(Fotografia: Deceuninck-QuickStep) |
O momento em que Iljo Keisse quis ter piada tornou-se num que não está a deixar ninguém rir-se. Bem pelo contrário. O que os responsáveis da Deceuninck-QuickStep tentaram enterrar com um pedido de desculpa, está a tornar-se num autêntico pesadelo, ao que não ajudou as declarações de Patrick Lefevere a insinuar que a rapariga que fez queixa na polícia de San Juan contra o ciclista, queria era dinheiro. Perante toda a publicidade negativa que está a rodear a equipa, os patrocinadores já reagiram. Ninguém está a rir-se.
A Deceuninck apareceu para salvar uma QuickStep que precisava de um patrocinador principal. Não estava em risco a continuidade da estrutura, mas ficaria a faltar uma maior estabilidade e poderio financeiro. O fabricante de janelas juntou-se a uma equipa que em 2018 somou 73 vitórias, ou seja, uma garantia que a exposição mediática seria enorme se os ciclistas de Lefevere mantivessem o ritmo de triunfos que foi muito alto no ano passado, mas tem sido quase sempre elevado em épocas anteriores. No entanto, ainda a temporada está a arrancar e a Deceuninck vê o seu nome envolvido em polémica.
Não é de estranhar que o contentamento seja reduzido nesta altura, mesmo que Viviani e Alaphilippe já andem a somar vitórias. "Não concordamos com o que aconteceu. Este não é um comportamento que aceitamos. Há muita controvérsia em redor deste tema, mas esperemos que desapareça rapidamente", disse Jérôme de Bruycker, director de marketing na Europa da empresa, ao Cycling News. O site refere que haverá conversações entre a Deceuninck e os responsáveis da formação belga sobre o que aconteceu com Keisse.
Mas não é só o novo patrocinador que está desagradado com o que está a acontecer. A Specialized já há uns anos que fornece as bicicletas à equipa e, perante a reacção nas redes sociais à fotografia, afirmou: "A Specialized leva assuntos como este muito seriamente. Estamos a trabalhar com a equipa para reforçar as expectativas que temos para dos os ciclistas patrocinados pela Specialized."
No que foi apenas mais uma das muitas fotografias que certamente os ciclistas desta equipa já tiraram com adeptos, Iljo Keisse, de 36 anos, considerou que era um bom momento para simular um acto sexual com a jovem empregada do café, de 18. A rapariga fez queixa na polícia e Keisse pagou uma multa a rondar os 70 euros. Pediu desculpa, considerando o gesto "estúpido". A equipa começou por dizer que tinha sido uma brincadeira que não deveria ter acontecido, mas que não iria além de uma reprimenda ou multa, abrindo mais tarde a porta para uma eventual sanção. Mas manteve Keisse na corrida. Já a organização da Volta a San Juan, tomou a medida que ainda esperou ver a equipa ter: expulsou-o. O director da Deceuninck-QuickStep respondeu ameaçando tirar a equipa da prova e acusando então a rapariga de querer dinheiro, algo que a jovem desmentiu, afirmando mesmo que o assunto para ela estava terminado.
Perante a expulsão, no final da quarta etapa ninguém da equipa foi ao pódio, por alegadamente terem passado mal na parte final da tirada e não como forma de protesto. A Deceuninck-QuickStep foi multada em 500 francos suíços, cerca de 440 euros pela ausência.
Julian Alaphilippe já ganhou duas etapas, é o líder, Remco Evenepoel é o melhor jovem, mas a viagem à Argentina tornou-se num pesadelo mediático porque, a começar em Keisse, e a terminar nos responsáveis da equipa, as decisões e as palavras apenas agravaram a situação, quando esta deveria ter sido imediatamente resolvida quando a queixa foi feita. Agora a Deceuninck-QuickStep está obrigada a reagir, quando se tivesse agido, poderia ter evitado a polémica que nenhum patrocinador quer ver o seu nome envolvido.
»»Keisse expulso da Volta a San Juan. Ciclistas da Deceuninck-QuickStep não foram ao pódio««
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