26 de agosto de 2016

O fantasma das quedas de Alberto Contador

Aconteceu outra vez. Quase parece inacreditável. Alberto Contador caiu novamente numa grande volta e não poderia ter acontecido em pior altura. O espanhol foi ao chão perto da meta e ficou com o lado esquerdo do corpo mal tratado. O sucedido até provocou uma rara demonstração de frustração pública do ciclista. Parece que nada está partido, mas vêm aí três dias de montanha. Com 1:52 minutos para recuperar, a incerteza sobre a condição física de Contador coloca outra vez muitas dúvidas sobre o futuro do líder da Tinkoff numa corrida... tal como na Volta a França.

Contador cortou a meta com ferimentos bem visíveis no ombro, braço e perna esquerda. Quase parecia um déjà vu do Tour. Desta fez, claramente furioso, até falou de imediato aos jornalistas: "Estava muito bem posicionado, mas, de repente, alguém que não gosta de usar os travões cortou à minha frente e eu caí. Agora o meu lado esquerdo está cortado, tal como o meu pulso", salientou, desabafando de seguida: "As coisas estão a ficar muito complicadas." Afastou-se atirando um dos bidãos para o chão.

Estará a frustração a apoderar-se de Alberto Contador? No ano passado teve uma queda no Giro e andou vários dias com um problema no ombro que acabou por superar e vencer a competição. Porém, este ano dedicou-se exclusivamente à preparação para a Volta a França, para finalmente conquistar a sua terceira. Desde 2009 que não vence a prova, ou seja, desde que foi suspenso por doping e lhe ter sido retirada a vitória de 2010.

Em 2015, a ambição - mais de Oleg Tinkov, patrão da equipa, do que a de Contador - de vencer Giro e Tour no mesmo ano acabou por ser de mais e o espanhol não teve forma física para acompanhar Chris Froome e Nairo Quintana. Em 2014, caiu no Tour, quando estava num bom momento. Fracturou a tíbia, mas recuperou a tempo de vencer a Vuelta. Este ano, o espanhol esperava reencontrar refúgio "em casa" depois da dolorosa desistência na Volta a França, ainda mais porque tem a tendência a ganhar quando participa na Vuelta.

Porém, parece estar mesmo numa maré de azar e este sábado será, provavelmente, o dia mais importante na corrida para Contador. Terá 173 quilómetros para rolar e perceber a sua condição física antes do teste final: 8,5 quilómetros a subir uma pendente média de 7,4%, que chega a ter 25% e o último quilómetro varia entre os 17 e os 20%, até aos 14 no final. Subida violenta que poderá ser o primeiro momento para os candidatos se mostrarem, mas para Contador será o teste para saber se tem condições para continuar na luta, pois até à queda, o seu discurso era animador e de quem acreditava ser possível recuperar o tempo já perdido. É o momento para mostrar o seu carácter e esperar que o seu corpo responda favoravelmente para que a frustração não o domine de vez.

Se já não fosse conhecida a transferência em 2017 para a Trek-Segafredo, por esta altura começar-se-ia a discutir se não seria altura do espanhol mudar de ares. Para já, a discussão é apenas se Contador estará a entrar numa fase descendente da carreira aos 33 anos. É difícil acreditar quando se vê o espanhol ter exibições como na Volta ao Algarve, Paris-Nice, Volta ao País Basco ou mais recentemente na Volta a Burgos.

Definitivamente a relação com o Tour está difícil, pois não há dúvidas que aquela suspensão por doping - no estranho caso que ficou conhecido como "bife à Contador"  - afectou o ciclista, que nunca mais foi bem o mesmo quando regressou à competição. No entanto, é difícil acreditar que esteja acabado.

Não nos podemos esquecer que até disse que terminaria a carreira este ano, antes de mudar de ideias e ficar mais dois e até sonhar ter a sua própria equipa, comprovando que fisicamente sente que ainda tem algo para dar. Não, Contador não está acabado, mas que é perseguido pelo azar, isso é verdade.

A motivação perfeita da IAM


(Fotografia: Team Sky)
Depois de três anos de poucas vitórias e a maioria pouco relevantes, a equipa suíça anunciou que 2016 seria a última temporada. Ora a equipa provou como uma notícia negativa pode servir de motivação. A IAM está a fazer a melhor temporada da sua história: está a apenas de uma vitória de igualar o máximo alcançado em 2014 (17), mas entre as 16 deste ano estão uma em cada uma das grandes voltas. Primeiro foi Roger Kluge no Giro, depois Jarlison Pantano no Tour e agora Jonas van Genechten na Vuelta. Ou é o desejo de sair em grande ou a vontade de mostrar serviço dos ciclistas que procuram equipa para 2017...

A etapa foi animada nos últimos quilómetros com ataques e contra-ataques, com um homem a ficar muito frustrado: Luis Leon Sanchez (Astana) foi apanhado apenas a poucos metros da meta. José Gonçalves (Caja Rural) também parecia querer intrometer-se na discussão do sprint, mas ficou envolvido na queda.

John Darwin Atapuma (BMC) continua a sorrir. O colombiano vai entrar nas três etapas de montanha antes do dia de descanso como líder e terá a oportunidade para mostrar se tem capacidade para andar ao ritmo dos candidatos. Já o colega Samuel Sánchez - e líder da equipa - não acabou a etapa muito sorridente, pois foi mais um que também caiu.

Etapa 8: Villalpando-La Camperona / Valle de Sabero (181,5 quilómetros)
Eis daquelas etapas um pouco estranha. Basicamente o pelotão vai rolar até aos 8,5 quilómetros final, onde lhes espera um inferno. O Alto de la Camperona até pode ter uma pendente média de 7,4%, mas é porque o início é relativamente acessível, mas depois vêm 25% de inclinação, 20%, 17%, 10% e terminam nos 14%. Dia que poderá ser importante para a geral.


Resumen - Etapa 7 (Maceda / Puebla de Sanabria... por la_vuelta

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