2 de outubro de 2019

Nuno Bico termina carreira aos 25 anos

Um dos mais prometedores ciclistas portugueses a chegar ao mais alto nível do ciclismo vai terminar a carreira aos 25 anos. Nuno Bico confirmou que não consegue recuperar de um problema físico e foi aconselhado pelo médico a deixar a alta competição. Uma lesão na artéria ilíaca obrigou o campeão nacional de sub-23 em 2015 a colocar um ponto final no ciclismo, mas despede-se sem arrependimentos: "Se eu pudesse voltar atrás, viveria tudo outra vez."

Nuno Bico é mais um corredor a revelar que sofre desta lesão e apesar de ter sido operado, não conseguiu atingir ultrapassar as limitações que provoca. Este ano, Fabio Aru (UAE Team Emirates) afastou-se da competição durante uma semanas precisamente para ser operado a esta artéria, tendo já regressado às corridas, mas persiste a dúvida se irá conseguir recuperar a forma física de outrora. Sam Oomen (Sunweb) também está a recuperar do mesmo problema e não compete desde que abandonou a Volta a Itália, no final de Maio. Só tem um regresso previsto em 2020. Joe Dombrowski (EF Education First) e a campeã do mundo Annemiek van Vleuten (Mitchelton-Scott) também com esta lesão, mas conseguiram voltar a competir ao mais alto nível.

O problema na artéria ilíaca prejudica a circulação do sangue numa ou nas duas pernas, o que retira força no momento de pedalar, provocando ainda dores e também cansaço prematuro. Eugenio Alafaci anunciou igualmente que vai terminar a carreira aos 29 anos por esta razão. O italiano fez quase toda a sua carreira na estrutura da Trek e representou esta época a irlandesa da EvoPro Racing. Porém, competiu pouco e abandonou a maioria das corridas.

Nuno Bico explicou o que tem vivido nos últimos anos: "Apesar de ter sido operado em 2017 para corrigir a situação, tornou-se muito difícil lidar novamente com a dor durante a Volta a Espanha. Consultei os médicos mal regressei a casa e, por conselho médico, devo abandonar o desporto de alta competição", escreveu Nuno Bico no Instagram. O ciclista admitiu que têm sido uns dias difíceis, mas afirmou que sabe a sorte que teve por ter podido "pedalar por todo o mundo e conhecer tantas pessoas incríveis".

Bico foi uma aposta ainda muito jovem na Rádio Popular de José Santos, antes de mudar-se para a Klein Constantia em 2016, equipa que servia de formação para a actual Deceuninck-QuickStep, que foi entretanto extinta. As boas exibições abriram as portas do World Tour e depois de mostrar todo o seu potencial na prova de sub-23 dos Mundiais do Qatar, ao participar numa fuga, na qual muito trabalhou até ser anulada, Nuno Bico esperou quase até ao final do ano para anunciar que a Movistar o tinha contratado.

Mas não foram duas temporadas fáceis na equipa espanhola. Bico não se conseguiu afirmar e acabaria por baixar de escalão em 2019, esperando reencontrar na Burgos-BH a confiança e alegria de competir. Conseguiu a desejada chamada à Volta a Espanha que, infelizmente, acabou por ser a sua primeira grande volta, mas também a sua última corrida: "Foi um enorme prazer viver o sonho de fazer o que se ama como emprego."


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