24 de agosto de 2016

"Todos os gregários deviam ter um momento de glória como eu tive"


Foram precisos uns dias para Rui Vinhas cair em si depois da surpreendente conquista da Volta a Portugal. Mas agora o ciclista da W52-FC Porto diz que "é bonito olhar para o troféu, e recordar os momentos" que passou. "Aqueles primeiros dias foram de fortes emoções, não se tem bem a noção da realidade", confessou ao Volta ao Ciclismo, realçando que nunca tinha pensado "em ganhar aquele troféu". Depois de anos como gregário, a trabalhar para os outros, o homem do Sobrado salienta que "foi a melhor recompensa" que teve na carreira. "Todos os gregários deviam ter um momento de glória como eu tive", afirmou.

A nível profissional, em certos aspectos, continua tudo igual para Rui Vinhas (29 anos), que disse que "estará sempre às ordens da equipa e respeitará o líder". "Mesmo com a camisola amarela, se fosse preciso puxar um colega, fá-lo-ia sem a menor dúvida", referiu, mostrando aquela humildade que acompanhou o seu discurso durante a Volta a Portugal. Porém, o ciclista destacou que terá outra motivação: "Vou trabalhar para conseguir mais vitórias." E acrescenta: "A equipa seguramente vai exigir-me disputar outras corridas."

Para já, aproxima-se o final de temporada com os habituais circuitos e Rui Vinhas, que não consegue parar de sorrir, recordou a recepção no Sobrado, terra da equipa, mas também a sua. "Já tinha passado por isso, mas este ano foi algo de extraordinário... com a camisola amarela... com as pessoas a aplaudir..." Sem esconder alguma emoção na voz, o ciclista contou que a vida mudou muito, numa perspectiva de agora ser reconhecido, dando o exemplo que desde a vitória, quando vai treinar é muitas vezes abordado por pessoas que o querem saudar. "Tem sido fantástico", desabafou, recordando ainda a presença no Estádio do Dragão. "Foi algo espectacular estar ali em frente de milhares de pessoas a aplaudir."

"Ele [Gustavo Veloso] respeitou-me sempre. Foi difícil de digerir, mas depois deu-me os parabéns e fomos comemorar"

Rui Vinhas no contra-relógio final da Volta a Portugal, em Lisboa
A alegria de Rui Vinhas foi a tristeza de Gustavo Veloso, o líder da W52-FC Porto, que procurava a terceira vitória consecutiva na Volta a Portugal. "Ele respeitou-me sempre. Foi difícil de digerir, mas depois deu-me os parabéns e fomos comemorar", contou, mostrando-se compreensivo com o estado de espírito do galego: "Trabalhou bastante para ganhar e depois perdeu para um colega de equipa..." No entanto, não há problemas de relacionamento entre os dois ciclistas, garantiu.

Quanto ao seu futuro, Rui Vinhas espera que passe por continuar na W52-FC Porto. "Ainda não falámos nada. Esta é uma equipa muito unida, que faz o meu género", frisou. Porém, afirmou que "à partida tudo indica" que irá manter-se na formação do Sobrado.

»»As conversas dos "entendidos" até à superação final de Rui Vinhas««

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