(Fotografia: © Getty Sport/Trek-Segafredo) |
Que final de temporada espectacular para uma equipa que viu John Degenkolb falhar nas clássicas e Richie Porte passar algo despercebido no Tour. Ainda assim, a temporada já tinha tido momentos positivos. Giulio Ciccone foi rei da montanha no Giro, vencedor de uma etapa e foi principalmente a garantia que a Trek-Segafredo tem um jovem voltista italiano com muito potencial. Até andou de amarelo na Volta a França.
É este ritmo de vitórias que está a ter na recta final de 2019 que a equipa procura para toda uma temporada. 10 triunfos (mais o título mundial de Pedersen) é um número escasso, mas com quatro entre Setembro e Outubro - Edward Theuns venceu a Primus Classic, Jasper Stuyven a Volta a Alemanha e Pedersen o Grand Prix d'Isbergues-Pas de Calais -, esta é uma formação que vai entrar em 2020 de confiança renovada.
Mollema finalizou na Lombardia um dia muito activo da Trek-Segafredo. Toms Skujins andou em fuga, Ciccone mexeu e na subida de Civiglio, Mollema atacou. Disse que talvez o tenham menosprezado. E talvez tenha razão. Mas não tira brilho a uma grande exibição de uma versão de Mollema que se sabe existir, mas que tantas vezes esbarra em alguém mais forte, num azar ou simplesmente no claudicar do próprio ciclista.
No ano em que conseguiu finalmente um pódio numa grande volta, ainda que tenha sido por desclassificação de Juan José Cobo na Vuelta de 2011, Mollema - também ele um campeão do mundo e da Europa, mas de contra-relógio na estafeta mista - venceu um monumento, numa fase da carreira em que vai ter de lutar muito por numa liderança em três semanas.
Foi desperdiçando as oportunidades apesar de ser uma habitual presença no top dez. Mas a Trek-Segafredo quer mais. Já o remeteu para segundo plano quando contratou Alberto Contador. Com Richie Porte na equipa, Mollema não se importou de apostar no Giro, onde esteve muito bem. Foi quinto. Talvez nunca venha a conseguir subir mesmo a um pódio nas provas de três semanas e tenha de ficar apenas com aquele que foi atribuído à posteriori, mas vencer na Lombardia dá outra relevância ao seu currículo e também não lhe fará mal nenhum na tal luta por estatuto na equipa.
Porte tem mais um ano de contrato, Vincenzo Nibali está a caminho e Ciccone não ficará mais tempo na sombra de ninguém. Isto ao que grandes voltas diz respeito, pois quem sabe se vencer na Lombardia fará Mollema olhar para as clássicas das Ardenas, por exemplo, com maior ambição e eventualmente procurar o seu espaço nas corridas de uma semana.
No dia em que todos marcaram Primoz Roglic (Jumbo-Visma), Mollema aproveitou para viver um dos momentos quer marcará a carreira. Agora pode dizer que tem um dos monumentos do ciclismo. O holandês recordou como nunca sequer esteve perto de vencer a Lombardia em 11 participações, mas, após 243 quilómetros entre Bergamo e Como, o holandês deixou Alejandro Valverde (Movistar) e Egan Bernal (Ineos) a 16 segundos, com Jakob Fuglsang (Astana) - o vencedor de outro dos monumentos, a Liège-Bastogne-Liège a falhar o pódio no sprint a três. Os portugueses Rui Costa (UAE Team Emirates) e José Gonçalves (Katusha-Alpecin) abandonaram.
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