18 de agosto de 2016

"Posso muito bem ficar na Efapel no próximo ano"

Brandão realizou um ataque solitário na Serra da Estrela (Fotografia: Volta a Portugal)
Joni Brandão pode não ter alcançado o objectivo que persegue nos últimos anos: conquistar a Volta a Portugal. No entanto, o ciclista de Santa Maria da Feira foi o autor de um dos grandes momentos da competição, naquela fuga solitária pela Serra da Estrela, numa demonstração de determinação que distingue um ciclista vencedor. Acabou a Volta apenas em quinto, depois de há um ano ter sido segundo. Para Joni pouco importa o lugar: "O objectivo era vencer."

Porém, Joni Brandão volta a ser uma incógnita para a Efapel, tal como há um ano. Sem surpresa. É um dos ciclistas portugueses de grande qualidade e aos 26 anos é normal que pense noutros caminhos, noutras realidades. No final de 2015 optou por ficar, tornando-se no líder indiscutível com a saída de Alejandro Marque para a LA Alumínios-Antarte. Para a equipa de Ovar seria excelente manter o seu ciclista número um para atacar novamente a Volta a Portugal que lhes foge desde 2012, quando a Efapel venceu a sua única com o espanhol David Blanco.

Depois de tanto elogiar a equipa, Joni Brandão admitiu ao Volta ao Ciclismo: "Posso muito bem ficar na Efapel no próximo ano." No final da Volta a Portugal, o ciclista disse que ainda não tinham existido conversas sobre 2017, até porque ainda faltam algumas corridas para terminar a época. "Até agora estive focado na Volta, não pensei no que seria no futuro, no que vem pela frente", realçou.

Mas voltando àquela terça-feira, 3 de Agosto. Joni Brandão sabia que era o tudo ou nada para recuperar o tempo perdido para Rui Vinhas (3:02 minutos). Esperava-se um ataque, mas o que Joni foi um dos momentos desta Volta a Portugal. Foram quilómetros e quilómetros sozinho na Serra da Estrela e só a dois da meta foi apanhado. Falhou o que queria, mas terminou a etapa consciente que tinha tentado tudo... e mais um pouco.

"Na primeira [passagem na Serra da Estrela] já só tinha vontade de atacar, atacar, atacar. Tive de me controlar. Na segunda ataquei porque sabia que tinha de ser ali, era o único sítio onde poderia fazer a diferença"

Joni Brandão não consegue esconder um sorriso ao recordar esse dia. "Naquela etapa da chegada à Guarda sinto que arrisquei tudo, sabia que tinha de o fazer. Era um sonho vencer a Volta a Portugal. Não consegui este ano. Fica para a próxima, mas sei que dei tudo, deixei tudo na estrada", contou.

Mas afinal, o que pensa um ciclista quando está numa posição como aquela? "Vou ser sincero, quando vi duas passagens na Serra da Estrela - uma subida que gosto bastante e onde treino muito - na primeira já só tinha vontade de atacar, atacar, atacar. Tive de me controlar. Na segunda ataquei porque sabia que tinha de ser ali, era o único sítio onde poderia fazer a diferença, ganhar alguma vantagem, deixar os ciclistas da W52-FC Porto um pouco em pânico. Sabia se eles, por algum motivo, não se conseguissem organizar lá atrás, que ia ser muito difícil alcançarem-me. No entanto, eles tiveram a frieza necessária e estavam bem fisicamente, tinham um grupo muito forte e conseguiram-me alcançar nos últimos dois quilómetros. Deixei tudo na estrada, mas eles também devem ter deixado para me apanharem!"

"A Efapel e a W52-FC Porto foram as únicas equipas que praticaram ciclismo, as únicas que atacaram a corrida"

Apesar do objectivo principal não ter sido cumprido, Joni Brandão diz que não esquecerá esta Volta a Portugal. "E não é apenas por causa dessa etapa", salientou. O ciclista só teve elogios para os seus colegas. "Esta equipa esteve unida do primeiro ao último dia. Quantos mais dias passavam, mais unidos estavamos. É incrível", referiu considerando que os resultados alcançados são um balanço ainda assim positivo: duas vitórias de etapa, por Daniel Mestre, terceiro lugar por equipas, o seu segundo posto no prólogo e terceiro na Senhora da Graça e ainda algumas vitórias por equipas em etapas.

"Não conseguimos fazer pódio, mas fizemos tudo para lá estar. A Efapel e a W52-FC Porto foram as únicas equipas que praticaram ciclismo, as únicas que atacaram a corrida", afirmou, terminando com os parabéns ao vencedor Rui Vinhas.

»»Loucura? Heroísmo? Não, é pura determinação««

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