4 de janeiro de 2019

Os portugueses no World Tour

Serão sete os portugueses no World Tour em 2019. Três farão a sua estreia. Tiago Machado regressou a Portugal, deixando a Katusha-Alpecin para agora representar o Sporting-Tavira. Depois de dois anos na Movistar, Nuno Bico assinou pela Burgos-BH, do escalão Profissional Continental. Amaro Antunes e os gémeos Oliveira são os "reforços" lusos no escalão mais alto do ciclismo mundial.

Rui Costa (UAE Team Emirates)
32 anos, 11ª época no World Tour
(Fotografia: UAE Team Emirates)
Com a UAE Team Emirates a crescer financeiramente, estando a contratar grandes estrelas, Rui Costa terá de mostrar todo o seu melhor em 2019. 2018 foi complicado, muito devido a uma lesão no joelho que o limitou quase toda a temporada. Mas terminou bem, com destaque para o 10º lugar nos Mundiais de Innsbruck. O anunciou demorou, mas a equipa renovou por um ano com o campeão do mundo de 2013 e Rui Costa está decidido a mostrar que ainda pode dar muito à equipa, que quer rapidamente tornar-se numa das mais fortes do pelotão.

O espaço para ser líder ficou reduzido já no ano passado com a chegada de Daniel Martin e Fabio Aru. O poveiro ainda assim teve as suas oportunidades e o mesmo deverá acontecer esta época. Porém, será inevitável que Rui Costa regresse mais a um papel de gregário, principalmente nas grandes voltas, sendo a presença, principalmente no Tour, um dos seus objectivos, depois de em 2018 ter falhado a corrida por lesão. Também não foi nem ao Giro, nem à Vuelta.

E claro que as clássicas das Ardenas continuam no seu pensamento. A Liège-Bastogne-Liège é há muito um sonho, tendo já um terceiro lugar. Mesmo com Daniel Martin, a porta nestas corridas não ficará completamente fechada. Rui Costa quer demonstrar o quanto ainda tem para dar ao mais alto nível do ciclismo e numa equipa que está com uma enorme ambição. Talvez já não tenha o estatuto de líder indiscutível com que chegou à então Lampre-Merida e com apenas um ano de contrato e a ter de garantir um novo, Rui Costa terá de ser o ciclista que a equipa precisa, seja quando lhe for dada liberdade para lutar por vitórias, seja como um gregário de luxo.

Rui Costa tem programado começar a temporada na Volta à Comunidade Valenciana (de 6 a 10 de Fevereiro), seguindo para Omã e Emirados Arábes Unidos. Ainda não é desta que regressa à Volta ao Algarve.

Nelson Oliveira (Movistar)
29 anos, 9ª época no World Tour
(Fotografia: © Photo Gomez Sport/Movistar Team)
O Paris-Roubaix sai do seu calendário, pelo menos em 2019, para tentar ter uma temporada mais tranquila, por assim dizer. Foram três anos consecutivos a cair e nos últimos dois acabou por lhe custar uma presença no Tour. A presença na Volta a França é um dos seus grandes objectivos, ele que é um dos principais ciclistas de confiança para ajudar os líderes da Movistar.

É neste trabalho que vamos continuar a ver Nelson Oliveira, ainda que sendo um dos melhores contra-relogistas, tendo-o demonstrado novamente tanto na Vuelta como nos Mundiais, o ciclista de Anadia vai procurar a grande vitória que lhe falta na sua especialidade. Nelson Oliveira deseja então uma época em que nenhuma queda acabe por lhe roubar semanas de treino e competição, como aconteceu em 2017 e 2018, para assim preocupar-se "apenas" em atingir os picos de forma quando lhe for exigido que o faça.

Tal como Rui Costa, Nelson Oliveira deverá começar na Volta à Comunidade Valenciana, seguindo para os Emirados Árabes Unidos. Entra no seu último ano de contrato, mas se alcançar a regularidade e o nível exibicional que lhe é habitual, a continuidade no World Tour não deverá ser um problema.

José Gonçalves (Katusha-Alpecin)
29 anos, 3ª época no World Tour
(Fotografia: Katusha-Alpecin)
Depois de no último Giro ter demonstrado que está em plena transformação para ser um voltista com capacidade para mais do que ficar preso ao papel de gregário, José Gonçalves recebeu da Katusha-Alpecin um prémio desejado: estar na Volta a França. Ilnur Zakarin vai apostar primeiro no Giro, pelo que o ciclista de Barcelos poderá ter liberdade para no Tour demonstrar mais uma vez sua qualidade. Se vai à procura de etapas ou de uma boa classificação, teremos de esperar, depois de ter surpreendido com o 14º lugar em Itália.

José Gonçalves ganhou definitivamente o seu espaço de destaque na equipa de José Azevedo e se terá sempre as corridas em que irá estar na ajuda a outros ciclistas, pode-se esperar do gémeo estar na luta por resultados bem positivos, de olhos postos em vitórias. Ano após ano, este ciclista tem evoluído e as expectativas são altas para 2019. Também tem no seu programa a Flèche Wallonne e a Liège-Bastogne-Liège, sendo que antes estará noutro monumento, a Milano-Sanremo.

Arrancará a época igualmente na corrida valenciana, mas depois rumará até ao Algarve. É mais um dos portugueses que está em final de contrato.

Ruben Guerreiro (Katusha-Alpecin)
24 anos, 3ª época no World Tour
(Fotografia: Katusha-Alpecin)
Duas épocas algo frustrantes para Ruben Guerreiro na Trek-Segafredo. Chegou ao World Tour apontado como um dos jovens a seguir. Sempre que parece que está a começar a mostrar todo o seu potencial, algo acontece. Uma queda, problema de saúde, Ruben Guerreiro não conseguiu ter uma temporada livre de problemas. Vai mudar de equipa, juntando-se a José Gonçalves na Katusha-Alpecin.

Poderá encontrar mais espaço para procurar resultados, ainda que não se livrará de algum trabalho de gregário. Um dos seus objectivos passará por finalmente se estrear numa grande volta, depois da presença na Vuelta de 2018 não se ter concretizado. Mas principalmente, Ruben, campeão nacional em 2017, vai desejar por um ano sem azares.

Se assim conseguir, o ciclista português poderá repetir exibições que tem conseguido nos arranques de temporada na Austrália, onde mais uma vez vai dar as primeiras pedaladas oficiais da época, no Tour Down Under. A corrida começa já no dia 15. Ruben irá procurar ser mais regular e tentará estar na frente quando a oportunidade surgir. Foi precisamente uma oportunidade que a Katusha-Alpecin lhe deu para comprovar que a jovem promessa tem o que é preciso para triunfar ao mais alto nível. Assinou apenas por um ano, pelo que há que estar ao seu melhor em 2019.

De acrescentar que Ruben Guerreiro estará na Volta ao Algarve.

Amaro Antunes (CCC Team)
28 anos, estreia no World Tour
(Fotografia: © Chris Auld Photography/CCC Team)
Chegou o momento do algarvio. Não é uma surpresa ver Amaro Antunes chegar ao World Tour. Escolheu o seu caminho e os passos que deu foram os correctos para agora, finalmente, estar entre a elite mundial. Esta estreia acabou por se precipitar com a compra da CCC da estrutura da BMC. Amaro Antunes foi um dos ciclistas da formação polaca a transitar para a agora equipa World Tour. Com a aposta em 2019 a ser em Greg van Avermaet, ou seja em clássicas, Amaro terá liberdade para procurar os seus resultados em algumas corridas.

O algarvio quererá precisamente mostrar-se, procurando vitórias. Se nada de inesperado acontecer, Amaro Antunes tem já um objectivo que tanto sonhou definido: a presença numa grande volta, no Giro. Mas este é um ciclista que gosta de começar bem as temporadas. Vai à Volta à Comunidade Valenciana e depois regressará à "sua" Volta ao Algarve.

De Amaro espera-se um ciclista ambicioso, a querer estar na frente, procurando demonstrar que está onde merece estar. Tem contrato para 2019 e com as intenções da CCC em querer crescer e reforçar-se para se tornar numa formação mais poderosa, o ciclista algarvio terá de manter um nível alto. Mas é o desafio na carreira por que Amaro tanto esperava e não é ciclista de desperdiçar oportunidades.

Ivo e Rui Oliveira (UAE Team Emirates)
22 anos, estreias no World Tour
(Fotografias: UAE Team Emirates)
Quanto aos gémeos Oliveira parecia ser apenas uma questão de quando e para que equipa iriam no World Tour. Foi a UAE Team Emirates que apostou em dois jovens que começaram por mostrar todo o seu potencial na pista, mas que em duas temporadas na Hagens Berman Axeon evoluíram o esperado para agora darem o passo seguinte.

São mais dois "licenciados" da formação de Axel Merckx a chegar ao mais alto nível. Ambos vão ter um ano de adaptação, tanto à equipa como à realidade de estar corrida após corrida entre os melhores do pelotão internacional.

Ivo arranca a temporada já na Austrália, no Tour Down Under e na Cadel Evans Great Ocean Race. Já o irmão Rui deverá começar mais pela pista - Ivo também se juntará à selecção para os compromissos importantes que se aproximam -, antes de em Março rumar às clássicas belgas. E3 BinckBank (ex-E3 Harelbeke) e Através da Flandres são duas corridas em que poderá ser chamado.

Estes dois ciclistas vão continuar a sua evolução, mantendo a aposta na pista. O mais importante para 2019 será a adaptação, para que depois os resultados possam começar a surgir e assim irem conquistando o seu espaço na equipa, que assinou com os gémeos por duas temporadas.

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