(Fotografia: © Bettiniphoto/Bora-Hansgrohe) |
O holandês de 24 anos só esta época é que se dedicou mais à vertente de estrada - apesar de ter sido campeão nacional em 2018 - e não demorou a exibir-se a grande nível e a obter vitórias incríveis e inesquecíveis. A da Amstel Gold Race ficará para a história e recentemente na Volta à Grã-Bretanha também deixou o pelotão, nas palavras de Matteo Trentin, a parecer uns ciclistas juniores. Porém, depois de parecer que ia a caminho de mais uma performance para recordar nos Mundiais, conseguindo chegar à frente da corrida e confirmando que tinha mesmo tudo para ganhar, quebrou. E que quebra! Acabou a mais de 10 minutos do vencedor, Mads Pedersen.
Sagan conhece a sensação, tanto a de ser o super favorito, como a de ter uma quebra física depois de muito trabalhar. Tantas vezes foi o eslovaco criticado por gastar demasiada energia, que depois lhe faria falta na luta pela vitória, enquanto os seus rivais aproveitavam o seu trabalho. Para Sagan, talvez Van der Poel estivesse "demasiado motivado" em Yorkshire: "Fez a sua aposta e pagou o preço."
Outra parecença entre ambos é o passado de BTT, com o holandês a ser ainda um dos melhores no ciclocrosse. Sagan avisou como tudo é diferente na estrada e deixou então um conselho a Van der Poel: "Há que aprender a usar a cabeça." Sagan até demorou na sua carreira a seguir esta recomendação! Ao Algemeen Dagblab acrescentou: "Há uma grande diferença entre a estrada e o ciclocrosse e BTT. Nos circuitos vamos a fundo durante uma hora. Na estrada falta experiência [a Van der Poel]."
Peter Sagan disse ainda como "no princípio é tudo mais fácil". Ou seja, ninguém sabe do que um ciclista é capaz. "Ganhar uma vez está bem. Depois tens de conseguir a segunda, terceira, quarta... Então é quando começa a ficar complicado", afirmou.
Mais uma vez, Sagan sabe bem do que fala. Aos 29 anos teve uma temporada abaixo das expectativas, com apenas quatro vitórias, mas juntou a sétima camisola verde (pontos) na Volta a França, assim como a classificação dos pontos na Volta à Suíça. Nos Mundiais chegou a admitir que perdeu uma oportunidade para conquistar o seu quarto título. Sagan falhou o momento que o colocaria na frente da corrida: acompanhar Van der Poel quando o holandês atacou no grupo perseguidor.
Aos 24 anos, Van der Poel (Corendon-Circus) tem muitos triunfos por conquistar, mesmo que continue, por agora, a dividir a sua carreira entre as três vertentes. Aliás, o BTT poderá ser o seu objectivo para Tóquio 2020, enquanto Sagan não deverá repetir a presença na modalidade, depois da experiência nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. O eslovaco anunciou que não irá participar no evento teste e considera que o percurso não lhe assenta muito bem, devido às muitas subidas. O ciclista da Bora-Hansgrohe afirmou ainda que não terá tempo para se preparar de forma adequada, pelo que fica aberta a porta para ir à prova de estrada.
Enquanto Sagan decide os objectivos para 2020, certo é que na perspectiva de quem gosta de ciclismo, um dos duelos que mais se espera ver no próximo ano é precisamente o de o eslovaco com Mathieu van der Poel. Os dois em forma poderão tornar as clássicas da Primavera ainda mais interessantes.
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