(Fotografia: UCI) |
"O ciclismo é um desporto magnífico, um dos mais bonitos. As pessoas têm de poder acreditar nos resultados. Por isso, nós continuamos a lutar contra o doping. A fraude tecnológica é mais fácil de resolver do que o doping", salientou Lappartient, durante a apresentação da máquina de raio-X, em Genebra, na Suíça. "Queremos evitar os vídeos nas redes sociais que, por vezes, lançam dúvidas entre os fãs. Queremos que os adeptos apoiem e acreditem nos resultados e também no trabalho feito pela UCI É da nossa responsabilidade garantir os resultados e estamos determinados em fazê-lo", acrescentou.
Lappartient foi eleito em Setembro, batendo nas eleições o até então presidente Brian Cookson. O francês não demorou muito a afastar Mark Barfield, que era o responsável por esta área, contratando Jean-Christophe Peraud. O antigo ciclista, segundo classificado no Tour de 2014, retirou-se em 2016 e esteve nos últimos meses a trabalhar no novo sistema para analisar as bicicletas minuciosamente. A UCI fez uma parecia com a VJ Technologies, empresa que criou máquinas de raio-X para a indústria aeroespacial e automóvel. O organismo assegurou que o equipamento foi certificado por laboratórios independentes.
A máquina que passará a ser vista em muitas corrida é portátil (na perspectiva que será rebocada por um carro) e o seu tamanho permite precisamente que a bicicleta possa ser analisada sem que seja preciso desmontá-la. A estrutura está devidamente protegida para que quem esteja a operá-la ou esteja nas proximidades não corra qualquer risco de saúde. Depois da bicicleta estar dentro da máquina, as imagens são vistas através de um computador em tempo real.
Depois das dúvidas, algumas criadas por reportagens em meios de comunicação social que davam conta da utilização de motores e como o software utilizado nos tablets não era o mais eficaz, a UCI assegura que o raio-X não deixará passar um motor, ou a utilização das rodas electromagnéticas. Esta forma de doping mecânico é considerada a mais evoluída tecnologicamente. São instalados cabos na roda traseira que, ao serem activados, permitem uma aceleração sem que seja preciso um esforço físico maior. A diferença pode variar entre 20 a 60 watts de potência. O preço pode rondar os 20 mil euros e, num artigo publicado na Gazzetta dello Sport em 2016, lia-se que o ciclista até poderia estar a utilizar uma roda destas e não saber. Ou seja, em causa poderia estar o recurso de algumas equipas a este método.
No ciclismo amador já foram detectados alguns motores, mas o caso que despertou de vez a atenção para o doping mecânico aconteceu durante os Mundiais de Ciclocrosse, quando a belga Femke Van den Driessche foi apanhada, após a corrida de sub-23. A ciclista alegou que a bicicleta não era a sua e que tinha trocado com um amigo por engano. Acabou suspensa por seis anos e multada em pouco mais de 18 mil euros. Driessche optou por colocar um ponto final na carreira que ainda estava a começar.
Antes, temos a eterna suspeita que recai sobre Fabian Cancellara e a vitória na Volta a Flandres em 2010. Ainda hoje este assunto tem uma tendência a assombrar a carreira do suíço, tendo recentemente o ex-ciclista Phil Gaimon reacendido a polémica. Nas redes sociais são várias as suspeitas que vão sendo lançadas, muitas vezes quando se vê bicicletas tombadas, cujas rodas não param de se movimentar.
A UCI pretende utilizar a máquina de raio-X em cerca de metade das corridas do World Tour. Ao todos serão qualquer coisa como 150 dias de competições em que as bicicletas serão examinadas. Apesar deste novo sistema, David Lappartient quer ir mais longe. Nos planos está a possibilidade de se analisar imagens televisivas para procurar alguma possível irregularidade, assim como ver os dados das performances dos ciclistas. Outra questão é a mudança de bicicletas ou rodas durante a corrida. O objectivo é que seja criado um dispositivo que permita seguir estas alterações.
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