11 de outubro de 2019

Pedersen parecia "uma criança em dia de Natal" quando recebeu a nova bicicleta e camisola

(Fotografia: © Trek-Segafredo)
Ver Mads Pedersen conquistar o título mundial foi um momento inesperado e muito importante numa Trek-Segafredo à procura de uma identidade difícil de encontrar desde que a sua referência terminou a carreira, Fabian Cancellara. A aposta na contratação de ciclistas mais experientes não tem alcançado os resultados desejados, no entanto, Pedersen é o exemplo do sucesso dos jovens ciclistas que têm integrado a equipa e que muito prometem. Este ciclista irá receber muito mais atenção do que quando foi segundo na Volta a Flandres em 2018, mas antes de ter sentir o peso da responsabilidade, há que aproveitar estes dias de uma fase incrível da carreira, com direito a regalias. A bicicleta personalizada é uma delas e a Trek não desiludiu.

(Fotografia: © Trek-Segafredo)
O dinamarquês tornou-se de repente numa figura e aos 23 anos (fará 24 a 18 de Dezembro) irá então ter de lidar com o peso de uma camisola arco-íris ganha num pelotão com tantos candidatos, mas nenhum esteve à altura do momento, para confirmar favoritismo. Ganhou o "underdog" (aquele que não era de todo favorito). E esse peso não vai ser pouco. Para já, Pedersen tem desfrutado das primeiras semanas como campeão do mundo e as três corridas que disputou terminaram em abandono: Milano-Torino, Tre Valli Varesine e antes o Tour de l'Eurométropole, uma semana depois do seu grande triunfo. Neste final de 2019, Pedersen não sofrerá pressão competitiva e irá estar dedicado às responsabilidades e chamadas que um campeão do mundo terá de fazer fora da estrada, num desporto que vive de dar visibilidade aos patrocinadores.

Matt Shriver, director técnico da Trek-Segafredo, admitiu que quando viu Pedersen alcançar o impensável em Yorkshire, de imediato soube que tinha de ligar para a sede da Trek e pedir uma bicicleta digna de um campeão mundial.

(Fotografia: © Trek-Segafredo)
Minutos depois do ciclista cortar a meta (no domingo, 29 de Setembro), a personalizada Madone SLR  já estava a ser preparada. Um dia depois, a pintura e o quadro estavam aprovados. 24 horas passadas, na terça-feira após a vitória, foram colocados os últimos pormenores, os autocolantes: "All or nothing" (tudo ou nada), "Underdog" (imagem ao lado) e, claro, a referência ao título mundial (imagem em cima). Entretanto, também a camisola era preparada. Todo o equipamento, produzido nos Estados Unidos, foi enviado para a Bélgica, onde chegou na sexta-feira.

O desejo de ver a sua camisola e bicicleta fez Pedersen parecer "uma criança no dia de Natal", como é descrito no site da equipa. "Quando cheguei ao hotel fui directo ao camião para ver a minha nova bicicleta. Foi incrível. Fui dar uma volta, a primeira com o meu novo equipamento e toda a gente apitava e tirava fotografias", contou o dinamarquês. Ainda não acabou uma corrida com a nova máquina, mas terá muitas oportunidades de o fazer e de mostrar o arco-íris na próxima temporada.

2020 será de responsabilidade acrescida para um jovem que já se sabia que tinha talento, mas que até teve um 2019 abaixo das expectativas. Agora estão altíssimas. Será um enorme desafio para Pedersen e para a própria Trek-Segafredo. Apesar da contratação de Vincenzo Nibali, que acaba por ser também para agradar ao patrocinador italiano, ainda que o experiente ciclista pode sempre dar vitórias importantes, é nos mais novos que a equipa se quer centrar cada vez mais.

Giulio Ciccone, Matteo Moschetti, Ryan Mullen serão fortes apostas, com Alexander Kamp a ser mais um dinamarquês a entrar na equipa. Já Juan Pedro Lopez e Michel Ries (mais dois ciclistas a dar o salto da Kometa de Alberto Contador) e o campeão do mundo de juniores Quinn Simmons terão tempo para se adaptar à realidade do World Tour. Esta Trek-Segafredo tem três dos campeões do mundo de Yorkshire, pois também contratou Antonio Tiberi, que venceu a prova de contra-relógio de juniores. Contudo, o italiano irá competir um ano nos sub-23 antes de subir de escalão. E há que não esquecer que Mollema também ganhou o título mundial no contra-relógio de estafeta mista.

Nibali, Richie Porte, Bauke Mollema serão líderes, mas o espaço irá ficar cada vez mais reduzido, ainda mais se a nova geração confirmar as expectativas. E claro, Jasper Stuyven, Edward Theuns, Toms Skujins e o reforço Kenny Elissonde, ciclistas já com 27 e 28 anos, serão importantes para a Trek-Segafredo ter o equilíbrio necessário para conseguir concretizar o objectivo de ser uma equipa ganhadora em todo o tipo de corridas. Este ano soma apenas nove vitórias, mais a de Pedersen em Yorkshire. Muito pouco para o investimento que tem sido feito na formação americana.


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