27 de março de 2018

Peraud acredita que já se utilizaram motores, mas agora "seria um suicídio"

Antigo ciclista da AG2R é agora o responsável da UCI
pelo combate ao doping mecânico (Fotografia: AG2R)
Jean-Christophe Peraud foi o escolhido para liderar a luta contra o doping mecânico, quando David Lappartient assumiu a presidência da UCI em Setembro do ano passado. O antigo ciclista francês apresentou há poucos dias o resultado do trabalhado realizado nos últimos meses, um novo mecanismo para detectar possíveis motores nas bicicletas, sendo igualmente eficaz se a fraude tecnológica for a utilização de rodas electromagnéticas, segundo foi garantindo pelos responsáveis pela máquina de raio-X. Peraud destaca a importância da tecnologia estar a ser melhorada para encontrar infractores, ainda que acredite que neste momento funcione mais como elemento dissuasor. Para o ex-ciclista, actualmente esta é uma realidade que talvez possa ser encontrada em corridas amadoras ou mais pequenas, mas não ao mais alto nível.

"Penso que no passado foram utilizados [motores], mas agora não. Um motor numa bicicleta de um profissional seria agora um suicídio. Estamos atentos e colocámos muitos meios para detectar batotas", salientou Peraud ao jornal As. Contou que quando era ciclista ouviu rumores, "como quase todos nestes últimos tempos", mas garantiu que nunca soube de nada fraudulento. "Temos de fazer tudo para evitar qualquer problema. Antes de encarámos um escândalo, é preferível utilizar a tecnologia ao nosso alcance para prevenir e dissuadir", explicou Peraud, para assim justificar o muito dinheiro que está a ser investido nesta luta. O francês destacou a importância de "salvaguardar a credibilidade do ciclismo". "Sofremos demasiados golpes e há que procurar oferecer aos adeptos um produto sólido, livre de mentiras", realçou.

Apesar da carreira de ciclista, grande parte passada na AG2R, Jean-Christophe Peraud também foi uma pessoa dedicada aos estudos, tendo diplomas em Engenharia Química ou ainda em Engenheiria Energética e do Meio Ambiente. "Tento aproveitar tanto a experiência académica como a de ciclista", referiu sobre a nova fase da sua vida, depois de ter deixado as corridas em 2016. O segundo classificado do Tour em 2014, atrás de Vincenzo Nibali, explicou que a sua função inclui "regular materiais, estar atento a novidades e implementar planos contra a utilização de motores".

E nos próximos tempos, o pelotão irá habituar-se a ver uma máquina de raio-X que permitirá colocar a bicicleta sem a desmontar e assim, em tempo real, averiguar se há algo de irregular.


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