(Fotografia: Facebook Milano-Sanremo) |
Ganhou as três grandes voltas, o Giro duas vezes, agora conta com três vitórias em monumentos, duas na Lombardia e acrescenta a Milano-Sanremo. E isto para falar das mais relevantes das 51 conquistas que soma. Nibali tinha colocado a Liège-Bastogne-Liège como um dos objectivos de temporada, mas surpreendeu ao vencer no primeiro monumento italiano de 2018, poucos meses depois de ter vencido o último, pois foi em 2017 que ganhou a sua segunda Lombardia. Tantas vezes se diz que Nibali vence quando a concorrência é menor, bem, nesta Milano-Sanremo os grandes favoritos estavam praticamente todos na estrada e muitos deles no grupo que chegou a ver de perto as costas de Nibali, mas não suficientemente perto para o bater.
Michal Kwiatkowski (Sky), vencedor no ano passado, disse que todos no grupo adormeceram e deixaram escapar Nibali. Caleb Ewan (Mitchelton-Scott) - segundo classificado na segunda vez que correu a Milano-Sanremo - afirmou que "tudo correu mal porque Nibali foi demasiado forte". Os dois têm razão e explicam em poucas palavras a vitória do italiano.
Esta foi uma clássica pouco atacada. A Groupama-FDJ tratou de aumentar e muito o ritmo ainda antes da Cipressa para começar a eliminar quem já com mais de 200 quilómetros nas pernas não estivesse nas melhores condições. Na chegada ao Poggio, o principal nome a ficar de fora foi, sem surpresa Marcel Kittel, que sempre que o terreno inclinou, fraquejou e na última subida baixou de vez os braços. Por esta altura estava-se a tentar recuperar das impressionantes imagem da queda de Mark Cavendish. Lá na frente o ritmo era alto e parecia que não haveriam ataques que resistissem. Nibali não era dessa opinião. Foi com Krists Neilands (vencedor da classificação da juventude da Volta a Portugal e que muito se tem mostrado na Israel Cycling Academy neste início de temporada), mas o campeão letão ainda tem muito a melhorar até aproximar-se do nível de Nibali. Matteo Trentin ainda tentou a sua sorte, mas as forças rapidamente lhe faltaram. De resto... ficaram a marcar-se.
Quando se deu a perseguição frenética, muito por causa da Quick-Step Floors, a vantagem dada já era de mais. "Não sou um ciclista rápido. Tinha de inventar qualquer coisa", referiu Nibali. No site Bahrain-Merida, o título do texto reflecte bem o sentimento da equipa: "A missão impossível está cumprida." O ciclista italiano explicou que ao atacar também o fez a pensar numa eventual ajuda a Sonny Colbrelli, que disse que estava a sentir-se muito bem. Porém, quando olhou para trás e viu que a vantagem era simpática deu tudo o que tinha e não tinha. "O momento mais difícil foram os últimos dois quilómetros. Nunca olhei para trás", contou. Pelo rádio ouvia o director desportivo, Alberto Volpi, a dizer para "puxa, puxa".
Depois do terceiro lugar em 2012, edição ganha por Simon Gerrans, Nibali vence numa corrida que poderia parecer improvável para ele e que agora lhe pareceu assentar tão bem. Esteve discreto no Tirreno-Adriatico, mas garantiu este sábado mais um grande resultado para uma Bahrain-Merida apenas com dois anos de vida. É certo que a equipa tem estado demasiado dependente de Nibali, mas dois pódios em grandes voltas e dois monumentos... Há muitas equipas que não se importariam de estar na posição da formação do Médio Oriente.
Aos 33 anos, Nibali até tem falado em fazer a estreia na Volta a Flandres (1 de Abril), ainda que no seu calendário esteja a Volta ao País Basco, que começa no dia seguinte. Certo é que a Liège-Bastogne-Liège (22 de Abril) está na sua mira, com Nibali a assumir um discurso que quer ser conhecido por mais do que um voltista. E claro que assim como quem não quer a coisa já se fala de porque não o italiano vir a tentar conquistar os cinco monumentos? Para já, é momento para celebrar uma grande e memorável vitória em Sanremo.
Ainda não foi desta para Sagan
Muito se olhou para Peter Sagan e o tricampeão do mundo esteve sempre bem colocado. No entanto, mais um ano e o eslovaco vê passar mais uma Milano-Sanremo sem a ganhar. Foi sexto. Agora é apontar tudo à Volta a Flandres e principalmente ao Paris-Roubaix.
De salientar que Alexander Kristoff demonstrou como na UAE Team Emirates está mesmo a recuperar a sua melhor forma. Foi quarto, atrás de um Arnaud Démare que está com uma equipa forte a trabalhar para ele. O vencedor de 2016 deu um pódio à Groupama-FDJ, mas irá para as clássicas do pavé com vontade de fazer melhor. E atenção ao pequeno Caleb Ewan. Com aquele estranho estilo de sprintar, deitado no guiador, está a transformar-se num grande ciclista. Em 2018 é bem provável que entre uma primeira linha de candidatos para esta corrida.
José Gonçalves, o único português em prova, esteve preso ao trabalho da Katusha-Alpecin para Marcel Kittel, com Nathan Haas e Simon Spilak a serem os ciclistas que tiveram mais liberdade. O gémeo terminou na 53ª posição, a 1:02.
Pode ver aqui a classificação.
A queda de Mark Cavendish
Ver Cavendish no chão foi mesmo de pensar: "Outra vez!" Caiu quando a primeira etapa da Volta a Abu Dhabi ainda estava na fase neutralizada. O carro do comissário tinha activado o sistema automático de travagem, que ao detectar os ciclistas que se colaram ao lado da viatura, activou o travão. Quem vinha atrás... Abandonou, mas estava à partida no Tirreno-Adriatico. Nova queda a abrir, novo abandono e uma costela partida.
Foi assim que partiu para a Milano-Sanremo, determinado a deixar para trás o azar. Mas não. Agora tem mais uma costela fracturada, muitas nódoas negras e queimaduras do alcatrão. A dúvida mais preocupante, segundo a Dimension Data, é uma possível lesão nos ligamentos do tornozelo, mas para confirmar serão necessários mais exames.
Numa altura em que o pelotão ia a grande velocidade a caminho do Poggio, Cavendish não conseguiu desviar-se de uma divisória da estrada. Chocou, foi projecto para o ar, deu um mortal e caiu de costas. A própria equipa admite que apesar do aparato, Cavendish escapou a um panorama que parecia poder ser bem pior. Só quando se saber a gravidade do problema no tornozelo é que se ficará a saber o tempo de paragem do britânico. Pela negativa, esta será uma das imagens do ano.
»»Cavendish candidato a azarado do ano««
»»Qual é o lugar de Nibali na história?««
Michal Kwiatkowski (Sky), vencedor no ano passado, disse que todos no grupo adormeceram e deixaram escapar Nibali. Caleb Ewan (Mitchelton-Scott) - segundo classificado na segunda vez que correu a Milano-Sanremo - afirmou que "tudo correu mal porque Nibali foi demasiado forte". Os dois têm razão e explicam em poucas palavras a vitória do italiano.
Esta foi uma clássica pouco atacada. A Groupama-FDJ tratou de aumentar e muito o ritmo ainda antes da Cipressa para começar a eliminar quem já com mais de 200 quilómetros nas pernas não estivesse nas melhores condições. Na chegada ao Poggio, o principal nome a ficar de fora foi, sem surpresa Marcel Kittel, que sempre que o terreno inclinou, fraquejou e na última subida baixou de vez os braços. Por esta altura estava-se a tentar recuperar das impressionantes imagem da queda de Mark Cavendish. Lá na frente o ritmo era alto e parecia que não haveriam ataques que resistissem. Nibali não era dessa opinião. Foi com Krists Neilands (vencedor da classificação da juventude da Volta a Portugal e que muito se tem mostrado na Israel Cycling Academy neste início de temporada), mas o campeão letão ainda tem muito a melhorar até aproximar-se do nível de Nibali. Matteo Trentin ainda tentou a sua sorte, mas as forças rapidamente lhe faltaram. De resto... ficaram a marcar-se.
Quando se deu a perseguição frenética, muito por causa da Quick-Step Floors, a vantagem dada já era de mais. "Não sou um ciclista rápido. Tinha de inventar qualquer coisa", referiu Nibali. No site Bahrain-Merida, o título do texto reflecte bem o sentimento da equipa: "A missão impossível está cumprida." O ciclista italiano explicou que ao atacar também o fez a pensar numa eventual ajuda a Sonny Colbrelli, que disse que estava a sentir-se muito bem. Porém, quando olhou para trás e viu que a vantagem era simpática deu tudo o que tinha e não tinha. "O momento mais difícil foram os últimos dois quilómetros. Nunca olhei para trás", contou. Pelo rádio ouvia o director desportivo, Alberto Volpi, a dizer para "puxa, puxa".
Depois do terceiro lugar em 2012, edição ganha por Simon Gerrans, Nibali vence numa corrida que poderia parecer improvável para ele e que agora lhe pareceu assentar tão bem. Esteve discreto no Tirreno-Adriatico, mas garantiu este sábado mais um grande resultado para uma Bahrain-Merida apenas com dois anos de vida. É certo que a equipa tem estado demasiado dependente de Nibali, mas dois pódios em grandes voltas e dois monumentos... Há muitas equipas que não se importariam de estar na posição da formação do Médio Oriente.
Aos 33 anos, Nibali até tem falado em fazer a estreia na Volta a Flandres (1 de Abril), ainda que no seu calendário esteja a Volta ao País Basco, que começa no dia seguinte. Certo é que a Liège-Bastogne-Liège (22 de Abril) está na sua mira, com Nibali a assumir um discurso que quer ser conhecido por mais do que um voltista. E claro que assim como quem não quer a coisa já se fala de porque não o italiano vir a tentar conquistar os cinco monumentos? Para já, é momento para celebrar uma grande e memorável vitória em Sanremo.
Ainda não foi desta para Sagan
Muito se olhou para Peter Sagan e o tricampeão do mundo esteve sempre bem colocado. No entanto, mais um ano e o eslovaco vê passar mais uma Milano-Sanremo sem a ganhar. Foi sexto. Agora é apontar tudo à Volta a Flandres e principalmente ao Paris-Roubaix.
De salientar que Alexander Kristoff demonstrou como na UAE Team Emirates está mesmo a recuperar a sua melhor forma. Foi quarto, atrás de um Arnaud Démare que está com uma equipa forte a trabalhar para ele. O vencedor de 2016 deu um pódio à Groupama-FDJ, mas irá para as clássicas do pavé com vontade de fazer melhor. E atenção ao pequeno Caleb Ewan. Com aquele estranho estilo de sprintar, deitado no guiador, está a transformar-se num grande ciclista. Em 2018 é bem provável que entre uma primeira linha de candidatos para esta corrida.
José Gonçalves, o único português em prova, esteve preso ao trabalho da Katusha-Alpecin para Marcel Kittel, com Nathan Haas e Simon Spilak a serem os ciclistas que tiveram mais liberdade. O gémeo terminou na 53ª posição, a 1:02.
Pode ver aqui a classificação.
A queda de Mark Cavendish
Ver Cavendish no chão foi mesmo de pensar: "Outra vez!" Caiu quando a primeira etapa da Volta a Abu Dhabi ainda estava na fase neutralizada. O carro do comissário tinha activado o sistema automático de travagem, que ao detectar os ciclistas que se colaram ao lado da viatura, activou o travão. Quem vinha atrás... Abandonou, mas estava à partida no Tirreno-Adriatico. Nova queda a abrir, novo abandono e uma costela partida.
Foi assim que partiu para a Milano-Sanremo, determinado a deixar para trás o azar. Mas não. Agora tem mais uma costela fracturada, muitas nódoas negras e queimaduras do alcatrão. A dúvida mais preocupante, segundo a Dimension Data, é uma possível lesão nos ligamentos do tornozelo, mas para confirmar serão necessários mais exames.
Numa altura em que o pelotão ia a grande velocidade a caminho do Poggio, Cavendish não conseguiu desviar-se de uma divisória da estrada. Chocou, foi projecto para o ar, deu um mortal e caiu de costas. A própria equipa admite que apesar do aparato, Cavendish escapou a um panorama que parecia poder ser bem pior. Só quando se saber a gravidade do problema no tornozelo é que se ficará a saber o tempo de paragem do britânico. Pela negativa, esta será uma das imagens do ano.
OUCH.— Eurosport UK (@Eurosport_UK) 17 March 2018
Mark Cavendish had a huge crash at Milano-Sanremo - but fortunately he escaped serious injury pic.twitter.com/yB0GhtXmxt
»»Cavendish candidato a azarado do ano««
»»Qual é o lugar de Nibali na história?««
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