1 de março de 2018

Rui Oliveira com o melhor resultado de Portugal em Mundiais de Pista... por agora

(Fotografia: João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo)
A ambição é grande e logo na primeira corrida com participação portuguesa, um dos três ciclistas lusos presentes nos Mundiais de Pista deixou o aviso: a selecção nacional não quer sair de Apeldoorn sem uma medalha. Para começar, Rui Oliveira fez o melhor resultado de sempre de Portugal nos Mundiais de Pista de elite, ao ser quinto na corrida de scratch. A cada competição que passa, os gémeos Oliveira não desperdiçam a oportunidade para ir escrevendo uma história cada vez mais prometedora de grandes sucessos.

No velódromo holandês estão os melhores do mundo. Rui Oliveira é agora o quinto, depois de ter sido sexto nos Europeus nesta prova. O ciclista de Gaia foi calculista. Correu com cabeça, como se costuma dizer. Avaliou a sua condição, a dos adversários e foi atrás do melhor resultado. Infelizmente, numa perspectiva portuguesa, três ciclistas escaparam e ganharam uma volta ao grupo. Ainda a corrida não ia a meio e o bielorrusso Yauheni Karaliok, o italiano Michele Scartezzini e o australiano Callum Scotson praticamente garantiram que decidiriam as medalhas entre eles. Assim foi, com o pódio a ficar na ordem escrita.

Não haveria medalhas para os restantes, mas não havia razões para ninguém baixar os braços. Afinal estamos nuns Mundiais. A corrida foi muito movimentada. Houve quem tentasse conquistar também uma volta, mas os ataques e contra-ataques não deram em nada. Por onde andava Rui Oliveira? Resguardado no grupo. Esperou pelo momento certo para atacar e só o ucraniano Roman Gladysh foi com ele, acabando por ser mais forte sobre a meta. Foi impossível não pensar "que pena aquele trio ter escapado tão cedo"!


Rui Oliveira tem apenas 21 anos e foi o quinto melhor a nível mundial numa corrida tão imprevisível, na qual raramente alguém conquista mais do que uma camisola do arco-íris na carreira. "As sensações não foram as melhores e sabia que no sprint acabaria por não conseguir um bom resultado. Reservei tudo o que tinha para a melhor oportunidade. Esta surgiu e eu aproveitei. Tinha de ser ali. Ataquei com força e tive alguma sorte, porque os adversários não responderam de imediato", contou o ciclista, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

As declarações do seleccionador Gabriel Mendes descrevem perfeitamente o que está a acontecer no ciclismo de pista nacional: "É mais um sinal da nossa evolução e do crescimento sustentado do ciclismo de pista português. O Rui teve uma prestação irrepreensível, sob os pontos de vista táctico e técnico, tendo em conta as condições em que a prova se desenrolou."

Rui regressa ao velódromo de Apeldoorn para competir no omnium, no sábado. Antes, esta sexta-feira, as atenções vão virar-se para o irmão. Ivo irá apresentar-se na perseguição individual, sendo o actual vice-campeão europeu. Em Hong Kong, há um ano, foi sexto, o que era até esta quinta-feira o melhor resultado português nos Mundiais. Em Outubro, nos Europeus, Ivo Oliveira fez 4:14.570 minutos nos quatro quilómetros que tem de percorrer nesta prova. O tempo é de nível mundial, mas a concorrência será feroz. O italiano Filippo Ganna, campeão europeu e antigo campeão mundial, e o britânico Charlie Tanfield, por exemplo, têm feito um tempo mais baixo.

Porém, Ivo é um candidato às medalhas. Para isso terá de fazer um dos quatro melhores tempos nas qualificações, que começam às 14:00. Caso faça um dos dois melhores, irá discutir o ouro, com pelo menos a prata a estar garantida, se fizer o terceiro ou quarto, irá atacar a medalha de bronze. Se tudo correr bem e o ciclista português chegar a uma das finais, estas poderão ser vistas no Eurosport2, partir das 19:00.

João Matias entrará em acção às 17:30. Nesta edição dos Mundiais, o corredor da Vito-Feirense-BlackJack irá estar apenas na corrida por pontos - em Hong Kong competiu também no scratch - e o primeiro objectivo é melhorar o 19º lugar de 2017. No último ano, Matias começou a aparecer muito bem tanto na estrada, como na pista. É o campeão nacional de perseguição individual e também na corrida de eliminação e mesmo que em Apeldoorn possa não surgir na lista de favoritos, o que fez há um ano no scratch demonstra como pode muito bem intrometer-se na luta pelos lugares cimeiros.

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