29 de novembro de 2019

Projecto EPowers Factory termina antes de começar e deixa Rebellin sem equipa

A ambição era enorme e revelou ser um pouco exagerada para uma equipa que afinal não chegou a ser. A EPowers Factory queria uma licença Profissional Continental e ir à Volta a Itália já em 2020. Contratou vários ciclistas, com o destaque a ir inevitavelmente para o veteraníssimo Davide Rebellin, mas também para Darwin Atapuma, que este ano representou a Cofidis. Porém, sem grande surpresa, o projecto não se concretizou, com a agravante de ter deixado sem trabalho mais de 30 pessoas.

Um dos responsáveis pela estrutura enviou um e-mail a todos os que já havia contratado, alertando que afinal a formação não irá para a estrada em 2020. "Informamos que as negociações entre os patrocinadores e a equipa Epowers Factory ainda não terminaram. Por esta razão, a equipa não cumpriu o prazo estabelecido para obter a licença UCI. Esta infeliz situação levou à inevitável conclusão do processo de autorização para a licença Profissional Continental por parte da UCI", lê-se no comunicado a que o jornal Marca teve acesso. Tamás Pcze confirma que os contratos dos ciclistas e membros do staff serão terminados, o que, numa altura tão tardia em 2019, poderá causar problemas a muitos ciclistas e não só para encontrar uma equipa.

"Este ano trabalhei tanto, o sonho estava ali e, em vez disso, enganaram-nos e desperdiçaram o nosso tempo. Muitos dos miúdos já desistiram. E parar assim é humilhante. Eles lixaram-nos", afirmou Gregorio Ferri ao CicloWeb, um dos jovens que se preparava para a estreia como profissional na EPowers Factory. Entre os corredores contratados estava Nicola Toffali, que nas últimas duas temporadas representou o Sporting-Tavira, e Riccardo Stacchiotti, que em 2018 venceu duas etapas na Volta a Portugal ao serviço da MsTina-Focus.

Aos 48 anos, Davide Rebellin poderá estar mesmo a caminho de terminar uma longa carreira. Já o havia anunciado este ano, com os Nacionais a serem estabelecidos como a última corrida. No entanto, resolveu adiar a despedida para competir pela EPowers Factory, que teria uma licença húngara - com apoio estatal - e cujos responsáveis prometeram aos ciclistas que o objectivo era estar na Volta a Itália em 2020, através de um convite, precisamente uma edição que vai começar naquele país.

O italiano ainda não anunciou oficialmente a sua retirada e tendo em conta que os anos vão passando, mas vai sempre encontrando espaço em equipas para continuar a competir, falta saber se 2019 marcará de facto o adeus de um ciclista que se estreou como profissional em 1993. Fez a tripla das Ardenas em 2004, ganhando a Flèche Wallonne em mais duas ocasiões e tendo entre as suas vitórias um Tirreno-Adriatico (2001) e um Paris Nice (2008). Mas é uma carreira manchada pelo doping, com o recurso a EPO a custar-lhe a medalha de prata que havia ganho nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim. Regressou em 2011, mas nunca mais foi contratado por uma equipa do principal escalão.

Quanto à EPowers, deverá apostar no seu segmento, que são as bicicletas eléctricas, com uma equipa amadora para competir nas corridas desta vertente.


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