25 de agosto de 2016

O pedalar de raiva de Simon Yates

Simon Yates tem novamente razões para sorrir (Fotografia: Twitter @ORICA_BE)
Simon Yates ganhou a sexta etapa da Vuelta, a sua primeira numa grande volta e a sua primeira no World Tour. É por aqui que se deveria começar e continuar o texto, dada a espectacularidade com que o fez. Mas inevitavelmente tem de se referir que este triunfo segue-se após um castigo de quatro meses por doping que o tirou da Volta a França e principalmente manchou-lhe uma reputação que merecia manter-se como um dos britânicos de grande futuro e não de um ciclista talentoso, mas já apanhado no doping.

Foi a terbutalina e um médico que tramaram Yates, segundo a Orica-BikeExchange (na altura ainda Orica-GreenEdge). Um esquecimento de revelar que o ciclista estava a tomar um medicamento com a substância proibida deu a fama errada a Yates. Como é que ele reagiu? Quando regressou à competição, começou de imediato a somar bons resultados. Um pedalar de raiva por um deslize idiota (a fazer fé que é verdade) que lhe irá marcar a carreira e que até deixou o irmão, Adam, furioso, precisamente pela fama que dá a um atleta. Em provas de um dia em Espanha, Simon ganhou uma, foi segundo noutra, foi sétimo em San Sebastian, quarto na Volta a Burgos e agora aí está, o grande triunfo: uma etapa na Volta a Espanha. Em 2015 já tinha conseguido top dez no Critérium du Dauphiné, Volta ao País Basco e Volta à Romandia.

Podemos referir o doping, mas o que temos mesmo de salientar é que a etapa desta quinta-feira foi um excelente triunfo, conquistado com autoridade, num daqueles arranques que parece que meteu a quinta, enquanto todos os outros não conseguiram passar da terceira. É este o Simon Yates que tão bem começou a temporada com um sétimo lugar no Paris-Nice. É este o Simon Yates que, aos 24 anos, é visto como a nova geração britânica nas grandes voltas, ao lado do irmão gémeo Adam, quarto este ano no Tour.

Faltavam cerca de quatro quilómetros para a meta, em Luintra/Ribeira Sacra, quando Simon Yates respondeu a um ataque de Daniel Moreno (Movistar) e não mais parou, apanhando quem restava de uma fuga que chegou a incluir o campeão nacional José Mendes (Bora-Argon 18), que continua a ser o melhor português a 2:51 da liderança (21º).

Aquela pedalada de Yates não deixava enganar: estava ali para ganhar. Mais do que isso, mostrou que a Orica-BikeExchange soube escolher ciclistas ideais e demorar o tempo necessário para os preparar e atacar uma grande volta, depois de no início ter sido uma equipa mais dedicada a provas de um dia ou de etapas. Os irmãos Yates foram evoluindo desde que chegaram à Orica em 2014. Dois bons trepadores que em 2016 confirmam a aposta feita neles pela equipa australiana e que certamente os quererá em grande no próximo ano no ataque à Volta a França.

Em Espanha até se poderia que Yates tem a sua volta feita, mas o britânico entrou no top dez e mais importante, poderá ser um aliado de luxo para Johan Esteban Chaves no ataque à vitória da Vuelta.

A subida de Yates foi a única mudança no top dez. John Darwin Atapuma continua a viver um sonho na liderança, com a BMC a tentar controlar enquanto for possível, pois ainda antes do dia de descanso (terça-feira), há muita montanha para testar tanto Atapuma, como Samuel Sánchez.

»»A noção que ganhou uma fama indesejada««

Etapa 7: Maceda - Puebla de Sanabria (158,5 quilómetros)
A primeira semana de Vuelta termina, naturalmente, com muito sobe e desce. Três terceiras categorias esperam o pelotão. É o adeus à zona da Galiza e a chegada a Castela e Leão. Será uma etapa que poderá terminar com a vitória de uma fuga.


Resumen - Etapa 6 (Monforte de Lemos / Luintra... por la_vuelta

Veja o resultado da etapa entre Monforte de Lemos e Luintra/Ribeira Sacra (163,2 quilómetros) e as classificações da Volta a Espanha.

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