10 de agosto de 2016

O que se pode concluir da participação dos nossos ciclistas nos Jogos Olímpicos

(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
A equipa escolhida para os Jogos Olímpicos por José Poeira dava direito a sonhar com algo de muito positivo. E sim, falamos mesmo de medalhas. Só podia levar quatro ciclistas e Portugal pode orgulhar-se de ter bastante qualidade por onde escolher. Mas há que começar desde logo por Nelson Oliveira: grande resultado!! Estamos a falar do contra-relógio,  o esforço individual, durante o qual está cada um por si. Estavam lá praticamente todos os melhores do mundo. A progressão do ciclista de 27 anos neste especialidade tem sido fantástica e ainda há espaço para melhorar.

O diploma olímpico que o ciclista de Anadia garantiu quase sabe a ouro. Senão vejamos: no pódio ficou Fabian Cancellara  - que já sabe o que é ser campeão olímpico -, Tom Dumoulin e Chris Froome, três dos maiores especialistas no contra-relógio. Há que ter em conta que Nelson Oliveira teve uma queda na corrida em linha no sábado que o obrigou a abandonar e que deixou as suas marcas nos corpo. Mas nesta altura, o próprio português não deverá procurar desculpas. O resultado é excelente e confirmou Oliveira entre os melhores. E ainda temos os mundiais em Outubro...

Nelson Oliveira mais do que cumpriu o que se esperava. Já na prova em linha é difícil esconder alguma desilusão. O décimo lugar de Rui Costa foi muito bom. Não há qualquer dúvida disso. Mas soube a pouco. A prova acabou por ter dificuldades acrescidas com tantas quedas (e algumas bem graves) e uma delas pode ter contribuído para prejudicar Rui Costa. Nelson Oliveira era um ciclista importante quando se fazia uma perseguição ao grupo da frente e ao ficar fora, Rui Costa perdeu um importante apoio naquela fase rápida da corrida

José Poeira optou por construir toda a equipa em redor de Rui Costa. O mais próximo que se poderia falar de plano B, seria André Cardoso (36º), já que o percurso de sobe e desce também poderia assentar-lhe. No entanto, a exclusão de José Gonçalves causou alguma surpresa. O seleccionador preferiu José Mendes (53º) - que tinha recentemente sagrado-se campeão nacional - e que tinha as tais características que Poeira procurava para proteger um líder.

Já Gonçalves, vencedor da Volta a Turquia, teria obrigado a uma táctica diferente, pois o seu estilo atacante provavelmente seria um plano B que, no entanto, poderia não proteger o A, já que Gonçalves certamente que tentaria a sua sorte. E para o levar ao Rio de Janeiro nem faria sentido outra coisa, ainda que também sabe bem fazer o papel de gregário, se o tiver de fazer. Mas seria um desperdício. José Gonçalves ficou desiludido por ter ficado de fora, reacção compreensível depois dos resultados que tem vindo a alcançar.

Agora pouco importa, mas há que admitir que teria sido interessante ver José Gonçalves no Rio de Janeiro. Porém, José Mendes cumpriu com o seu trabalho à letra e realmente foi pena Rui Costa não ter conseguido aproximar-se de um grupo que lhe teria permitido pelo menos lutar por um merecido diploma olímpico.

São opiniões. Porque os factos dizem que a prestação foi positiva quando se olha para o super pelotão que esteve no Rio de Janeiro, demonstrando mais uma vez por que razão os ciclistas portugueses são muito respeitados, pois tanto Rui Costa como Nelson Oliveira (no contra-relógio) foram colocados pelos media internacionais como potenciais top dez. E lá estão eles.

O pódio olímpico do contra-relógio
Uma palavra para Fabian Cancellara. No ano do adeus, o suíço não conseguiu a Volta a Flandres, o Paris-Roubaix ou a camisola rosa no Giro, três dos principais objectivos para 2016. Mas eis mais uma medalha de ouro que lhe fica tão bem.

Pelo lado negativo destacou-se o americano Taylor Phinney que foi dobrado, mas talvez a mesma situação seja pior quando se fala do campeão do mundo em título Vasil Kiryienka. O australiano Rohan Dennis foi o azarado do dia. Estava na luta pelo ouro com Cancellara quando partiu o extensor e a troca de bicicleta acabou por o atirar para o quinto lugar.

Nas senhoras, Kristin Armstrong (EUA) conquistou o ouro, Olga Zabelinskaya (Rússia) a prata e Anna van der Breggen (Holanda) com o bronze.

Aqui ficam as classificações completas masculinas e femininas do contra-relógio olímpico. O ciclismo no Rio de Janeiro irá agora passar para a pista.

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