(Fotografia: Facebook Team Medellín) |
Há quase uma década que Óscar Sevilla fez de Bogotá, na Colômbia, a sua casa. O ciclista espanhol encontrou naquele país da América do Sul o local perfeito para prosseguir uma carreira que esteve em risco depois de ser envolvido no processo de doping conhecido por Operação Puerta. Tornou-se numa referência na Colômbia e aos 41 anos continua a competir e a ganhar. No entanto, no domingo, Sevilla viveu um momento assustador e que o fez ver a vida pessoal e profissional com outros olhos.
Sevilla tinha iniciado mais um treino quando foi atacado por um grupo de jovens que o agrediu, roubou-lhe a bicicleta, o capacete, os sapatos e os óculos. "Vou ter medo de sair de bicicleta. Até agora nunca me tinha acontecido nada assim, nem roubos, nem assaltos... mas aconteceu no sítio que menos esperaria. Disse à minha mulher que não sabia se iria correr mais. Estou quase a retirar-me, mas a bicicleta vai continuar a ser a minha vida", salientou Sevilla.
Sevilla tinha iniciado mais um treino quando foi atacado por um grupo de jovens que o agrediu, roubou-lhe a bicicleta, o capacete, os sapatos e os óculos. "Vou ter medo de sair de bicicleta. Até agora nunca me tinha acontecido nada assim, nem roubos, nem assaltos... mas aconteceu no sítio que menos esperaria. Disse à minha mulher que não sabia se iria correr mais. Estou quase a retirar-me, mas a bicicleta vai continuar a ser a minha vida", salientou Sevilla.
O ciclista da equipa Medellín preparava-se para regressar à Europa, de forma a competir em algumas corridas. A agressão resultou num braço fracturado e duas costelas partidas. "Mas estou vivo, o que não é pouco", desabafou Sevilla em declarações ao programa da rádio espanhola COPE, El Partidazo. De seguida explicou o que aconteceu, ainda que admita que não tenha a percepção de certos momentos, como quando o braço foi partido. "Não me deram tempo nem para falar. Creio que o braço é partido com um bastão. Não sei se foi ao cair, mas ficou virado para trás. Foi horrível", descreveu.
A imagem da bicicleta de Sevilla foi difundida nas redes sociais pela equipa,
que apelou para que ajudassem a recuperá-la. E a bicicleta já apareceu (Fotografia: Facebook Team Medellín) |
Sevilla explicou que saiu de casa "numa zona relativamente segura de Bogotá" e depois de andar um quilómetro, "cinco ou seis pessoas saíram de uma esquina com bastões e facas". "Atingiram-me com um bastão, tiraram-me a bicicleta e começaram a agredir-me", contou. Apesar de pedir para que não o magoassem, Sevilla continuou a ser agredido. "Tinha medo das facas, mas, por sorte, foi tudo muito breve e os vizinhos apareceram a gritar." Os agressores tinham um táxi à espera deles e, entretanto, Sevilla estava já a ser ajudado por um casal vizinho que trabalha na Cruz Vermelha. Um outro vizinho transportou-o para hospital.
O ciclista descreveu os seus agressores como "jovens, magros e morenos", realçando que a polícia lhe disse que já os tinha identificado e que era um grupo que anda a ser perseguido há meio ano. "Espero que o meu caso sirva para acabar com este grupo que realizava roubos a ciclistas", afirmou. E o mediatismo que o caso recebeu na Colômbia chegou mesmo a provocar reacções a nível político, pois tanto o secretário para a segurança no país, como o presidente da câmara de Bogotá não só lamentaram o sucedido, como apelaram a penas mais pesadas para quem recorre a este tipo de crimes contra os ciclistas.
A bicicleta, no valor de cerca de oito mil euros, já foi encontrada pela polícia. Um adolescente tê-la-á deixado num parque de estacionamento e fugiu. Sevilla ficou satisfeito com a notícia, contudo, a sua principal preocupação é recuperar fisicamente e a nível psicológico também terá um caminho a percorrer. Apesar de ter pensado em retirar-se, Sevilla irá para já continuar a competir, ainda que vá estar algumas semanas de baixa.
Numa mensagem difundida na emissora colombiana Blue Radio, o ciclista espera que algo mude na capital. "Espero que isto ajude a polícia e os cidadãos a lutar por mais segurança em Bogotá. Vou continuar a correr. Isto não vai parar os nossos sonhos e espero que nos traga maior tranquilidade quando pedalamos", disse. Segundo o site El Tiempo, só em Janeiro foram roubadas 450 bicicletas naquela cidade.
De recordar que Sevilla foi uma das figuras do ciclismo espanhol, principalmente no início do século. Em 2001 foi segundo na Vuelta, atrás de Angel Casero (Festina), quando representava a Kelme-Costa Blanca. Depois de uma época na equipa suíça Phonak Hearing Systems, Sevilla assinou em 2005 pela então poderosa T-Mobile, para ajudar Jan Ullrich. No ano seguinte ambos viram os seus nomes aparecer na investigação Operação Puerta. Continuaram a competir, até que antes da Volta a França a Guarda Civil espanhola identificou-os oficialmente. Foram proibidos de ir ao Tour e não demorou muito até serem despedidos da equipa. Apesar das suspeitas de doping, Sevilla nunca foi condenado na justiça, nem sofreu qualquer sanção desportiva. Ainda esteve nos EUA, antes de então encontrar o país que se tornou na sua casa: Colômbia. No ano passado venceu a Volta à Comunidade de Madrid e era umas das corridas que tinha como objectivo na Europa em 2018.
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