1 de agosto de 2016

Poderá Rui Vinhas vencer a Volta a Portugal? Ou Gustavo Veloso não vai deixar?

Gustavo Veloso carrega aos ombros Rui Vinha. Até onde irá o apoio?
(Fotografia: Volta a Portugal)
Não era bem esta a situação aguardada na chegada ao dia de descanso. Poderia-se pensar em vários cenários. Todos incluíam Gustavo Veloso, a maioria Joni Brandão e Alejandro Marque, alguns Amaro Antunes ou Rinaldo Nocentini, eventualmente até Rui Sousa, para quem é bastante optimista. Ninguém duvidaria que a W52-FC Porto dominaria e que a Efapel seria a única equipa a estar mais próxima. Ainda assim, Rui Vinhas de amarelo e com uma real hipótese de ganhar a Volta a Portugal... não, essa hipótese não entrava nos cenários. Em nenhum!

Mas vamos dar todo o mérito a Rui Vinhas, que soube aproveitar a oportunidade que lhe caiu do céu. Ele não tem culpa que as restantes equipas tenham entrado em autênticas birras de quem deveria perseguir a fuga. Vinhas, tem 29 anos, e não lhe falta experiência nas estradas nacionais. Viu uma oportunidade e agarrou-a e está a defendê-la de tal forma que até Gustavo Veloso tem razões para começar a ficar preocupado na procura do tri.

Grande defesa na Senhora da Graça

Infelizmente não foi possível escrever ontem sobre a excelente etapa que foi na Senhora da Graça, mas há alguns pontos que convém sublinhar. Joni Brandão (Efapel) está bem. O ciclista de Santa Maria da Feira está com uma postura atacante, como só poderia ser, no entanto, faltava-lhe pelo menos um apoio. É que se Joni está bem... Gustavo Veloso está novamente sensacional.

O galego parece que simplesmente faz o que lhe apetece. Se quer a meta volante, vai buscar bonificações às metas volantes, se quer apenas responder a ataques, assim o faz e na Senhora da Graça quando atacou, deixou um desamparado Joni Brandão a sentir a Volta a Portugal a voltar a fugir-lhe, já para não falar de ter destruído o sonho de Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista) em conquistar a mítica subida. Não fosse Rui Vinhas e não haveria dúvidas: esta Volta estaria praticamente entregue, em condições normais.

Enquanto as restantes equipas portuguesas fazem o que podem, com a Efapel e recusar atirar já a toalha ao chão, pelo menos antes da etapa na Torre, na quarta-feira, não deixa de ser curioso que a emoção da Volta a Portugal seja dada pela W52-FC Porto. Rui Vinhas não vai deixar escapar aquela amarela sem dar luta. Custa acreditar que Nuno Ribeiro dê ordens para que seja Gustavo Veloso o vencedor. O certo é que o discurso do galego de que vai ajudar o companheiro não convence ninguém. Aliás, já esta segunda-feira, Veloso tentou ganhar mais alguns segundos e será de esperar que ataque com tudo na Torre. Rui Vinhas mantém a humildade, reiterando quem é o líder. Porém, também é difícil acreditar que não pense em ganhar a Volta. Pode muito bem ser uma oportunidade única.

Será justo pedir a Rui Vinhas - que tem 2:45 de avanço sobre Veloso - que ajude o galego, quando a sua vantagem poderá muito bem provocar uma surpresa? Voltemos à Senhora da Graça. Veloso foi com Joni Brandão, mas Rui Vinhas ficou no grupo a apenas alguns segundos do duo e até chegou a forçar o andamento, minimizando perdas: apenas 35 segundos.



Um Vinhas com estilo de líder

Já na etapa entre Lamego e Viseu, Veloso foi às bonificações, mas Rui Vinhas mostrou-se quando Joni Brandão atacou na difícil subida em São Macário. Duas leituras: fez o seu trabalho de gregário de luxo (afinal está de amarelo, maior luxo é impossível) e respondeu para salvaguardar Veloso, ou simplesmente quis mostrar que também ele se sente bem e quer ir à luta, preocupando ainda mais Joni Brandão.

Todas as decisões podem acontecer na Torre

Não há chegada em alto, mas há duas passagens: primeiro pela Covilhã/ Penhas da Saúde/Torre e depois da descida é a vez de testar as pernas em Seia/Sabugueiro/Torre. Ainda haverá uma terceira categoria, mas o pior já terá passado. Se Rui Vinhas quiser mesmo levar esta luta até final, então terá aqui o seu mais importante teste da carreira. Não restarão dúvidas que Gustavo Veloso irá atacar, até porque Joni Brandão também o fará, pois será a última oportunidade para tentar reduzir seriamente os 3:02 minutos de desvantagem. Nos restantes dias, antes haverão dificuldades, mas é na Torre que se poderão fazer as grandes diferenças que os tempos actuais exigem para quem quer ganhar.
Será o tudo ou nada para Rui Vinhas que quer chegar a Lisboa com a amarela e de preferência com alguma vantagem, pois já se sabe que no contra-relógio Gustavo Veloso dificilmente dará hipótese ao colega da W52-FC Porto.

As desilusões

Alejandro Marque encabeça esta lista. Vencedor da Volta a Portugal em 2013, esperava-se muito mais do espanhol que este ano mudou-se para a LA Alumínios-Antarte, mas neste momento já está a 4:48 minutos e fora do top dez.

Segue-se Rinaldo Nocentini e o Sporting-Tavira. Toda a atribulação que levou à constituição da equipa para esta temporada não ajudou. O conjunto acaba por se resumir ao italiano que aqui e ali se vai mostrando - já sofreu uma queda aparatosa - e em Viseu até sprintou. Parece que uma vitória numa etapa é o máximo que a equipa algarvia poderá almejar.

Já se sabia que a Caja Rural estava na Volta a Portugal para preparar a Vuelta, mas ainda assim aguardava-se um pouco mais de animação, principalmente para quem trouxe três portugueses. José Gonçalves tem estado mais em activo, Domingos já desistiu e Ricardo Vilela vai fazendo calmamente a sua corrida estando no top 15.

Um animador colombiano
Wilson Diaz já terá ganho alguns fãs em Portugal. O colombiano, da equipa brasileira Funvic-Soul Cycles-Carrefour, tornou-se famoso quando em Braga festejou a vitória antes de tempo: ainda faltava uma voltinha ao Sameiro. Mas não se pense que se ressentiu de uma possível humilhação, Wilson tem andado constantemente ao ataque e quer conquistar a classificação da montanha, que por agora lidera. Vamos ver como recupera da queda desta segunda-feira que o deixou bem marcado no corpo, a começar pelo rosto (ver fotografia).

A quinta etapa, que ligou Lamego e Viseu (153,2 quilómetros), foi decidida ao sprint, com o espanhol do Louletano-Hospital de Loulé, Vicente de Mateos, a ser o mais forte.



Veja a classificação da Volta a Portugal após a quinta etapa.

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