4 de outubro de 2019

Rui Costa renova e dará experiência a uma equipa que aposta forte na juventude

(Fotografia: © Bettiniphoto/UAE Team Emirates)
"A minha filosofia é acreditar nos atletas antes de eles se tornarem campeões. É assim que se fazem campeões." As palavras são de Joxean Fernández Matxin, um dos mais prestigiados directores desportivos e que durante três anos foi um olheiro de luxo para a Quick-Step. Na UAE Team Emirates, a sua apetência para descobrir e desenvolver jovens talentos começou a ser mais visível no o plantel desta temporada e vai continuar em 2020. Porém, manter ciclistas experientes é essencial para o equilíbrio de uma equipa que quer estar entre as melhores em pouco tempo. Rui Costa vai continuar por mais duas temporadas, num anúncio que contou ainda com a contratação de mais um jovem: o italiano Alessandro Covi (21 anos, Colpack).

Brandon McNulty (21, Rally UHC Cycling), Mikkel Bjerg (20, Hagens Berman Axeon) e Andres Camilo Ardila (20, EPM Scott) vão juntar-se ao grupo de jovens que chegou em 2019: Tadej Pogacar, Jasper Philipsen, Cristian Camilo Muñoz e os gémeos portugueses Ivo e Rui Oliveira. Isto sem esquecer que Juan Sebastián Molano (24), Fernando Gaviria (25) e Tom Bohli (25) não são exactamente velhos.

Quando Matxin chegou à UAE Team Emirates para regressar ao papel de director em Outubro de 2017, depois de ser um olheiro de muito sucesso, a aposta da equipa estava a ser em contratar para 2018 ciclistas com experiência e visibilidade, na tentativa de obter resultados rapidamente. Daniel Martin, Fabio Aru e Alexander Kristoff são exemplo disso mesmo, ainda que não com os resultados desejados. O bielorrusso Alexandr Riabushenko (Team Palazzago) foi o único sub-23 a então assinar contrato, com Matxin a não deixar escapar o ciclista depois de estagiar com a equipa na fase final da temporada.

"O talento não pode ser ensinado, não pode ser adquirido, é genético. Há ciclistas com dados psicológicos muito bons, mas que nunca ganham nada. Ficar no topo toda a carreira requer verdadeiro talento, carácter e classe. Há outro factores que influenciam, como a escolha onde se vai desenvolver [o talento]. Isso poderá ser, talvez, mais importante do que o próprio talento. Uma equipa ou uma escolha errada pode marcar a carreira de muitos ciclistas", escreveu Matxin num texto publicado no site De Velo, em Fevereiro.


Depois do que Pogacar fez este ano (venceu a Volta ao Algarve, à Califórnia e foi terceiro na Vuelta, além de conquistar três etapas), dos resultados de Philipsen, da evolução de Rui Oliveira, a UAE Team Emirates está a tornar-se numa equipa World Tour com enorme potencial de transformar o talento de um ciclista em sucesso. Bjerg (tricampeão do mundo de contra-relógio em sub-23), McNulty e companhia poderão ser mais uma prova disso mesmo em 2020.


Rui Costa pode estar a perder protagonismo no aspecto de liderança, o que não significa que não tenha as suas oportunidades de lutar por vitórias. Porém, aos 33 anos (que celebra este sábado, 5 de Outubro), a UAE Team Emirates também quererá que tenha um papel importante na ajuda à afirmação de tantos jovens que a equipa quer apostar no World Tour. Há um ano renovou apenas por uma temporada, mas desta feita a confiança é até 2021. "Uma das minhas prioridades era que queria ter continuidade no meu futuro como ciclista e agradeço à UAE Team Emirates por me dar a oportunidade e permitir que continue a trabalhar rumo aos meus objectivos", afirmou o poveiro, que não escondeu a felicidade por poder continuar neste projecto dos Emirados Árabes Unidos.

Com a saída de Daniel Martin - vai para a Israel Cycling Academy - Rui Costa será dos ciclistas mais velhos da equipa, que contratou um dos mais experientes do pelotão para tentar recuperar a melhor versão de Fernando Gaviria, que não foi nada feliz neste primeiro ano na UAE Team Emirates. Maximiliano Richeze (36 anos) deixa a Deceuninck-QuickStep para ser novamente o lançador do sprinter colombiano.

Davide Formolo (26, Bora-Hansgrohe) irá reforçar o bloco das clássicas e Joe Dombroski (28, EF Education First) continua sem atingir o potencial que se esperava quando era sub-23, mas vai ter mais uma oportunidade. David de la Cruz pode já ter 30 anos, mas Matxin acredita que este espanhol poderá ainda ser uma peça importante nas corridas por etapas, depois de uma passagem pela Ineos que deixou poucas boas recordações.

A Lampre-Merida, como se chamava antes da equipa, até já parece fazer parte de um passado muito distante. Agora é a UAE Team Emirates que ao apostar nos jovens quer chegar ao topo do ciclismo mundial e pelas amostras recentes, o futuro é promissor.

Plantel de 2020: Andres Camilo Ardila (Col), Fabio Aru (Ita), Mikkel Bjerg (Din), Tom Bohli (Sui), Sven Erik Bystrøm (Nor), Valerio Conti (Ita),  Rui Costa (Por), Alessandro Covi (Ita), David De La Cruz (Esp), Joe Dombrowski (EUA), Davide Formolo (Ita), Fernando Gaviria (Col), Sergio Henao (Col), Alexander Kristoff (Nor), Vegard Stake Laengen (Nor), Marco Marcato (Ita), Brandon McNulty (EUA), Yousif Mirza (EAU), Sebastian Molano (Col), Cristian Muñoz (Col), Ivo Oliveira (Por), Rui Oliveira (Por), Jasper Philipsen (Bel), Tadej Pogacar (Esl), Jan Polanc (Eslv), Edward Ravasi (Ita), Aleksandr Riabushenko (Bie), Maximiliano Richeze (Arg), Oliviero Troia (Ita), Diego Ulissi (Ita).

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