibidas. Foi suspenso, ainda competiu duas épocas após cumprir a sanção, mas era uma pessoa marcada. Ainda o é.
Um dos exemplos de como Landis causou desconforto durante 2019 foi uma nova mudança de nome da equipa. Na Volta ao Utah, em Agosto, o anúncio da presença da formação canadiana foi feita como Worthy Pro Cycling, que era um patrocinador secundário da estrutura. Não aparecer o nome de Landis terá sido uma condição para a formação poder participar na prova. Nessa altura começou a ganhar força a saída de Landis. O ex-ciclista salientava que não poderia continuar a utilizar os seus recursos financeiros sem ter garantias que pudesse estar presentes nas corridas. Por mais que quisesse ajudar jovens atletas, havia sempre a ter em conta o lado de marketing no seu patrocínio.
A decisão acabou mesmo por ser dizer adeus ao projecto. Scott McFarlane tentou encontrar uma alternativa, mas não encontrou um patrocinador para manter a equipa. 2019 terminou com 34 vitórias, 10 em corridas UCI e com três títulos nacionais, resultados que ainda assim não foram suficientes para conseguir apoios para continuar na estrada.
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